Catarina Mina: o valor da tradição para um Design mais colaborativo
A marca cearense Catarina Mina, nascida sob o preceito de valorização da cultura local muito forte no estado do Ceará e na capital Fortaleza, trabalha trazendo um design moderno para suas peças artesanais utilizando diferentes técnicas de artesanato, principalmente crochê, assim como prezando por uma produção sustentável. Celina Hissa, publicitária e designer, diretora criativa e fundadora da Catarina Mina luta para conquistar o reconhecimento das artesãs colaboradoras da marca, visando o empoderamento feminino dentro do mercado de trabalho.
O mercado atual da moda é tomado por um sistema de coleções que chegam às lojas semanalmente, com qualidade quase sempre deixando a desejar para que haja um descarte rápido trazendo novamente a necessidade pelo novo. O fast-fashion condicionou um comportamento de consumo desenfreado, que não prioriza qualidade, originalidade e sustentabilidade, apenas consumir.
Na contramão do fast-fashion, vem crescendo um movimento cada vez mais forte, o slow-fashion, que diferente do primeiro, busca uma maior valorização de produtos dentro do mercado da moda, visando muito além de tendências e quantidade. O slow-fashion preza a qualidade e a responsabilidade socioambiental, trazendo um novo modelo de consumidor muito mais consciente e uma quebra neste ciclo repetitivo da moda rápida.
A manualidade presente na produção de artigos de moda, como por exemplo, os acessórios feitos utilizando técnicas de crochê da Catarina Mina, cria uma aproximação muito maior do consumidor com o produto. Há exclusividade e personalidade em cada peça, já que mesmo sendo feita com os mesmos pontos e modelagem, “as mãos humanas não reproduzem da mesma forma” como dito na pauta sobre o Handmade Contemporâneo publicada na Revista Catarina. Ao contrário da produção feita por máquinas, no processo manual há sentimento e história.
História essa que se iniciou por volta de 2007, contada através do trabalho de cerca de 30 artesãs colaboradoras, colocando em cada peça sua personalidade e a tradição da técnica manual aliadas ao design desenvolvido pela criativa designer. A produção ocorre na casa das próprias colaboradoras, divididas em 3 polos principais; Fortaleza, Itaitinga e Aracatiaçu. Os produtos também são exportados para o Reino Unido e EUA, e também estão presentes em feiras de design em Berlim, Paris e NY. Além disso, a empresa já trabalhou em parceria com outras grandes marcar como Le Lis Blanc, Maria Filó, Água de Coco e Osklen. Em 2015, Catarina Mina foi agraciada pelo prêmio Vogue Brasil/Ecoera e em 2016 recebeu o prêmio Brasil Criativo pela 3M.
De acordo com a própria marca, “Acreditamos numa moda diferente, uma moda focada em quem produz, e que concentra seus esforços em questionar, repensar, refletir e tomar decisões levando em consideração um coletivo. Uma moda que se sustenta em um futuro de colaboração muito mais que de disputa”. Dessa forma se dá o diálogo entre design e tradição manual, uma relação que traz infinitos benefícios socioeconômicos para o coletivo e em específico as mulheres, que mostram sua força através da arte do artesanato.
Mesmo que esse sistema colaborativo entre a designer e as artesãs funcione muito bem para a marca Catarina Mina, não é sempre esta situação que vemos em algumas marcas que trazem o handmade em seu processo de produção. Pois, este resgate das tradições através do design deve valorizar tanto o produto como também as mãos que o produzem, de maneira justa e transparente, visando o benefício de todos os envolvidos.
REFERÊNCIAS
Catarina Mina. Disponível em: https://www.catarinamina.com/ Acesso em: 16 de Out. de 2019.
SALES, Mariana de Moraes. Handmade Contemporâneo. Disponível em: http://www.revistacatarina.com.br/handmade-contemporaneo/ Acesso em: 9 de Out. de 2019.
HESS, Francieli. Feito à Mão — 5 marcas Brasileiras que estão transformando o conceito de tricô e crochê no país. Disponível em: https://fashionbubbles.com/trabalhos-artesanais/feito-a-mao-5-marcas-brasileiras-que-estao-transformando-o-conceito-de-trico-e-croche-no-pais/ Acesso em 16 de Out. de 2019.
