BEN: design emocional

Camila Valle
Trend-In
Published in
3 min readOct 31, 2017

Afinal, o que é valor quando se trata de moda? A magia do valor percebido pelo cliente em um produto ou marca gera a fidelização, quando este percebe a compensação independente do esforço físico, financeiro ou mental para adquirir o produto e passa a ver a marca com outros olhos. Isso faz com que o cliente compre ou apoie a marca quase que de “olhos fechados”.

Cada vez mais, as marcas estão buscando novas maneiras de aumentar o valor percebido de seus produtos, uma delas, em ascensão, é o Design Emocional. As emoções tem um papel essencial na maneira em que interpretamos o mundo e as coisas. Segundo Don Norman, existem três níveis de design:

  • Nível Viceral: Subconsciente e relacionado ao instinto, muitas vezes fora do nosso controle, iniciado pela verificação sensorial inicial da experiência, é imediata a atração pela beleza, organização e aversão ao feio e desorganizado.
  • Nível Comportamental: É subconsciente e automático, tem relação com a facilidade de manuseio do produto, o prazer de usá-lo e a possibilidade de realizar a tarefa sem interrupções. Logo, conta a usabilidade, eficácia e compreensão de uso.
  • Nível Reflexivo: É o superego, experiência de associação e familiaridade, refletir os sentimentos sobre a utilização do produto, imaginar como nos enxergam, de que forma o produto ajuda na construção da personalidade e na imagem desejada. Nível com relação direta ao status social.
Don Norman no TED, em 2003.

Um exemplo de aplicação do Design Emocional é a BEN 012345678910, uma marca agênero que nasceu do desejo de experimentar, em um mesmo projeto, processos artesanais e tecnológicos com trânsito entre a moda e a arte. A marca busca, através das roupas, a materialização do universo onírico e carregado de memórias, são inspirados pelo mundo dos sonhos, o lúdico, os autômatos, os limiares entre real e fantasia, estar dormindo e acordado, ser criança e adulto e as lembranças da infância.

BEN, Coleção 2.

Onde estão suas lembranças? Qual momento de sua vida estará no último piscar? Quais imagens te acompanham enquanto você cruza o mundo? Onde você carrega seus sonhos?

BEN, Coleção 3.

Para Leandro Benites, o criador da marca, responder essas perguntas os leva a imaginar maneiras de dar forma àquilo que não é visível, que os move e dá vida. As roupas são uma síntese de formas simples para expressar o mundo interior de cada um, e o processo criativo, uma viagem de descobertas e trocas com o outro.

BEN, Coleção 1.

Muito mais do que vestir pessoas, a BEN cria um espaço de mundos diversos, em que o cliente pode viver experiências únicas e suspender o tempo, que mantém tão distantes as lembranças mais preciosas. Ultrapassando, também, os limites do nível viceral do design, muito além da aparência exterior, as peças da marca envolvem o público com suas histórias e memórias, chegando ao nível reflexivo do design, em que a relação cliente-produto é profunda, de familiaridade e sentimentos.

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