Pelas políticas sociais contra o racismo: conheça o The Monkeys Club

Leonardo Ozório
Trilha Hip Hop
Published in
3 min readJun 17, 2017
Dibah e Rhéu, a dupla do The Monkeys Club. Foto/Divulgação.

Desde que foi originado na Jamaica, na década de 1960, o rap, como vertente do Hip Hop, tem mostrado sua expansão em solo brasileiro de inúmeras formas. Ao mesmo tempo em que diversos grupos da chamada New School se consolidam no cenário nacional, outros mais discretos dão seus primeiros passos a fim de “mostrar a cara”. É o caso do The Monkeys Club, estruturado em meados de 2015, no município de Alvorada, pelos jovens Wesley Santos (19) e Cristian Luan (21), ou, como conhecidos pelas ruas: Dibah e Rhéu, respectivamente.

Depois de quatro anos lapidando composições próprias, a dupla decidiu nomear o projeto, uma alusão à principal causa repugnada por eles: o racismo. Para Dibah, o título serve para propagar ideias e, sobretudo, quebrar paradigmas.

“Sempre tratamos nossos sons como hobby. Mas aí começamos a debater bastante e chegamos à conclusão de que era necessário sustentar uma proposta dessas. Centramos nesse objetivo. A grana e todo o resto era segundo plano”, explica o integrante, que toda a semana, no bairro Formoza, se reúne com Rhéu para a realização dos ensaios.

O estilo afro, influenciado por grupos da década de 1990 e do início do século XXI — período considerado a new era do rap –, como Black Alien e Speed, consolida o som de protesto produzido pela dupla.

Em sua rotina semanal, Dibah divide o rap com o trabalho de monitoria para alunos da Educação Infantil e com a graduação em Ciências Sociais. De acordo com ele, a escolha acadêmica deve-se principalmente ao preconceito pelo qual combate em seus versos.

“Talvez tenha sido a maior influência. O conhecimento é a maior forma de luta”, resume.

E completa:

“Todo jovem negro sabe que para ele conseguir algo, vai ser, no mínimo, duas vezes mais difícil, tá ligado?! Sempre fui muito crítico disso e, ao mesmo tempo, inserido em contextos brancos, tanto na escola quanto na vizinhança. Por muitas vezes, fui vítima de discriminação e vi pessoas negras tomando esse mesmo choque de tudo quanto é lado. Alguns professores sempre me instigavam a conhecer mais o assunto”, revela o garoto, que é de origem negra.

Mesmo sem ambições de sucesso em curto prazo, os frutos do reconhecimento já foram colhidos. A dupla já se apresentou em praça pública durante evento beneficente realizado em Alvorada e se coloca à disposição das pessoas para conhecer seu projeto, bem como a importância da mensagem que deseja repassar. Com aproximadamente dez composições próprias, a intenção é lançar em breve uma demo, de acordo com Dibah.

“Nós fazemos uma síntese entre a rua e os problemas sociais que são notáveis sempre quando se anda pelas ruas. Quem ouve nossos sons pode sentir isso”, conclui.

Os interessados em conhecer um pouco mais sobre a proposta da dupla podem curtir a página do The Monkeys Club no Facebook.

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