O "Boom" dos Brechós no Brasil
A provável origem do termo “brechó” vem do século XIX, quando um vendedor ambulante chamado Belchior ficou conhecido por vender roupas e objetos de segunda mão no Rio de Janeiro. Com o tempo, seu nome se transformou em “Brechó”, designando uma loja de artigos usados, principalmente roupas, calçados, bolsas, bijuterias e até mesmo objetos de arte. Estas lojas são muito populares na Europa, Estados Unidos e nos últimos anos vêm ganhando espaço no mercado brasileiro.
Como em toda cultura existe uma contra cultura: hoje vivemos em uma sociedades extremamente consumista onde o FOMO — fear of missing out controla a vida de milhares de pessoas. Assim, as fast fashions lançam coleções semanalmente e as tendências cada vez mais passageiras acabam estimulando o consumo exagerado e insustentável. Por outro lado, há a necessidade de escolhas mais sustentáveis e mais pessoas estão aderindo à este estilo de vida, o que força o mercado a se adequar às demandas e exigências deste público.
Há alguns anos, os brechós eram vistos com maus olhos pelo público brasileiro. Porém, atualmente, o preconceito foi deixado de lado abrindo espaço para um nicho de mercado onde peças vintages e únicas são valorizadas por conta das tendências de moda atuais e a experiência de consumo, na qual o prazer do garimpo e o valor de conquista do consumidor reside em achar peças exclusivas e estilosas.
Uma pesquisa feita pelo Sebrae, mostrou que entre 2007 e 2012 o número de lojas que vendem artigos usados cresceu 210% no Brasil. Acredita-se que o principal motivo seja a consciência ambiental, mas a modernização dos espaços, preços acessíveis e uma forma de recuperar parte do dinheiro gasto com a compra de roupas novas tenham sido importantes para que o consumidor passasse a adquirir mais produtos de segunda mão.
O crescimento dos produtos de segunda mão é tão significativo que brechós tradicionais estão iniciando suas vendas também no e-commerce. Sites especializados nesse tipo de produto prezam pelo design, marca, experiência de consumo, qualidade e curadoria do acervo. Um dos grandes sites de produtos usados no Brasil é o site Enjoei no qual o usuário cria sua própria loja virtual para comercializar, além de comprar peças de outros usuários.
Por conta do consumismo excessivo nas últimas décadas gerou-se uma necessidade de uma consciência ecológica sem deixar de lado o benefício econômico, fazendo com que os brechós se popularizassem entre todas as classes sociais.
Do jeito que este mercado está evoluindo, será que um dia teremos brechós no shopping center? Ou uma shopping center apenas de brechós?
