Mais do Digital ou mais da Transformação? Que mudança realmente queremos?
Claro você já ouviu falar de Transformação Digital. Como toda expressão da moda, TD hoje abrange qualquer experiência de implantação de tecnologia para serviços, no geral — em empresas, para trabalhos autônomos, para estudo e aprendizado, diversão… Tudo é digital e com potencial de transformação. Mas, será que é isso tudo mesmo? Será que há transformação?
Vamos discutir esse ponto aqui, te convidando a opinar e discutir conosco.
Já vimos, várias vezes, como “ondas de tecnologia”, soluções de produtos e serviços de base tecnológica causam mudanças no mercado. Mudam a forma de atender e entender clientes, propõem a mudança nos processos internos e de relacionamento externos de empresas, buscam desenvolver novas funções automatizando ou melhorando atividades empresariais no geral e assim por diante. Foi assim quando o “mainframe foi desligado” (não foi!!!), quando optamos por redes de computadores no início dos sistemas móveis, no uso de tecnologias de representação visual, introdução do geoprocessamento, difusão de sistemas de bancos de dados, serviços web, para citar apenas alguns dos mais conhecidos.
Pouco tempo depois, algumas semanas realmente, já havia, após cada início de conhecimento destas “ondas”, várias soluções de mercado disponíveis que propunham mudanças completas em função da tecnologia. Interessante notar que os processos empresariais — mesmo os mais simples ou rotineiros, como pagamento de colaboradores, compras e vendas de produtos e serviços, faturamento, cobranças — eram abordados superficialmente, colocando-se o “spot” sobre a tecnologia.
O que aconteceu em vários destes projetos? Não acabaram como previsto. Vários até entregaram resultados, porém com prazos e custos além da conta, ajustes no final de maneira improvisada, entrega de funções que o usuário final não conhece ou não havia pedido, entre outros fatos.
De maneira geral, ao dar-se o principal foco à tecnologia, se distraía ou esquecia do “para que” aquela tecnologia seria aplicada, qual era a descrição efetiva do problema a resolver, a solução pretendida ou objetivo da implementação da tecnologia. Desta forma, ao pesquisar e adquirir-se a tecnologia, havia a crença que o problema estaria resolvido de pronto, o que não ocorria por falhas de projeto e de visão estratégica, aos quais a tecnologia deveria responder.
Agora — nem tanto agora, mas com atraso em função dos confinamentos motivados pela pandemia — podemos ter uma verdadeira “avalanche de soluções” com alternativas de produtos e serviços que ficaram na gaveta, aguardando boas oportunidades de mercado para seu lançamento futuro. Desta forma, podemos nos preparar para mais digital, mais digital e mais digital. Isso é muito bom, mas… não esquecemos de algo?
Da Transformação!
E aí, concordando com autores e consultores que se expressam neste sentido, a Transformação é que é mais importante. Qual o propósito da inserção da tecnologia em seus negócios? Automação do que já existe? Mudança do que já é feito? Otimização, melhorando nossos indicadores? Afinal, qual o propósito, qual o projeto de mudança em mente, ou seja, qual a transformação desejada?
Transformar é necessário, é evolução, é motivador e essencial. Em tempos de ambientes voláteis e incertos, com soluções ambíguas, temos de ter atenção às necessidades e aos potenciais de mudanças, de transformações.
E como fazer? Iniciar com alguns passos simples, porém necessários, é essencial: definir corretamente o problema e/ou objetivo, verificar impactos imediatos e de médio prazo, avaliar as repercussões junto a clientes (que tal convidar para fazer testes de protótipos?), fornecedores e colaboradores, formar consciência e visão da transformação e… aí… voilá! Avaliar as tecnologias disponíveis e que tenham possibilidades de “entregar a mudança”, a transformação pretendida.
Pensando em termos da transformação, do ponto de vista estratégico, de como esta mudança irá repercutir no futuro da empresa e aí partindo para avaliar a solução efetiva, teremos maiores condições de planejar com chances de resolver problemas efetivos, de termos resultados mensuráveis e mais consistentes, de saber dar os próximos prazos quando a estratégia for revista no futuro.
Mas, quer dizer que não se deve pesquisar, especular com o uso de tecnologia? Fechar os olhos ao que há de novo?
Não, não é isso. Temos de ter atenção às inovações, as novidades tecnológicas a todo momento. Mas, te recomendo, faça isso no contexto de pesquisas, investigações, testes e simulações, para aumentar seu conhecimento sobre estas técnicas. Depois que compreender bem, aí sim, encaixe como alternativa para implantação em seus planos e projetos.
Assim, pensamos no digital, conhecemos o digital, mas objetivamos as transformações. Desta forma, a transformação digital chega no mercado, aos clientes e parceiros de negócios.