Sarcasmo na moda: o niilismo voltou!
Dentre as décadas de 1970 e 1980 os Punks questionaram os excessos da sociedade, manifestando nas roupas seus pensamentos e ideologias. O visual desta subcultura, expressava individualidade, agressividade e rebeldia, mas principalmente a liberdade de expressão e do “poder ser”, ignorando as frequentes críticas sociais quanto ao comportamento. Como uma vertente dessa subcultura, surgiu o “punk niilista”, caracterizado pelo sarcasmo, identificado inicialmente pelo slogan “No Future” da música “God Save the Queen” dos Sex Pistols. O Niilismo consiste de uma filosofia radical, que defende a visão cética quanto à princípios políticos, religiosos e sociais. No punk, o niilismo era expressado pelo aspecto autodestrutivo. Mas o que o traz de volta?
Discussões sobre o comportamento sempre foram pauta, mas ganharam destaque com a popularização do feminismo na última década. Regras sociais, cobranças, estereótipos e críticas aprisionam o indivíduo pois limitam a expressividade, a individualidade e sobretudo a liberdade. Sabe-se que as mulheres são constantemente criticadas, envoltas em estereótipos de gênero, exemplificadas pelas representações ridículas feitas no filme “Meninas Malvadas” de Mark Waters. Combater fogo com fogo é uma saída inteligente para quem é alvo de um bombardeiro.
Desde o nascimento somos incessantemente avaliados e julgados, muitas vezes sem fundamentos. A maioria das críticas geralmente se relacionam ao modo como nos vestimos e nos comportamos. Independente de quaisquer que sejam nossas escolhas, sempre seremos julgados, humilhados e expostos em algum momento. No livro “As Crônicas de Gelo de Fogo”, George R. R. Martin, autor do livro, através do personagem Tyrion Lannister ele diz: “Nunca se esqueça de quem é, porque é certo que o mundo não se esquecerá. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para magoá-lo.”.
O segredo do sarcasmo social é ser tão agressivo quanto o agressor, porém não violento. A reação se dá assim que se assume o insulto que lhe é atribuído. Diante dessa ideia, começaram a surgir indícios da volta do niilismo, porém desta vez ligado ao papel social da mulher. Satirizando as agressões e os estereótipos de gênero, em busca de retrucar a opressão da sociedade, um bom exemplo prático desse protesto é o movimento Marcha das Vadias.
Pode-se entender que essa tendência faz parte do “Novo Punk”, uma vez que une ideais feministas de forma a manifestar-se contra à sociedade. As peças de roupa apresentam muitos elementos que são estereótipos do feminino, como a cor rosa, a boneca Barbie e as formas de coração. Também é possível observar que o manifesto é feito principalmente por meio da palavra, com frases impactantes, ou ainda acompanhada de ofensas autodestrutivas como xingamentos sexistas. As imagens abaixo resumem muito bem esse posicionamento.
