Segregação de cargueiros definirá futura competitividade de trem para Campinas
Com a segregação, fontes ouvidas garantem que não será preciso mesclar os serviços metropolitano e regional, a exemplo da nossa solução conciliadora. Entenda
Série especial
Entre os dias 03/09/2019 e 06/09/2019 a AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô) realizou sua vigésima quinta edição da Semana de Tecnologia Metroferroviária. O COMMU esteve presente a convite e compartilha impressões do evento por meio de uma série especial. Clique aqui para conferir todos os artigos da série já publicados até o momento.
Introdução
Conversas com pessoas do setor durante o evento apontam possibilidades mais flexíveis para a futura concessão da Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), entretanto, algumas condições são desejáveis ou até mesmo mandatórias, como veremos a seguir.
Segregação dos trens de carga
A segregação dos cargueiros da MRS Logística, concessionária de parte da hoje extinta e inventariada RFFSA (Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima) depende fundamentalmente da renovação antecipada da concessão. O governo estadual e as secretarias pertinentes ainda não possuem um detalhamento da dimensão das intervenções da concessionária, que poderá, por exemplo, solucionar o gargalo do túnel de Botujuru como contrapartida pela renovação antecipada.
Com a segregação, fontes ouvidas garantem que não será preciso mesclar os serviços metropolitano e regional, a exemplo da nossa “solução conciliadora”. Estima-se que uma solução como a proposta por nós exigiria 2h30 para uma viagem de ponta a ponta entre Campinas e a capital paulista, enquanto a segregação dos cargueiros viabilizaria a construção de uma terceira em conjunto com uma série de AMVs (aparelhos de mudança de via), permitindo viagens totalmente diretas e muito mais rápidas.
Pouca ou nenhuma imposição para a especificação e aquisição do material rodante
Fontes ouvidas argumentaram que a CPTM e o governo estadual sairão em desvantagem se engessarem excessivamente as especificações dos trens que poderão dividir espaço com os metropolitanos, no cenário hipotético de uma PPP (parceria público-privada) bem sucedida.
Entre as possibilidades que o mercado está considerando, estão trens-unidade híbridos, que funcionam, a grosso modo, de forma análoga a um BMW i3 com range extender, automóvel elétrico que utiliza um pequeno motor a gasolina para gerar energia quando a bateria começa a se esgotar: os regionais híbridos teriam pantógrafos para captação da energia nos trechos com rede aérea, bem como também contariam com um gerador diesel para tracionar o trem quando da ausência da rede.
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Conclusão
Como temos discutido ao longo dos últimos meses, ainda são muitas as incertezas sobre o TIC (trem intercidades), uma vez que as propostas da iniciativa privada não foram tornadas públicas. No caso das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú), sabemos pela Plataforma Digital de Parcerias que foram recebidas três propostas, mas pelo menos até a data de publicação deste artigo não era possível fazer o download dos documentos; no caso do TIC, não há qualquer menção sobre propostas recebidas, embora o processo de sondagem mercadológica tenha ocorrido durante três dias do mês de julho de 2019.
O processo de consulta do TIC atrelado à Linha 7-Rubi continua em andamento, mas a participação popular tem sido pouco estimulada, já que o formato de condução é muito discreto e parece ser voltado para grandes players do mercado, de forma que as maiores audiências públicas acontecerão quando todo o modelo de parceria já estiver decidido.
No momento estamos buscando meios de obter as propostas e já fizemos um apelo via Assembleia Legislativa. Pressione seu deputado ou sua deputada estadual sobre a sensibilidade do tema.
por Caio César | esteve presente Eduardo Ganança