Chefe da Fiat afirma: teremos, no Brasil, os mesmos carros da Europa

Jacob Paes
Três e meio
Published in
5 min readJun 28, 2022
Olivier François, CEO da Fiat, ao lado do Fiat 500 elétrico, em mensagem para o lançamento do modelo no Brasil. (Fiat/Divulgação)

Em entrevista à revista italiana Quattroruote, o CEO da marca Fiat e CMO da Stellantis, Olivier François, confirmou aquilo que já vinha sendo especulado em alguns episódios do Três e Meio desde a primeira temporada: muito em breve, voltaremos a ter projetos globais para a marca, ou seja, os mesmos carros que são vendidos na Europa também farão parte da gama brasileira.

Recentemente, o executivo já tinha dado a dica no próprio Instagram do Três e Meio, quando questionado por um internauta sobre por que o Fiat Pulse não está disponível na Itália.

Questionado sobre a venda do Pulse na Itália, o CEO da Fiat não se esquivou.

Na ocasião, François declarou:

A plataforma do Pulse infelizmente não pode ser
homologada e produzida na Europa. E também os motores brasileiros não respeitam as normas europeias de emissão de CO2. Mercados diferentes, regras diferentes. Isso vale também para Strada, Toro, Argo, Mobi e Fastback. Mas a partir de 2024, graças a um investimento em novas plataformas, todos os futuros modelos da Fiat serão válidos para ambos os mercados — e são tantas novidades chegando!

Agora, na entrevista à revista italiana, o chefão da Fiat reforçou a ideia de fazer com que a nova gama da marca seja global. O assunto surgiu em meio a conversas sobre o futuro do Fiat Panda, que será uma versão de produção do Fiat Centoventi Concept, carro-conceito apresentado no Salão de Genebra de 2019, que é 100% elétrico e voltado à mobilidade sustentável. No Brasil, já foi especulado que esse carro pode trazer de volta o nome Palio.

Olivier François durante o Salão de Genebra de 2019, onde o conceito Fiat Centoventi foi apresentado. O carro ganhou, em seguida, o prêmio de design RedDot. (Fiat/Divulgação)

Ao ser questionado quando a versão de produção do conceito chegaria ao mercado, Fraçois disse:

Não posso dizer nada a não ser aquilo que já declaramos, que a partir de 2024 todos os lançamentos que fizermos serão exclusivamente elétricos, ou seja, não existirá uma versão térmica… pelo menos, não para nós, na Europa.

O executivo, então, explicou melhor o que quis dizer com isso:

Sim, porque os novos lançamentos serão também globais, e isso é belíssimo… Eu sentia muita falta disso, nunca consegui fazer. Isto é, reequiparar por completo a linha brasileira para que tenhamos os mesmos carros aqui e lá: a bateria aqui, a combustão lá.

Fiat 500 elétrico já está disponível no Brasil, mas como importado. Ao que tudo indica, no futuro, a Fiat voltará a ter projetos europeus nacionalizados. (Fiat/Divulgação)

François ainda comentou os últimos modelos lançados no nosso mercado — e como eles são exitosos:

De fato, no Brasil renovamos completamente a gama: acabamos de lançar o Fastback [na verdade, o modelo é esperado para o segundo semestre], depois do Pulse, do Argo, do Mobi, da Toro e da Strada, nomes quase desconhecidos para nós, e mesmo assim os Fiat mais vendidos no mundo. Mas o sonho era de ter modelos unificados, realmente globais. Infelizmente, faltava o dinheiro para dizer: sabemos disso, vamos mudar tudo e introduzir uma linha de produtos globais. Agora acontecerá.

De acordo com o executivo, o que mudou o cenário foi a fusão com a PSA, concretizada em 2021 e que resultou na Stellantis. Para Olivier François, "as sinergias e as economias de escala são malucas e nos permitirão financiar toda a operação", completou.

Fiat Centoventi deve ser o primeiro modelo europeu a ser produzido no Brasil, após 2024, mas com versão a combustão por aqui. (Fiat/Divulgação)

Qual será o primeiro Fiat global?

Ainda não sabemos. De acordo com as informações já divulgadas pela Stellantis, tudo indica que o primeiro fruto da Stellantis, para a Fiat, será um SUV compacto do segmento B a ser produzido na Polônia com a plataforma CMP da PSA. Esse investimento já foi anunciado — nessa mesma fábrica, serão construídos o Baby Jeep, SUV menor do que o Jeep Renegade já oficializado, e um outro modelo da Alfa Romeo. As previsões indicam que esse carro pode chegar ao mercado por volta de 2023.

Confira aqui o episódio sobre as novidades da Stellantis:

Mas esse SUV ainda deve ter versões a combustão, daí a dica de François sobre a chegada do novo Panda. Como esse modelo será totalmente elétrico, não deve ser lançado antes de 2024. "Com a transição para Stellantis, a definição de plataformas e assim por diante, os tempos se alongaram um pouco, mas a segunda etapa, que poderia ser resumida como ‘o elétrico para todos’, está chegando", afirmou o executivo na mesma entrevista.

O executivo disse que a estratégia da Fiat, como marca, não deve ser muito diversa da atual, apostando em duas linhas diferentes, mas complementares, uma focada no Fiat 500 e outra derivada do Panda:

No percurso para a eletrificação, a Fiat irá com duas pernas, como tem feito até agora no mundo térmico. Uma das duas pernas é o 500, o citycar descolado, bastante acessível, mas com status. E depois tem o mundo Panda/Centoventi, que responde à missão da Fiat de ser socialmente relevante, ou seja, ter responsabilidade social, e hoje o que é socialmente relevante é a transição ecológica, ou seja, a democratização da nossa marca para o carro a bateria.

Como o Fiat Centoventi é um pouco maior do que o Panda atual e a Fiat já declarou que deve abandonar o segmento A, de entrada, no qual ele está inserido hoje (em conjunto com o Mobi, na América Latina), é esperado que o Panda passe a ser um representante dos B-hatches na Europa. No Brasil, isso pode significar muitas coisas, mas é praticamente certo que terá impacto nos atuais hatches da marca, Argo e Mobi. A conferir.

Se quiser conferir mais especulações sobre o futuro da Fiat, dê play no episódio 29:

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Jacob Paes
Três e meio

Editor de livros, graduado em Produção Editorial e estudante de Letras/Italiano. No tempo livre, curte séries, filmes, carros e, claro, livros @tresemeiopodcast