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Princípios da liderança para a transformação

Bruno Machado
Tríade Digital
4 min readSep 26, 2020

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Os oito princípios fundamentais para liderar a transformação

O caminho escolhido por muitas empresas para se transformar passa por criar um programa de aceleração digital, porém a maior evidência de sucesso neste processo virá justamente quando essa iniciativa puder ser extinta e a posição de liderança em transformação digital se tornar obsoleta.

O racional que sustenta esta tese é que um dos objetivos de um programa de transformação digital é fazer com que tecnologia seja uma competência da organização, sobretudo da liderança e a partir disto fazer com que líderes de negócio deliberem sobre os investimentos em tecnologia.

Parece utópico? Pois este é o futuro e existem alguns princípios de liderança que norteiam essa mudança.

O primeiro contato que tive com essa abordagem para gerir tecnologia se deu com a professora Jeanne Ross, do MIT, durante o curso Revitalizing your digital business model que fiz no Center for Information Systems Research em 2019. Além do curso, tive a felicidade de estar na turma escolhida por ela para realizar o lançamento do livro Designed for Digital e receber uma cópia autografa por ela e seus coautores.

Jeanne W. Ross — Designed for digital

Durante o curso a professora Ross discorreu sobre os building blocks para a transformação e um deles — o que trata dos princípios de liderança e de governança — me chamou bastante atenção.

O tema de desenvolvimento da liderança foi abordado com relevância e foram sugeridos oito princípios que devem ser seguidos pelos líderes de uma organização para viabilizar a transformação. São eles: ter responsáveis por componentes, promover entrega contínua, estabelecer uma missão, estimular times autônomos, definir métricas, fomentar a colaboração, experimentação e a confiança.

Accountability Framework — Jeanne W. Ross — Designed for digital

Estes oito princípios enfatizam uma gestão mais horizontal e transparente, que valoriza a colaboração entre pessoas de diferentes departamentos, assegura autonomia para a tomada de decisão e um approach mais empreendedor para enfrentamento dos problemas. Riscos são bem vindos neste cenário!

Além dos princípios, foram apresentados os três mecanismos que permitem o empoderamento dos times sem que isto represente um caos organizacional: missão, compartilhamento de conhecimento e arquitetura modular.

Neste arranjo a missão assegura a orientação necessária para auxiliar os times nas tomadas de decisão, mantendo o alinhamento com os demais times e o restante da organização. A missão também é um fator de engajamento e motivação para o time.

A arquitetura modular permite que os times pratiquem o princípio de entrega contínua, uma vez que as publicações de um componente não interfere ou gera riscos para a execução dos demais. Este é um item bastante sensível em organizações com sistemas monolíticos e com tecnologia obsoleta.

Por sua vez, o compartilhamento de conhecimento facilita a colaboração e equilibra a autonomia e o alinhamento, evitando que os times se distanciem dos objetivos mais estratégicos. Também funciona como um ativo organizacional à medida que os aprendizados anteriores são utilizados como insumos para as novas iniciativas.

Interessante, não é mesmo? Mas como implementar estes princípios de liderança e mecanismos de gestão?

A recomendação de implementação passa por implementar quatro medidas: distinguir responsabilidades entre as lideranças responsáveis por digitalizar a empresa (Be Digital) e criar novas ofertas (Go Digital), implementação gradual, criar posições de mentoria e orientação (Lean e Agile Coaches) e redefinir a governança.

A primeira medida, que trata de segmentar as responsabilidades entre digitalizar a empresa e criar novas ofertas, tem por objetivo fazer com que ambos os temas sejam tratados simultaneamente e com a mesma prioridade. Uma liderança comum intuitivamente priorizaria as ofertas em detrimento das ações de digitalizar a empresa, reduzindo o impacto da transformação.

A implementação gradual segue a lógica da experimentação e adaptação a partir das lições aprendidas, tornando-se um importante balizador da agilidade organizacional. Em muitos casos o desafio das empresas está na disciplina da execução e o avanço em ciclos cursos pode ser o mais recomendado para vencer a paralisia corporativa.

A criação de posições de capacitação e orientação endereça o desenvolvimento do time durante este processo, algo fundamental. Não é desejável que o know-how da transformação fique concentrado em empresas de consultoria. É imprescindível que a condução do processo seja feita pelas lideranças da organização, ainda que contem com apoio das empresas de tecnologia.

Por fim, repensar a governança. A transformação digital é acima de tudo uma transformação do modelo de negócios da empresa. Para que novos modelos emerjam a empresa deve criar as condições favoráveis, sendo a estrutura organizacional um dos aspectos mais relevantes. Um processo decisório enxuto e um orçamento que contemple experimentos farão toda a diferença na taxa de sucesso da transformação.

Tendo apresentado os oito princípios da liderança, os três mecanismos de gestão para empoderamento dos times e as recomendações de implementação, espero ter despertado as lideranças sobre a responsabilidade compartilhada pelo sucesso dos esforços de transformação de negócios.

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Bruno Machado
Tríade Digital

Empreendedor Digital | Mentor na QUINTESSA — Apaixonado por tecnologia, negócios e inovação.