CEO da Fiat confirma futuro de Strada, Argo, Pulse e Fastback — e diz que prefere 500 só elétrico

Jacob Paes
Três e meio
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5 min readMay 6, 2024
Nova geração do Fiat Pulse será global e derivada do novo Panda. (Divulgação)

Em entrevista ao Automotive News, Olivier François, CEO global das marcas Fiat e DS, além de CMO da Stellantis, confirmou detalhes dos planos da marca italiana e sua nova linha de carros globais, que será iniciada com o novo Panda na Europa e o novo Argo no Brasil.

O executivo ainda citou nominalmente modelos como Strada, Pulse e Fastback, mas deixou em aberto o futuro de Toro e Cronos. Além disso, também revelou o que a marca deve fazer com o 500, cujas vendas do modelo elétrico esfriaram e o modelo da geração anterior, híbrido, sairá de linha por não atender novas normas da União Europeia.

Veja a seguir os principais pontos da entrevista.

Olivier François aposta no Fiat 600 para segurar o volume de vendas da Fiat em 2024. (Divulgação)

Por que a Fiat vai voltar a ter modelos globais

Olivier François reforçou, mais uma vez, a importância das sinergias trazidas pela fusão da FCA com a PSA nos novos planos da Fiat. “A beleza da FCA era a complementaridade. A beleza da Stellantis está nas sinergias”, disse o CEO.

Segundo o executivo, a Fiat tinha dificuldade de encontrar outras marcas dentro do grupo com as quais compartilhar projetos e, assim, amortizar custos, em especial o de uma plataforma única que desse conta de projetos compactos para a Europa — algo que ele defendia, mas nunca conseguiu tirar do papel.

“Uma das dores envolvendo a marca Fiat na época da Fiat Chrysler é que era mais fácil, barato e rápido desenvolver carros na América do Sul, mas impensável contornar os custos de pesquisa e desenvolvimento na Europa, combinado ao fator de que a maior parte do dinheiro era demandada pelas marcas americanas”, disse François. Ou seja, basicamente o que afirmei no episódio 6 do podcast.

Citroën C3 emprestará a plataforma para a nova linha da Fiat. (Divulgação)

Agora, a situação é outra — e o executivo espera fazer com que a Fiat se destaque em três pontos dentro do grande portfólio de catorze marcas (e mais uma chinesa) da Stellantis.

Para ele, a primeira força da Fiat é o seu posicionamento, único entre as marcas generalistas, de alegria, simplicidade e estilo italiano dolce vita, sem perder o ótimo custo-benefício, que será útil na briga contra os chineses. Outro destaque é a liderança em grandes mercados, já que a Fiat é a marca mais vendida no Brasil, na Turquia e na Itália. O terceiro diferencial é a presença no segmento A, de carros subcompactos, no qual a marca continuará investindo com o atual Panda e o 500 (no Brasil, ainda há o Mobi).

Nova geração do Fiat Argo nascerá do mesmo projeto que dará origem ao novo Panda na Europa. (Divulgação)

Novos modelos para substituir Argo e Pulse

Olivier François disse que os novos carros da Fiat, antecipados pelos conceitos divulgados alguns meses atrás, não vão deixar a sensação de que os conceitos eram melhores, como costuma acontecer.

Isso porque, de acordo com ele, a Fiat fez o movimento contrário ao idealizá-los: em vez de imaginar uma folha em branco e colocar tudo aquilo que os designers sonham em um automóvel, a equipe teve como ponto de partida um carro de verdade, e só então adicionou “cabelo e maquiagem” para divulgá-los como conceitos.

“Os carros estão desenhados e prontos, todos eles, não apenas o próximo Panda”, disse François.

E quando vão ser lançados? Anteriormente, o CEO da Fiat havia afirmado que o primeiro carro seria revelado em 11 de julho deste ano e, em seguida, a marca apresentaria um novo modelo por ano até 2027.

Agora, ele afirma que essa continua sendo a ideia, mas que esse ciclo “não vai substituir os mesmos carros em todos os mercados”. Isso porque, como o próprio François citou, no Brasil temos uma gama bem mais recente do que na Europa.

Nova geração do Fiat Fastback será vendida na Europa e na Turquia, onde deve ocupar o espaço do Tipo. (Divulgação)

“Strada, Pulse, Argo e Fastback: são principalmente esses os carros que serão substituídos pelos conceitos do vídeo. Mas na Europa eu preciso substituir o Tipo e o Punto, e precisamos de alguns produtos mais familiares como o 500L”, declarou.

Como na Europa a oferta da Fiat de carros mais familiares está praticamente morta, para usar a mesma expressão de François, o CEO definiu como “urgente” lançar produtos que contemplem esse segmento, enquanto “na América do Sul o Fastback foi lançado há apenas pouco mais de um ano”.

É nesse ritmo de lançamentos que a equipe da Fiat trabalha agora, para equilibrar as novidades entre os dois lados do Atlântico.

Fiat Strada também vai virar um projeto global — agora, resta definir quando cada um dos modelos será lançado nos diferentes mercados. (Divulgação)

E o Fiat 500?

François ainda comentou os rumores de que o Fiat 500 elétrico poderia ganhar versões híbridas. Segundo ele, é algo que “provavelmente não vamos fazer”. O executivo disse que a Fiat gosta da ideia de manter o 500 apenas como elétrico, porque “faz sentido”.

Para compensar o volume — de mais de 100 mil carros por ano — que a marca vai perder após julho, com o fim de linha do 500 da geração anterior, François aposta em dois carros: o novo Panda e o Fiat 600.

Ainda assim, o 600 não decolou. Segundo François, as versões híbridas do modelo, que foram apresentadas no ano passado, ainda estão sendo lançadas e “isso deve aumentar os volumes e tornar o modelo mais conhecido” fora da Itália.

Se depender do CEO da Fiat, 500 elétrico permanecerá apenas elétrico. (Divulgação)

Por fim, o CEO da Fiat disse que a demanda pelo 500 elétrico estava indo bem, mas a política de incentivos do governo italiano — muito irregular — teve relação direta com o declínio das vendas mais recente. “É um pouco decepcionante, mas é fato que a demanda está intimamente ligada com os incentivos”, disse.

Um novo plano de incentivos foi implementado pelo governo da Itália, e François vê “muita oportunidade” para que o 500e volte a crescer com isso.

Para entender melhor a situação do 500e, ouça o episódio 70:

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Jacob Paes
Três e meio

Editor de livros, graduado em Produção Editorial e estudante de Letras/Italiano. No tempo livre, curte séries, filmes, carros e, claro, livros @tresemeiopodcast