GUARDA-ROUPA COMPARTILHADO — INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL
A indústria da moda e vestuário é uma das que mais gera empregos no cenário mundial, sendo a terceira atividade econômica em termos de geração de renda e movimentações financeiras (BERLIM, 2012); por outro lado, também é uma das indústrias que mais gera lixo, o que muitas vezes poderia ser evitado. Além desse descaso com a consciência ambiental na dispersão de lixo, inúmeras são as marcas de moda que seguem o ritmo das fast fashion, moda de mudanças rápidas, seguindo tendências, em alta escala produtiva, focada no consumo de massa. Sendo assim, as roupas são descartadas porque não têm durabilidade e por estarem “fora da moda”.
Em reação à fast fashion, surgiu a slow fashion — termo cunhado por volta do ano de 2004, em Londres, por Angela Murrills, uma escritora de moda da revista de notícias on-line Georgia Straight. — A slow fashion promove a produção com menor impacto ambiental, o que não significa necessariamente baixar a produtividade, mas melhorá-la, pensando na qualidade do produto final, o que torna o processo amigo do meio ambiente (BLACK, 2008; LIVNI, 2011).
Estamos em um momento climático difícil, acompanhamos muitos desastres, consumo desenfreado, como mostra o documentário UNRAVEL. O assunto está forte na mídia e as marcas estão tendo que se virar para atender essa demanda, pois as pessoas estão mais conscientes do que tem acontecido no mundo, mais engajadas politicamente e despertaram para o fato de que a gente pode fazer a diferença.
Juntamente com os movimentos sustentáveis, uma nova forma de pensar que surgiu nos Estados Unidos em 2009 também está ganhando força no Brasil. Essa tendência é o “guarda-roupa compartilhado”, um modo de economia colaborativa com o objetivo de provocar o consumo inteligente e consciente, de um jeito simples. O guarda-roupa compartilhado funciona pelo sistema de assinatura, onde você escolhe entre as opções disponibilizadas pela empresa e mensalmente tem acesso a todo acervo do serviço. Você pode usar as peças e acessórios escolhidos pelo prazo estipulado e então devolvê-los para serem lavados ou higienizados para estarem disponíveis para outra pessoa utilizar.
O grande questionamento do serviço é: “Se já existe roupa linda, nova e pronta, então por que precisamos comprar tudo o tempo todo de novo se podemos simplesmente, USAR?!”. Seu objetivo é mudar o comportamento de compra do consumidor.
Algumas marcas como a Roupateca, Amiga, me empresta?, Use, Blimo, Lucid Bag já estão trabalhando em algumas cidades do brasil com esse serviço de “biblioteca de roupas” e dizem que a aceitação do público tem sido positiva. Como diz Luciana Nunes — proprietária da Lucid Bag — para o blog Use sem fronteiras: “Hoje, temos por volta de 25 a 30 assinantes em cada local. As pessoas não conhecem, mas a recepção tem sido maravilhosa, todo mundo tem gostado muito, as meninas que são assinantes são realmente pessoas assíduas da comunidade, estão sempre nos nossos guarda-roupas.”Daniela Ribeiro, uma das sócias da Roupateca também relata: “De modo geral, as pessoas demoram para entender o conceito da empresa, mas o mundo do compartilhamento cresce cada vez mais”.
Estes projetos são caracterizados por inovação sustentável e isto é uma tendência que, com certeza, veio para ficar. Dando a oportunidade de aproximar e acessibilizar iniciativas e marcas mais justas, inclusivas, ecológicas e sustentáveis em moda, unindo pessoas que se interessam em vestir e apoiar o que acreditam e admiram. Diminuindo o consumo desenfreado e conscientizando o público do consumo consciente e ainda assim, podendo consumir moda de maneira inteligente!
FONTES:
LUCID Bag: conheça o guarda-roupa compartilhado. [S. l.], 2019. Disponível em: https://www.eusemfronteiras.com.br/lucid-bag-conheca-o-guarda-roupa-compartilhado/. Acesso em: 22 out. 2019.
MODA SEM CRISE: QUE TAL INVESTIR EM UM GUARDA-ROUPA COMPARTILHADO?. [S. l.], 2019. Disponível em: http://modasemcrise.com.br/que-tal-investir-em-um-guarda-roupa-compartilhado/. Acesso em: 22 out. 2019.
COMPORTAMENTO do consumidor : atributos determinantes para consumidores conscientes na compra de artigos de moda. In: Comportamento do consumidor Consumo consciente Moda. [S. l.], 2015. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/130651. Acesso em: 22 out. 2019.
