CPTM propõe flexibilização no funcionamento das linhas
Em encontro com atual o diretor-presidente, Pedro Moro, nova estratégia foi revelada
Série especial
Em 06/04/2019 a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) realizou uma segunda edição do encontro com veículos de jornalismo especializado, blogues e influenciadores digitais. O COMMU esteve presente e compartilha os detalhes do encontro por meio de uma série especial. Clique aqui para conferir todos os artigos da série já publicados até o momento.
Pirituba pode contar com serviço expresso até a Barra Funda
Citando como exemplo o aumento dos horários do serviço Connect da Linha 13-Jade (Engenheiro Goulart-Aeroporto) que permite chegar nas estações Brás e Tatuapé por meio de compartilhamento de trilhos com a Linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana), Pedro Moro revelou durante o encontro que está em estudo um novo serviço entre as estações Pirituba e Palmeiras·Barra Funda.
Ainda não sabemos os detalhes, mas considerando as limitações atuais do mezanino e do plano de vias na região de Palmeiras·Barra Funda, sabemos que há pelo menos uma plataforma e uma via que acaba ficando ociosa, sendo utilizada para estacionar trens em algumas situações, incluindo trens que não pertencem à Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí). Como a Linha 7-Rubi possui uma via adicional que pode ser observada com relativa facilidade por quem passa por estações como Água Branca e Lapa, é possível apostar numa operação análoga ao Expresso Linha 10, citado na seção seguinte.
Provavelmente veremos um serviço mais direto em comparação com trens que prestam serviço entre as estações Pirituba e Luz (vide fotografia de capa), uma vez que a composição não deverá parar nas estações intermediárias devido à existência de plataformas apenas nas laterais, porém, justamente pelo caráter direto, o nível de conforto tende a ser maior, além da agilidade e conveniência, pois serão apenas duas aberturas de portas: uma durante a partida em Pirituba e outra durante a chegada na Barra Funda.
Cabe fazer um parênteses: a CPTM sempre contou com operações de serviços parciais, chamados no passado de loops operacionais, porém, o passageiro muitas vezes não tinha compreensão adequada da existência dos loops, pois a CPTM não possuía uma estratégia de comunicação a respeito. Considerando as falas do atual presidente durante o encontro, a estatal pode enfatizar a existência dos loops, ampliando o funcionamento e estabelecendo serviços entre linhas, quando for tecnicamente possível e existir demanda.
Ideia do Expresso Linha 10+ surgiu durante trabalhos na região da Estação Utinga
A Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) atende uma das regiões mais dinâmicas da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), passando pelo centro de importantes cidades do Grande ABC (oficialmente denominado Sub-região Sudeste), como Santo André, São Caetano do Sul e Mauá, conectando um grande parque de equipamentos privados e públicos. Este dinamismo, porém, esbarra na ausência de uma maior oferta de lugares, com intervalos nem sempre compatíveis com a demanda, o que resulta em superlotação e dificuldade para embarque e desembarque, uma vez que parte da frota da Linha 10 é composta por trens de seis carros com apenas dois pares de portas largas — atualmente, a CPTM adota trens com quatro pares de portas e oito carros, que apesar de não serem tão largas, funcionam bem melhor.
Segundo Pedro Moro, dando continuidade à experiência do Expresso Linha 10, que oferece um serviço expresso unidirecional durante os picos (as viagens são oferecidas no sentido de maior demanda) entre as estações Tamanduateí e Prefeito Celso Daniel·Santo André, a Companhia decidiu oferecer um segundo serviço expresso, que vai operar apenas aos finais de semana devido às limitações da Estação Luz, batizado de Expresso Linha 10+.
A ideia, conta Pedro, surgiu em conversa com Luiz Eduardo Argenton, atual diretor de operação e manutenção, durante o acompanhamento dos trabalhos de manutenção na região da Estação Utinga, que foi especialmente afetada durante as chuvas do início do mês de março. A observação in loco do comportamento da demanda de passageiros parece ter sido um fator fundamental para decisão, que busca consolidar uma nova visão estratégica para a CPTM, que tem sido colocada em prática nos últimos 90 dias.
Para o Diário do Transporte, o Expresso Linha 10+ funcionou bem no primeiro dia, cravando 21 minutos para viajar entre as estações Prefeito Celso Daniel·Santo André e Luz, porém, pecou pela ausência de informações. O COMMU também conferiu o serviço, fazendo uma viagem entre São Caetano do Sul e Santo André no trem que partiu da Luz às 13h, observando um tempo de viagem de 6 minutos e 30 segundos entre as duas estações, além de baixa demanda, o que é compreensível para um serviço ainda novo e em fase de consolidação.
