Diário do Pulse #8: problema (errado) enfim resolvido

Três e meio
Três e meio
Published in
6 min readDec 20, 2022
Depois de trocar a coluna de direção, os barulhos ao esterçar o Fiat Pulse continuaram — o problema era outro. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

Na última entrada do Diário do Pulse, eu compartilhei por que o meu Fiat Pulse ficou quase 30 dias na concessionária para resolver um problema relacionado ao barulho que o carro fazia ao esterçar para a direita. O Pulse tinha sido devolvido poucas horas antes de o episódio ir ao ar, após a coluna de direção ter sido trocada. Mas isso resolveu o problema? Nesta entrada, eu conto para você por que, na verdade, o problema era outro.

Ouça o podcast

O episódio já está disponível no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer, PocketCasts e outras plataformas (via Anchor). Clique aqui e assine o podcast.

Se preferir, dê play aqui:

Fiat Pulse Audace T200

  • Quilometragem: 11.840 km.
  • Principais ocorrências: baixo nível de óleo e barulho na porta do motorista (1.600 km); tilt-down com tilt (3.000 km); lâmpada do porta-luvas não acende (5.700 km); aumento na vibração com o carro parado e barulho externo ao esterçar para a direita (8.000 km).

Para começar, é preciso explicar uma confusão, sobre a qual o Ricardo, da página MyCar Stilo, me alertou depois de ouvir a entrada 7: a peça do Pulse trocada em garantia foi a parte superior da coluna de direção, e não a caixa de direção.

Até a retirada do carro, o que a concessionária havia passado é que a troca seria da caixa de direção. Mas, depois de retirar o Pulse na oficina, informaram que a peça trocada foi a coluna. É importante explicar isso, porque a caixa de direção, em tese, não teria ligação com a parte eletrônica do carro, logo, não poderia ter sido rejeitada pela central. Já a coluna de direção, essa sim precisa ser atrelada a parâmetros eletrônicos.

Com a peça trocada, porém, o problema foi resolvido?

Não, infelizmente o estalo metálico ao esterçar para a direita foi ouvido novamente. Ou seja, depois de toda a novela, o problema ainda estava presente.

Coluna de direção foi trocada, mas o problema estava na suspensão. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

Um novo diagnóstico

Contatei novamente o consultor da oficina da concessionária e levei, mais uma vez, o carro à loja em 23 de novembro, pedindo para que o chefe da oficina me acompanhasse ao local no qual o carro sempre faz o barulho, para que ele pudesse ouvi-lo e compreender melhor a situação.

No entanto, como esse local estava fora do perímetro no qual a concessionária poderia realizar testes, ele pediu que eu tentasse reproduzir a situação em outras localidades ao redor da loja.

Quando enfim consegui encontrar um local que simulava as ocorrências, chegamos à conclusão de que o barulho ocorria na suspensão dianteira esquerda, sempre ao esterçar o carro para a direita, em curvas fechadas, ao entrar ou sair de pequenos desníveis.

Com isso, o Pulse teve de ficar novamente na oficina, para que um novo diagnóstico fosse realizado. Durante todo esse período, eu não devolvi o carro-reserva que a Fiat tinha me dado, justamente em decorrência da possibilidade de o problema não ter sido sanado.

Em 25 de novembro, o consultor me contatou dizendo que encontraram qual era o problema. De acordo com o diagnóstico, o pivô da suspensão estava deformado e com folga.

Pivô da suspensão estava deformado e por isso causava barulho. No entanto, a quilometragem do carro não condiz com esse desgaste. (Reprodução)

Pivô da suspensão: que problema é esse?

O pivô da suspensão, também chamado de pino esférico ou articulação, é o responsável por conectar a carroceria ou o chassi do carro a componentes como o telescópio e a manga de eixos. Feito em metal e borracha, ele permite o movimento angular das rodas, podendo ser fixado por rebites e parafusos ou prensado na bandeja de suspensão. Se o pivô de suspensão quebra, a conexão do sistema de direção com as rodas é completamente perdida, podendo gerar acidentes graves.

