Diário do Pulse #2: o primeiro problema

Três e meio
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6 min readFeb 21, 2022
Primeiro problema do Pulse não apaga o entusiamo com o carro. Mas precisa ser resolvido logo. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

Na entrada anterior deste diário, eu comentei alguns dos problemas que alguns proprietários do Fiat Pulse vinham enfrentando. Na ocasião, disse que eu achava natural os relatos dessas pessoas, por ser um modelo novo, com várias características inéditas, como o motor Turbo 200. Disse, ainda, que a minha unidade não vinha apresentando nenhum dos problemas relatados — como os de natureza eletrônica ou ruídos.

Pois bem, dá para dizer que isso começou a mudar. Eu continuo muito apaixonado pelo carro — e quero que ele volte logo para minha garagem! — mas meu Pulse apresentou um problema. Lógico, estou chateado. Até porque não é um problema igual a nenhum dos muitos variados relatados por aí. É algo que pode ser bem sério e, por isso, de grande susto.

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Fiat Pulse Audace T200

  • Quilometragem: 1.672.
  • Consumo médio: 9,7 km/L (abastecido com etanol 50% das vezes).

O carro está na assistência, aguardando um diagnóstico da Fiat, pois, após pouco mais de 1.600 km rodados, o nível do óleo estava muito baixo. A medição foi feita em diversos cenários: com o carro totalmente frio (o que mecânicos e especialistas em geral consideram o correto), com o carro quente (o que não é muito recomendado, mas para estressar todos os cenários) e como recomendado no manual, ou seja, com ele ainda quente, mas passados cerca de 10 minutos após o motor ter sido desligado. A supresa foi grande quando, na melhor das medições, o nível do óleo estava pouco acima da metade da vareta, sendo que na pior não havia óleo algum na peça, ela estava apenas levemente molhada.

Por ser um lançamento, a montadora precisa acompanhar qualquer tipo de problema informado pelos clientes, e a Fiat ainda não fez a análise no carro. Por ser um assunto sensível, no entanto, fica aqui a recomendação para que mesmo donos de um modelo novo, zero quilômetro e com baixa quilometragem não deixem de conferir o nível do óleo. Acompanhar desde o início e ficar atento a qualquer coisa estranha é essencial.

Estava baixo mesmo

Quando me deparei com o óleo baixo, achava que estava apenas fazendo algo de errado, que o óleo estava muito claro e eu não estava identificando ou que a vareta, por encostar no cárter ao ser retirada, estava depositando o óleo no meio do caminho. Mesmo assim, por precaução, levei o carro até a concessionária.

Após eles terem deixado o motor parado e terem feito a verificação, me informaram que já havia outra unidade com eles que apresentava o mesmo problema e que, por ser um novo modelo e um novo motor, precisaríamos aguardar um diagnóstico com representantes da marca.

Vareta do óleo é integrada à tampa e sofre atrito ao ser retirada. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

O que diz o manual

O manual do proprietário indica que a verificação do nível do óleo deve ser feita a cada 3.000 km, mas também para “verificar o nível do óleo em intervalos regulares, por exemplo a cada abastecimento de combustível”. Estipula, ainda, que o consumo máximo de óleo pelo motor deve ser de 400 mL a cada 1.000 km — e é natural que motores turbo utilizem, mesmo, maior quantidade de óleo.

Por curiosidade, eu fui atrás do manual de carros à venda na Europa com o motor GSE Turbo 1.0, da mesma família que o Turbo 200. No manual do Fiat 500X italiano, as especificações do óleo para o motor GSE 1.0 Turbo são as mesmas do T200 (0W30, sintético), assim como o nível de consumo. Porém, a Fiat continua recomendando óleos Selènia na Europa, desenvolvidos em parceria com a Petronas. No Brasil, isso mudou: desde o ano passado, toda a linha de fluidos e lubrificantes passou a ser da Mopar, que desenvolveu os óleos em parceria com a Shell.

