Encerramento do Collision 2022, em Toronto.

O que eu aprendi no Collision 2022

Bruno Machado
Tríade Digital
Published in
5 min readJun 25, 2022

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Os principais temas que fizeram parte do Collision 2022, sediado em Toronto

Neste mês de junho, entre os dias 20 e 23, tive a oportunidade de participar da conferência Collision 2022, em Toronto. Pela primeira vez, desde o início da pandemia, faço uma viagem internacional para participar de um evento dessa natureza.

A sensação de voltar a participar presencialmente já valeu a viagem!

O processo de credenciamento, a sessão de abertura e as inúmeras oportunidades de relacionamento e de consumir conhecimento foram maravilhosas.

Entrada do evento, no Enercare Centre.

Para que tenham uma dimensão do evento, nesta edição a audiência presencial foi de 35.000 pessoas que tiveram a oportunidade de assistir a palestras, debates, pitches e masterclasses dos mais diversos tópicos envolvendo tecnologia, impacto e diversidade.

Como primeiros aprendizados eu destaco justamente a presença forte das temáticas globais, como a guerra na Ucrânia, o direito das mulheres em temas como aborto e a queda das criptomoedas. Destaque neste bloco para a participação da autora e bestseller Margaret Atwood (Livro The Handmaid’s Tale).

A temática central foi, sem dúvida alguma, a Web 3.0, um conceito muito associado ao blockchain e suas inúmeras aplicações, em especial as criptomoedas. Trata-se de um conjunto de tecnologias que têm o potencial de ir além das fronteiras físicas e regulatórias que conhecemos hoje.

Destaque para a entrevista do Michael del Castillo, editor de Blockchain e Crypto da Forbes com o Nicolas Cary, CEO do Blockchain.com. Inclusive com uma menção à dura fala do Bill Gates sobre as criptomoedas. A resposta foi mais ou menos assim: Bill Gates, por ter dominado as primeiras ondas de tecnologia constumeiramente tem perdido as ondas seguintes, como no caso dos celulares móveis e agora, com o blockchain e criptoativos.

Ficou muito claro o poder das criptomoedas na proteção de pessoas em países em guerra ou que estão sob regimes autoritários, como a Venezuela (Link abaixo do empreendedor venezuelano Mauricio Di Bartolomeo).

Assisti aos painéis de empreendedores e agentes governamentais ucranianos sobre como estão contribuindo para manter a resistência do país diante da invasão russa e o quanto as criptomoedas ajudam a fazer a ajuda financeira chegar praticamente instantaneamente para quem precisa, completamente sem intermediação de instituições financeiras estabelecidas.

Card entregue pela delegação ucraniana com a foto que faz alusão ao áudio dos combatentes ucranianos diante de um pedido de um navio russo para que se rendessem, logo nos primeiros dias da guerra (Russian warship, go fuck yourself).

Além da aplicação em conflitos globais, as criptomoedas estiveram presentes também no contexto da transformação de modelos de negócios, com a premissa de fazer o "dinheiro" circular cada vez mais dentro dos ecossistemas de negócio, com destaque para as empresas que estão adotando wallets para seus clientes e as startups que viabilizam a sua implentação, com destaque para a Xare e Tandym.

Muitas delegações de outros países também estiveram presente para divulgar seus incentivos e recursos para atração de mais empreendedores, como Portugal, Luxemburgo e Uruguai. Apesar do Brasil ter sido escolhido como sede do Web Summit do próximo ano, infelizmente não tínhamos um stand do nosso país. Vai entender!

O espaço dado às startups foi enorme, com rodadas de pitches no palco principal, no espaço patrocinado pela AWS e nos diversos stands segmentados por indústria de atuação. Algumas empresas brasileiras estiveram por lá, sendo a maior a Hurb, de viagens.

Através do aplicativo do evento era possível agendar rodadas com os empreendedores e com parceiros comerciais presentes. O app do Collision é um belo exemplo de conexão do digital com o físico, sendo possível conhecer os participantes, estabelecer conexões, ter informações sobre a agenda e assistir ao conteúdo (esse último apenas na versão web).

Por fim, um tema muito presente também foi a privacidade de dados e o quanto é ineficaz esperar que as Big Techs façam algo de relevante neste cenário, uma vez que seus modelos de negócio são fortemente baseados em propaganda direcionada.

Há um amplo entendimento que a regulação precisa avançar neste campo, com destaque para as ações em curso nos Estados Unidos, Austrália e União Europeia para conter o ímpeto das Big Techs.

O evento contou ainda com participantes ilustres, como Eric Schmidt, que foi CEO do Google e hoje lidera a Schmidt Futures, Thomas Dohmke, CEO do GitHub, Renate Nyborg, CEO do Tinder, Kelly Burton, CEO da Black Innovation Alliance e muitos outros executivos de fundos de investimentos e fundadores de empresas de tecnologia.

Destaque para a inspiradora palestra da Rebecca Parsons, CTO da Thoughtworks, sobre a responsabilidade das pessoas de tecnologia em construir softwares que não reproduzam nossos vieses e não perpetuem as desigualdades.

Vale menção a verdade aula sobre branding conferida pela Sairah Ashman, CEO da lendária consultoria britânica Wolff Olins. Sairah destacou os desafios das marcas para se manterem relevantes nestes novos tempos, algo que tratou em três blocos: Blurred identities (múltiplas personalidades), Compostable brands personalização da experiência para os clientes para refletir o que eles esperam e Conscious Brands como você responde e interage no mundo. Ela compartilhou a pesquisa anual da Wolff Olins das marcas mais conscientes.

Como principal aprendizado, levo a questão da Web 3.0, o papel estratégico das criptomoedas e os potenciais modelos de negócio que podem emergir à medida que a infraestrutura e a regulação avançam para a sua adoção ainda maior. Vou comprar meus primeiros criptoativos em breve! :)

Em outubro ocorrerá em Lisboa o Web Summit, evento promovido pela mesma empresa que organiza o Collision e que tem uma proporção ainda maior. Até lá, muito trabalho para aplicar os aprendizados.

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Bruno Machado
Tríade Digital

Empreendedor Digital | Mentor na QUINTESSA — Apaixonado por tecnologia, negócios e inovação.