É um componente que está sujeito a se danificar com a rotina de uso, especialmente considerando o asfalto esburacado das nossas ruas. Porém, não é natural que uma peça como essa sofra um desgaste que justifique a sua troca em um veículo com menos de 10 mil quilômetros.

Relembrando o histórico do problema, eu o relatei pela primeira vez na entrada 6, dizendo que ele ficou mais frequente após os 8 mil quilômetros. Porém, como disse na ocasião, esse barulho esteve presente desde os primeiros dias com o carro, mas em frequência menor.

Resgatando algumas anotações, vi que já havia menção a ele inclusive na época em que respondi uma pesquisa da Fiat sobre a minha experiência com o carro, em fevereiro deste ano. De acordo com o e-mail assinado pelo vice-presidente de qualidade da FCA, essa pesquisa não era relativa à experiência com a concessionária — que, inclusive, não recebi –, mas sim especificamente voltada às minhas opiniões e experiências com o Pulse.

Na pesquisa, me perguntaram, entre outras coisas, sobre barulhos que o carro fazia e, nessa época, quando o Pulse tinha menos de 2 mil quilômetros, portanto, eu já havia relatado o estalo ao esterçar o carro. Alguns dias após enviar a pesquisa, um engenheiro da Fiat fez contato telefônico, pedindo para agendar uma visita à minha região a fim de dirigir o carro e entender os barulhos apontados. Eu pedi que ele retornasse o contato, assim eu poderia encontrar uma data para fazer isso. Ele ficou de me retornar na semana seguinte, mas nunca mais ligou.

Sendo assim, é estranho que o diagnóstico estivesse ligado à peça. Talvez ela já tenha vindo danificada de fábrica ou sofrido algum dano durante o processo de entrega da minha unidade. A concessionária, no entanto, nem questionou o uso do carro e prontamente fez o pedido em garantia.

Como não a tinham em estoque, mais uma vez seria preciso esperar de 7 a 10 dias para a entrega da peça, vinda da fábrica. Nesse período, disse o consultor, eu poderia utilizar o carro normalmente, sem risco de segurança. Quando a peça chegasse, ela poderia ser trocada no mesmo dia.

Foi então que peguei de volta o Pulse, no fim do dia 25, e devolvi o Argo no dia 26.

Fiat Argo, o carro-reserva do Confiat, foi devolvido após 25 dias. (Jacob Paes/Três e Meio Podcast)

A troca da peça

A peça de fato chegou em 7 dias úteis, conforme a previsão que o atendimento da Fiat passou em contato telefônico.

O carro, no entanto, não ficou pronto no mesmo dia. Depois da troca da peça e de alguns testes, de acordo com o consultor, averiguaram que ainda havia um pequeno barulho. Por isso, pediram mais um dia para estudar o que estava ocorrendo.

No dia seguinte, o consultor me informou que após muitas análises e vários mecânicos envolvidos, encontraram o problema e o carro estava pronto. O barulho do pivô estava resolvido — o que aconteceu era que havia um outro, de uma pequena vibração em decorrência de um plástico. Por isso o chefe de oficina pediu mais tempo, para verificar essa outra ocorrência.

E agora sim, depois de uma longa novela, enfim o problema foi de fato sanado. Ao esterçar o Pulse, nenhum barulho é ouvido, como deveria ser.

Apesar de o meu problema, no final, não ter sido na direção em si, não retiro nada do que disse na entrada anterior, afinal, ainda há muitos relatos de barulhos vindos da direção de modelos diversos de Fiat e Jeep. Eles podem ser casos diferentes e talvez isolados, mas a Stellantis poderia dar maior atenção a eles e se pronunciar sobre o que é normal e o que não é, deixando os proprietários mais tranquilos.

Para saber mais sobre o que achei do atendimento da concessionária e da Fiat, não deixe de ouvir a entrada, disponível também no YouTube:

--

--

Três e meio
Três e meio

O podcast para quem gosta de carros. Carros da Fiat.