Ofertas digitais
Como empresas estabelecidas podem criar ofertas baseadas em tecnologia?
Durante a pandemia estamos vivenciando um crescimento exponencial dos canais digitais de vendas, com taxas de crescimento de três dígitos no varejo brasileiro, considerando os resultados do terceiro trimestre das empresas de capital aberto — com destaque para a Via Varejo (para não chover no molhado com o MagaLu)
De toda forma, gostaria de chamar atenção para outro movimento igualmente importante e ainda mais impactante para o futuro das empresas estabelecidas. Me refiro ao processo de criar novas ofertas baseadas em tecnologia — as chamadas ofertas digitais.
Este termo foi cunhado pela professora Jeanne Ross, pesquisadora chefe do MIT Center for Information Systems Research (CISR-MIT). A professora Ross é uma grande pesquisadora sobre o processo de transformação de transformação digital das grandes empresas e tem ressaltado a importância da transformação ir além da excelência operacional e avançar para os modelos de negócios.
Essa dimensão da transformação que toca a receita das companhias é a mais impactante e a ideia é explorar alguns exemplos, passando pelos setores de varejo, bancos e empresas de outros segmentos.
O primeiro exemplo é o setor de varejo, que está bastante avançado em modelos de negócios fortemente baseados em tecnologia, como por exemplo e-commerce (P1) e marketplace (P3). A partir dos varejistas mais avançados, como o MagaLu, B2W e Via Varejo, modelos adjacentes também ganham tração — meios de pagamento (Ame, Mercado Pago, Banqi e MagaluPay) e logística (Asap Log, Logbee e Let’s).
Outro setor de destaque em novas ofertas digitais é o de bancos. Neste ambiente a competição não se dá apenas entre bancos, mas também com uma infinidade de empresas que passaram a oferecer serviços financeiros associados ao seu negócio principal. Além dos varejistas, já mencionados anteriormente, vale destacar os super apps como Rappi e iFood que estão bem próximos de expandir seus tentáculos para essa área.
Por outro lado os bancos reagem e avançam com novas ofertas em territórios adjacentes, com destaque para o Inter (que tirou o “banco” do nome). Em seu relatório do terceiro trimestre, ficou evidente a importância do marketplace e da estratégia de cashback para monetizar a base de clientes engajados através do App.
Além destes dois setores, um movimento recente de uma empresa tradicional que criou uma oferta digital que vem chamando bastante atenção é o Disney Plus. A Disney lançou o serviço, concorrente do Netflix, há pouco mais de um ano em apenas 20 mercados e atingiu a impressionante marca de 73,7 milhões de assinantes, contribuindo para a receita anual da divisão “digital” de U$ 4,9 bilhões de dólares.
Todos estes exemplos demonstram as oportunidades que as empresas podem aproveitar ao se lançar em territórios adjacentes, aplicando um modelo de negócios adequado e fazendo uso inteligente de tecnologia.
O sucesso do processo de transformação passa necessariamente por lançar ofertas digitais que consigam trazer novas receitas para as empresas. Essas ofertas não precisam ser necessariamente dissociadas do negócio atual, muito pelo contrário — elas devem impulsionar o negócio atual, levando-o para outro patamar.
Todavia, cabe alertar que esse não é um processo simples, pois ele interfere nas estruturas organizacionais vigentes e promove um novo balanceamento de poder nas empresas, algo que naturalmente irá atrair resistências.
O futuro da empresa dependerá em boa medida do sucesso dessas novas ofertas, portanto, comece o quanto antes!
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