Roadmap Digital: é preciso integrar para transformar

Bruno Machado
Tríade Digital
4 min readJun 19, 2020

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O maior desafio para a transformação digital ocorrer está na liderança

Em todas as empresas, sobretudo nas maiores e mais estabelecidas, é crucial assegurar o alinhamento entre as principais lideranças para que as mudanças sejam implementadas de forma consistente; e essa condicionante não é diferente para os programas de transformação.

No caso dos programas, os esforços contínuos de alinhamento devem contemplar não apenas as lideranças diretamente relacionadas à área de tecnologia, como também os executivos de negócio e o próprio CEO. Este é um tema indelegável!

As mudanças almejadas ao se iniciar um programa de transformação vão muito além do ganho de proficiência em metodologias ágeis e técnicas de design thinking. Eu diria inclusive que a adoção dessas práticas, ainda que imprescindíveis, são periféricas quando comparadas com o desafio de transformação da liderança executiva da organização.

Esta visão mais ampla de transformação, uma vez amadurecida, levará os líderes da organização a compreenderem que tecnologia é uma competência importantíssima e não apenas um departamento. Esse entendimento é a base para o desenvolvimento efetivo e perene das iniciativas digitais que levarão a empresa para o próximo nível.

Uma empresa só se transformará efetivamente se os seus líderes forem capazes de convergirem em torno de um roadmap digital ambicioso, que contemple simultaneamente os desafios de curto prazo e as incursões em territórios adjacentes. Este movimento é o que eu chamo de “integrar para transformar”.

A escolha por integrar para transformar — que combina o curto prazo com a ambições de longo prazo — levará a tão almejada ambidestria organizacional. As empresas com este design organizacional estarão mais preparadas para o presente, sem abrirem mão do futuro. Essa ambidestria não se trata, portanto, de uma ruptura com o presente, mas sim de uma transição mais consistente para o futuro.

Isto parece simples, não é mesmo? Porém, no dia a dia, a sua implementação é extremamente delicada, pois exige da liderança sênior um processo maduro de escolhas e renúncias. Em muitos casos, de mais renúncias do que novas escolhas.

Para ter êxito no processo de convergência da liderança em torno da jornada de transformação será necessário que os líderes sejam, acima de tudo, integradores — deixem de lado as convicções pessoais ou mesmo departamentais para aderirem integralmente ao roadmap digital da empresa.

Ao fazer esta escolha estratégica, a empresa estará reduzindo o dispêndio de energia em múltiplas frentes infrutíferas e aumentará consideravelmente as chances de sucesso das iniciativas digitais remanescentes ao final do processo de priorização. Para os adeptos do método Kanban, isto é o equivalente a reduzir o trabalho em andamento — visando sempre entregar mais valor ao cliente.

A ideia de se ter um roadmap digital pode aparentar ser um flerte com o modelo comando e controle de gestão, porém posso assegurar por experiência própria que se trata exatamente do contrário. Ao investir na integração da liderança executiva em prol de um roadmap digital único, a empresa estará assegurando aos times ágeis o suporte organizacional adequado para o trabalho prosperar.

Um outro elemento importante para promover este alinhamento interno e que acaba surgindo como um subproduto do roadmap digital , é o painel de digitalização da empresa — algo que é utilizado para se atribuir um percentual de completude do programa baseado em indicadores de adoção de canais digitais e metas de negócio.

Mais uma vez cabe o sobreaviso para a suposta contradição que a adoção do painel de digitalização pode representar frente ao preceito da melhoria contínua— por mais que a transformação não anseie uma linha de chegada, ter um parâmetro para medir o progresso, tal como o painel proporciona, é importante para administrar as expectativas e as pressões por resultados.

Uma expressão que passei a utilizar para ilustrar este desafio decorrente da coexistência entre os modelos tradicionais de gestão e os novos— comuns à ambidestria organizacional — é a seguinte: alimente os tigres!

A ideia de “alimentar os tigres” é basicamente entender e integrar os métodos de gestão vigentes na empresa para só então aperfeiçoá-los com os novos elementos trazidos pela transformação digital, tais como a cultura experimentação e o foco na experiência do cliente. (Ouça o podcast OsAgilistas caso queira se aprofundar neste tema).

Dessa maneira, ao optar pelo caminho da transição ao invés da ruptura, a jornada de transformação terá menos resistências internas para avançar — algo que é conveniente para todos, sobretudo para o cliente, uma vez que este terá uma experiência de interação cada vez mais fluida com a empresa.

Sendo assim, no meu pensamento final, faço o convite para que você — líder da transformação — não desista de engajar os seus pares e demais lideranças no processo de transformação. Invista bastante tempo nisso, pois a alcunha do herói solitário não cabe para uma missão tão nobre!

E não se esqueça: é preciso integrar para transformar!

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Bruno Machado
Tríade Digital

Empreendedor Digital | Mentor na QUINTESSA — Apaixonado por tecnologia, negócios e inovação.