Além disso, no caso do 500X há uma observação de que o consumo de óleo pode ser irregular nos primeiros 5 ou 6 mil km rodados. As palavras exatas são as seguintes:

No primeiro período de uso do carro, o motor está em fase de estabilização, portanto, o consumo de óleo do motor pode ser considerado estabilizado somente após ter percorrido os primeiros 5.000 ou 6.000 km.

Para que fique claro, não há essa observação no caso do Pulse. E, mesmo se houvesse, ainda não justificaria o consumo elevado de óleo, já que em algumas medições a vareta saiu apenas levemente molhada. Ou seja, ele teria gasto aproximadamente 1 litro de óleo em 1.600 km, ou cerca de 600 mL a cada 1.000 km.

Outra diferença entre os manuais é o tempo em que a verificação deve ocorrer após o desligamento do motor: no manual italiano, se fala em cerca de 5 minutos; já no brasileiro, são 10. Mas isso deve ser causado pela diferença climática entre as regiões.

De acordo com a Quatro Rodas, um dos leitores já teve o motor de seu Compass T270 trocado. (Jeep/Divulgação)

Motores GSE gostam de óleo

Vale dizer que o consumo de óleo elevado dos motores GSE já foi assunto no Longa Duração, da revista Quatro Rodas, que tem em sua frota a Strada Volcano 1.3 Firefly e o Jeep Compass Série S T270. Segundo matérias da revista, o nível do óleo da Strada estava no máximo do marcador da vareta após a revisão dos 10.000 km e baixou para a metade em 5.000 km. Ainda assim, está dentro da tolerância indicada no manual, de 400 mL a cada 1.000 km. No meu antigo Argo Trekking 1.3, também vinha notando um consumo parecido — mas o carro estava com 5 mil quilômetros.

No caso do Jeep, um leitor da revista comprou o Compass Sport 1.3 turbo em junho do ano passado e o levou à concessionária quatro meses depois, após a luz espia da injeção acender. Fizeram reprogramação no sistema e liberaram o carro. No dia seguinte, quando estava em casa, ele viu a vareta sair seca quando foi conferir o nível do óleo do motor. O carro voltou para a concessionária e dois dias depois informaram que o motor seria trocado após apenas 7.895 km.

A revista disse (e eu concordo):

Problemas acontecem e não temos conhecimento de outros casos. Nosso carro nunca acendeu luz de injeção ou de pressão de óleo, mas encontramos o nível do lubrificante abaixo de 1/4 do marcador da vareta, aos 8.400 km rodados.

No caso do Compass da Quatro Rodas, a equipe da revista completou o reservatório com 1 litro de óleo aos 8.700 km; antes da primeira revisão, feita aos 12 mil km, foram consumidos 300 mL do lubrificante, ainda dentro da tolerância.

Agora, é acompanhar o caso e torcer para que nada sério ocorra. Veremos, também, como se dará o atendimento da Fiat, que até agora foi bom, apesar de alguns prazos demorados — mas compreensíveis — como as 48 horas úteis para análise do pedido de carro reserva.

A boa notícia

Em meio a esse problema ainda em suspenso, sobre o qual os atualizarei nas próximas entradas do Diário do Pulse, uma boa notícia: o protetor de cárter do meu Pulse enfim chegou! Depois de praticamente 3 meses esperando pela peça, que estava em falta na minha região, com sucessivos atrasos na entrega por conta da Fiat, recebi contato da loja na segunda semana de fevereiro.

A instalação foi rápida e a comemoração seria feita no feriado de Carnaval, quando o Pulse voltaria à estrada de terra. Uma pena que a boa-nova tenha sido ofuscada por seu primeiro problema. Veremos se até lá ele estará de volta à garagem.

Para saber mais e conferir atualizações sobre o consumo de combustível, escute o episódio no YouTube:

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O Três e Meio (ou Treemezzo, em italiano) é um podcast para quem gosta de carros. Carros da Fiat. Você encontrará comentários sobre notícias, lançamentos e segredos, saudosismo com modelos clássicos e história, dicas de manutenção, avaliações e até respostas aos haters da marca. Para todo mundo que tem ou já teve um Fiat ou simplesmente vai com a cara dessa marca e sua cultura. Episódios terça sim, terça não.

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