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Coisas grandes levam tempo

Bruno Machado
Tríade Digital
3 min readDec 30, 2021

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A jornada de transformação é, acima de tudo, um projeto de vida

Dificilmente a trajetória de transformação digital em uma empresa irá transcorrer de forma linear e tranquila. Prepare-se…a jornada será mais desafiadora, turbulenta e longa do que você imagina.

Pode parecer uma previsão pessimista ou desanimadora, mas a mensagem que quero passar é diretamente oposta. Ao tomar consciência das características da jornada, podemos nos preparar melhor e alinhar expectativas com toda a organização, especialmente com o time mais diretamente envolvido.

No último podcast da Tríade eu ouvi uma frase que me marcou muito: coisas grandes levam tempo. Isto traduz perfeitamente o espírito da empreitada de transformação. Não é nada fácil influenciar pessoas, mudar processos e incorporar tecnologias digitais de forma eficaz em grandes empresas.

Eu já mencionei algumas vezes que há uma diferença enorme em trabalhar em uma organização nativa digital e em uma empresa tradicional que está sob pressão e necessita de uma resposta estratégica para melhorar seus produtos e ofertas através de tecnologias digitais.

No primeiro caso a empresa não possui um passivo analógico ou mesmo sistemas obsoletos a serem digitalizados. Isto não significa que a vida seja tranquila em uma empresa assim, afinal a concorrência pode vir de qualquer lugar e uma empresa nativa digital pode ser extinta por um produto ou serviço alternativo vindo de qualquer outro mercado.

Já no caso das empresas tradicionais, há um desafio adicional que reside na cultura organizacional. Como efetivamente dar um passo adiante e reconhecer que o modelo de negócios e a forma de operação estão superados?

Ter a consciência que a empresa corre riscos e tomar as medidas necessárias para executar a transformação consomem bastante energia e tempo. É neste contexto que a frase "coisas grandes levam tempo" se aplica. A transformação da cultura, processos e tecnologia de uma empresa tradicional leva tempo.

Os profissionais que aceitam o desafio de atuar neste cenário precisam ser estratégicos para emplacar as pautas de transformação e gerar resultados de curto prazo que ajudarão a comprar mais tempo para as mudanças mais profundas e longas.

Trata-se de um grande jogo de xadrez, construindo a partir de uma estratégia emergente e adaptável, que é refinada a partir dos dados da operação, interação constante com os clientes e o mercado.

Paralelamente, o esforço para desenvolver as capacidades de tecnologia da informação, tecnologias digitais e desenvolvimento de produtos é essencial para que a empresa reorganize seus ativos e gere novos produtos e serviços digitais a partir de seu core business.

Como fundamentação para os temas aqui colocados, recomendo fortemente a leitura dos artigos sobre capacidades dinâmicas (Eisenhardt, 2000; Teece e Pisano, 2003) e estratégia digital (Matt, Hess e Benlian, 2015; Weill e Woerner, 2015; Vial, 2019).

Ciente da base acerca do tema e da natureza da real transformação espero ter contribuído para que os demais colegas reflitam sobre o tempo a ser investido para ver a transformação digital acontecer. Pequenos ciclos não levarão a resultados consistentes e devemos evitá-los a todo custo. O sucesso pode estar logo nos meses seguintes ao ponto em que você decidiu parar.

Sendo assim, caros parceiros de transformação, sigam firmes na jornada ainda que o caminho esteja mais duro e turbulento que o imaginado. E como última recomendação do ano, sugiro a leitura do texto do Nizan Guanaes sobre a desesperança, algo que me ditou a abordagem deste texto e que tem me guiado para construir coisas grandes.

Boa jornada de transformação.

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Bruno Machado
Tríade Digital

Empreendedor Digital | Mentor na QUINTESSA — Apaixonado por tecnologia, negócios e inovação.