Diário de Bordo #4: a despedida do Argo Trekking

Jacob Paes
Três e meio
Published in
4 min readNov 20, 2021
No balanço, mesmo em pouco tempo, o Argo Trekking deixa uma boa impressão. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

Parece que foi ontem que o Argo Trekking chegou em casa — e foi mesmo. Jamais pensei que ele daria adeus à minha garagem tão cedo, mas, depois de quase 11 meses, ele foi embora. Ainda com resquícios de carro novo e menos de 7 mil quilômetros rodados.

O motivo não tem nada a ver com o Argo em si. Aliás, se tem uma coisa que os posts desta seção deixam claro, é a qualidade do Argo Trekking como um carro prático, versátil e muito competente. Ao longo desses meses, ele encarou trânsito urbano, serras, rodovias vazias e cheias, estrada de terra e até uma trilha na Serra da Mantiqueira.

O Argo demonstra esmero nos detalhes — é fácil gostar de um carro assim. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

Ele fez tudo isso com desenvoltura. Nunca desapontou em conforto de rodagem, por exemplo, pois sua suspensão é muito bem calibrada, fazendo com que enfrentar asfalto esburacado nas ruas ao redor do escritório da empresa em que trabalho (mesmo não indo para lá todo dia) ou estrada de chão (para a chácara no interior de São Paulo em alguns fins de semana) fosse fácil.

Outro ponto de destaque foi o motor Firefly 1.3, com desempenho impressionantemente eficiente. Eu vinha de um Palio Sporting 1.6 e, no dia a dia, o Firefly não deixava a desejar em relação ao bloco maior. Sim, faltava uma dose de diversão quando eu queria uma tocada mais esportiva, mas isso era compensado por um consumo de combustível inimaginável com o motor E.torQ: eu cheguei a fazer mais de 19 km/L, rodando com gasolina na faixa dos 80 a 90 km/h, em um dia sem trânsito na rodovia! Em ciclo misto, a média variava em torno dos 13,5 km/L com gasolina.

Argo em trilha na Serra da Mantiqueira: uma aventura digna do sobrenome Trekking, encarada com muita disposição. (João Paes/Três e Meio Podcast)

Em termos de problemas, temos a ausência de porta-objetos (sempre me irritei com o meu celular balançando de lá para cá), a programação do pedal do acelerador (muito aberta no início e lenta demais depois, o que deixava a impressão de o carro demorar a deslanchar) e a chave (com a qual, é verdade, acabei me acostumando com o passar do tempo, mas que ainda assim parecia frágil e fazia barulho).

Para saber mais sobre a chegada do Argo, escute o episódio 28!

Não cheguei nem mesmo à primeira revisão, mas já previa apresentar algumas pautas à concessionária: um barulho no canto esquerdo do painel e outro no vidro da porta do motorista, coisas que começavam a me incomodar um pouco mais. O consumo de óleo do motor, tal como apontado pela Quatro Rodas na Strada do Longa Duração, de fato pareceu fora do normal uma ou duas vezes. Porém, como na medição seguinte o nível se readequava, não dei atenção a isso.

Tudo para dizer que, mesmo em suas falhas, o Argo Trekking era um modelo equilibrado. Nada grave ocorreu. Pelo contrário, foi fácil começar a gostar dele, mesmo vindo de um carro do qual sinto falta até hoje. Isso é um grande mérito para o hatch aventureiro, que, aliás, tal como o Palio Sporting fez com os esportivados, me ajudou a ver os "hatches altos" com outros olhos.

Clima de despedida foi em dia de tempo fechado, mas a lembrança será de um ótimo carro. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

Portanto, o Argo se despede em alta conta. Como já previa, não será uma despedida tão difícil como a anterior — afinal, nem tanto tempo tivemos para estabelecer uma relação mais profunda, diária como foi com o Palio (já que estive em home office esse tempo todo). Mas é evidente que não será fácil: tivemos algumas histórias fabulosas, que serão lembradas para sempre com cheirinho de carro novo.

Aliás, de carro novo e, acima de tudo, de carro gostoso de dirigir e muito eficiente. Obrigado pela jornada, Argo!

Computador de bordo

  • Período: janeiro-novembro de 2021.
  • Distância percorrida: 6.165 km.
  • Velocidade média: 36 km/h.
  • Consumo: 11,3 km/L (abastecido 50% do período com etanol e rodando sempre em circuito misto, inclusive com trechos em estrada de terra).
  • Ocorrências: chave com barulho estranho (100 km); barulhos no painel e no vidro da porta do motorista (5.000 km).

Sobre o Diário de bordo

Esta seção faz parte do conteúdo extra do Três e Meio, o podcast para quem gosta de carros da Fiat. Nela, acompanhamos os principais marcos da convivência de um Fiat Argo zero quilômetro com seu dono, relatando as experiências de compra, uso e manutenção do modelo.

--

--

Jacob Paes
Três e meio

Editor de livros, graduado em Produção Editorial e estudante de Letras/Italiano. No tempo livre, curte séries, filmes, carros e, claro, livros @tresemeiopodcast