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Linha 11-Coral e Mogi das Cruzes: oferta regular de viagens entre Luz e Estudantes não é paliativo, diz Pedro Moro
A respeito da Linha 11-Coral (Luz-Guaianazes-Estudantes), questionamos Pedro Moro se a CPTM não teme a funcionalização de Mogi das Cruzes como cidade-dormitório. Durante o encontro, argumentamos que o município, diferente de várias das cercanias atendidas pelas linhas da estatal, apresenta dinâmica econômica própria e potencial de expansão dos serviços, além disso, questionamos se os planos da Cia. mudaram, alterando o papel da Estação Suzano, que foi projetada para ser um grande hub de integração entre duas linhas e três serviços: (i) Suzano-Estudantes, Suzano-Luz e Suzano-Brás (este última via Linha 12-Safira).
Para Moro, o cenário ideal permanece sendo o dos planos anteriores: serviço entre Palmeiras·Barra Funda e Suzano com intervalo médio de 4 minutos nos picos, tendo ainda a opção da Linha 12-Safira em Suzano, enquanto Mogi das Cruzes seria atendida por uma extensão operacional (o passageiro se transferiria na Estação Suzano), no entanto, em vista das limitações atuais e da atual visão para a empresa, a CPTM decidiu:
- Capacitar o subsistema de energia da Linha 11-Coral para permitir a operação de mais e melhores trens;
- Implantar um elevador na Estação Luz para aumentar a capacidade de escoamento da plataforma central;
- Utilizar mais frequentemente um software de simulação de fluxo de pessoas, adquirido quando da realização da Copa, em 2014 — para Pedro, a combinação elevador e escadas fixas funciona melhor, porque escadas rolantes possuem menor capacidade, sendo questionáveis quando são usadas para descida se há a presença de um elevador;
- Oferecer dois serviços para tentar extrair a melhor relação entre a infraestrutura disponível a capacidade de oferta — Pedro alegou que as obras de readequação foram paralisadas devido à queda na arrecadação.
Pedro prevê que a operação intercalada Luz-Guaianazes/Luz-Estudantes será divulgada ao público e mídia hegemônica na segunda-feira, 8, com as viagens iniciando a partir da terça-feira, 9. O diretor-presidente confirma que o sistema de sinalização do trecho Guaianazes-Estudantes permite intervalos de até 6 minutos, quando o cenário ideal exige 4 minutos, ou, ainda mais idealmente, um pouco menos (Pedro não disse quanto), o que acaba sendo inviabilizado no trecho Luz-Guaianazes devido às limitações de capacidade da Estação Luz, que serão mitigadas com o novo elevador e a transferência do final da Linha 11-Coral para a Estação Palmeiras·Barra Funda.
Ao ser questionado pelo COMMU se o cenário que entrará em vigor na terça-feira é um paliativo, Moro recusou a classificação, reiterando que é preciso pensar o atendimento da CPTM sem ficar preso numa ideia de operação de linha, além de salientar que para chegar no cenário ideal, a CPTM precisa comprar mais trens.
Como opinamos anteriormente, poder viajar entre Luz e Estudantes no horário de vale é, definitivamente, um alento. A elevada demanda da Linha 11-Coral torna a transferência em Guaianazes um estresse constante, mesmo fora dos picos. Pedro Moro, inclusive, considera que a baldeação na periferia expandida de São Paulo é desumana.
Com relação ao nosso apontamento sobre a oportunidade para expansão dentro de Mogi das Cruzes, não identificamos uma negativa por parte da presidência, mas fica evidente que a CPTM está amarrada pela paralisação de obras importantíssimas, como as que modernizariam os sistemas de controle dos trens. Em respeito às limitações de tempo e demais presentes, não avançamos em relação à expansão da Linha 11-Coral no Alto Tietê.
Finalmente, os atuais passos da CPTM demonstram na prática que a ideia original do Expresso Leste, apesar de ter sido enfraquecida, em vista da complexidade da demanda, continua importante em relação ao atendimento expresso paralelo à Linha 3-Vermelha, permitindo estratégias envolvendo as linhas 11 e 3. Em mais de um momento durante o encontro, Moro afirmou que o diálogo e o relacionamento com a CMSP (Companhia do Metropolitano de São Paulo, abreviada oficialmente como METRÔ) melhorou nos últimos 90 dias.
por Caio César | colaborou Eduardo Ganança
