Cultura Digital — Mude sua mente

Alessandro Milagres
Tríade Digital
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3 min readOct 25, 2021

Nesses últimos dias andei relendo os livros “Powerful” e “A regra e não ter regras” ambos apresentam a filosofia Netflix de mudança cultural, mas o que nas entrelinhas esses dois livros passam e algo que vai além disso e que pode ajudar em uma mudança para uma cultura digital, sem regras, amarras ou processos que apenas existem para criar confiança entre cos colaboradores, investidores, fornecedores e clientes. Nesse contexto vem nossa reflexão de como criar uma cultura digital para transformar o negócio da nossa empresa.
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Ambos os livros falam de como Reed Hastings e Patty McCord queriam construir algo diferente e por incrível que pareça não importavam muito com o produto ou com qual tecnologia nesse aspecto inclusive sempre imaginamos a Netflix como a empresa referência de vídeo stream, mas quando ambos embarcaram nessa jornada em 1997 ela era apenas uma locadora de DVD’s do sul da California que entregava seus filmes por correspondência, nada tinha de algo glamoroso ou incrivelmente tecnológico.

Acontece que em 2001, após a crise das “.com” a Netflix teve de demitir 2/3 de seus profissionais que na sua maioria eram pessoas que colocavam DVD’s em envelopes e os enviavam aos seus clientes, nessas demissões eles demitiram os profissionais que, digamos, tinham naquele modelo menor performance, pois algum critério para essas demissões devem ter utilizados, além disso a empresa demitiu praticamente todo o seu nível médio de gestão cortando os custo ao máximo para continuar existindo, a questão e exatamente que neste momento alguém da operação, provavelmente um cara que embalava DVD e um outro da tecnologia tiveram a ideia de gravar o dvd no servidor e dar um usuário e senha para aquele cliente que deveria receber o DVD receberia um email e assim poderia entrar no sistema e ver seu filme. O resto todo vocês já sabem faturamento acima de 20 bilhões de dólares, mais de 190 países e algo em torno de 190 milhões de assinantes, estima-se que 30% do trafego da internet e do Netflix.

O incrível desta transformação não foi o resultado, mas o caminho da mesma, em certo momento nesses inicio a empresa começou a contratar profissionais com um incrível grau de comprometimento e de auto-gestão ao ponto de a Netflix abolir processos como reembolsos e férias sendo que com essa liberdade dos profissionais começou a dar resultados incríveis onde todo o organismo corporativo que antes funcionava por meio de regras começou a funcionar para um único fim, atender o cliente acima de tudo. Fico imaginando-os tentando construir uma empresa assim quando começaram a criar o modelo imagina o Gerente de Segurança da ISO falando, não podemos colocar o dvd no servidor pois não pode trafegar dados do nosso ativo na internet, ou mesmo não podemos mandar o e-mail para o cliente com um usuário do nosso servidor ou pior um gerente que deveria ter 300 funcionários, embalando dvd’s, na sua fictícia sensação de poder bloqueando a ideia por sua perda de “embaladores”. Então talvez nesses atos do destino a empresa estava aberta a inovação por ter sido livrada de algumas amarras que quantas vezes qualquer um de nós passamos todos os dias.

Não tenho a inocência que montar um modelo desse irá revolucionar todas as empresas ou mesmo todos os mercados isso realmente e um romantismo sem tamanho mas vale pensar que podemos contratar pessoas para o futuro das nossas companhias, pessoas que tem em sua essência um modelo de auto-gestão, iniciativas criativas e de transformação do negócio baseado em uma mudança de cultura digital. As regras internas são necessárias até o momento que todos da empresa entendam que o objetivo e atender o cliente na melhor e ética maneira possível, a frase “Liderar com contexto em vez de com o controle” faz todo o sentido caso coloquemos nosso cliente em seu merecido lugar. O Primeiro.

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Alessandro Milagres
Tríade Digital

Formado em Matemática e Física pela UFMG, Mestre em Sistemas distribuídos pela UFMG. Louco por tecnologia e pai do Jorge.