Produtos Digitais: o que são e como podem gerar resultados de negócio

Gustavo Mayer
Trinca137
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6 min readJul 30, 2018
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Com frequência me encontro respondendo a essa pergunta quando converso com amigos, familiares, parceiros de negócio e até mesmo clientes sobre o que faz a empresa na qual sou co-fundador, a Trinca.

Nós criamos, construímos e evoluímos produtos digitais para nossos clientes — mas afinal, o que são produtos digitais?

Uma definição técnica capaz de responder essa questão poderia ser:

Um produto digital é um serviço ou produto baseado em software, que gera valor específico para um determinado grupo de pessoas — clientes ou usuários — bem como para a organização ou pessoa que o desenvolve e o disponibiliza.

Mas nem sempre conceitos técnicos podem ser efetivos para abordar o assunto, então acho importante contextualizar o universo no qual os produtos digitais estão inseridos.

A maioria de nós tem contato e utiliza produtos digitais todos os dias. Como, por exemplo, quando solicitamos um motorista através do aplicativo da Uber; ouvimos nossas playlists no Spotify; buscamos um local diferente para se hospedar no Airbnb; ou acompanhamos em tempo real a fatura do cartão de crédito no aplicativo do Nubank.

Ok, são exemplos bastante conhecidos e consolidados, mas o que eles têm em comum?

Todos são pontos de contato digital com empresas ou startups e através deles os usuários ou clientes podem interagir e utilizar os serviços ou produtos disponibilizados por cada negócio — seja transporte individual, streaming de música, hospedagem, serviços financeiros ou inúmeras outras categorias.

Observe que cada um dos exemplos se propõe a resolver algum problema do “mundo real” para gerar benefícios a um determinado grupo de pessoas (clientes) e que, por sua vez, estão dispostas a pagar para terem seus problemas resolvidos. Ou seja, por trás destes exemplos, existem modelos de negócio que se mostraram viáveis ao longo do tempo.

Como um produto digital é criado?

Antigamente, construir novos produtos e disponibilizá-los ao mercado costumava ser um processo longo, caro e linear.

Hoje, novos produtos são resultados de experimentação constante, e surgem a partir da criação de produtos mínimos viáveis (MVPs) que são testados com usuários ou clientes reais, geram feedbacks e aprendizados que, por sua vez, orientam os próximos ciclos de evolução do produto, ou mesmo a sua descontinuação.

A construção moderna de um produto digital compreende etapas de conceituação, design e desenvolvimento, e requer que múltiplas disciplinas — como design, engenharia de software, estratégia de negócios, gestão de produtos, data science e marketing — sejam empregadas.

Boas práticas já bem estabelecidas para o desenvolvimento de produtos incluem métodos ágeis, times integrados e auto-organizados, design thinking, mindset enxuto e entrega contínua.

Ao longo do tempo, o design se tornou reconhecido como um dos fatores mais críticos para a criação de produtos de sucesso, devido ao seu impacto na experiência dos usuários e clientes ao interagirem com o produto.

Qual é a diferença entre um projeto e um produto digital?

Um projeto é considerado um sucesso quando é entregue dentro do prazo e budget estimados, atendendo a lista de requisitos predefinida inicialmente.

Já um produto, é considerado um sucesso quando atinge os objetivos de negócio que levaram ao seu desenvolvimento. No caso dos que visam faturamento, o sucesso ocorre quando o encaixe entre produto-mercado é atingido e ele se torna rentável, pronto para buscar o crescimento e ganhos em escala.

Esse encaixe entre o produto-mercado significa obter a aderência entre a solução que estamos construindo e o problema que estamos nos propondo a resolver. Pode começar a ocorrer logo nas primeiras versões do MVP — construído para validar as hipóteses iniciais de negócio — ou após diversos ciclos de experimentação, coleta de feedback com usuários e adaptações incrementais no produto mínimo viável.

Diferentemente de projetos, produtos digitais passam por diferentes estágios ao longo de seu ciclo de vida: eles são criados e lançados; se desenvolvem, crescem, ganham maturidade; e, eventualmente, declinam e morrem. Alguns podem existir por muitos anos, ou até mesmo décadas.

Quem precisa de um produto digital?

Nunca antes na história tivemos tanta tecnologia disponível e acessível com baixo custo. Esse cenário dá condições para empreendedores e pequenas empresas inovarem e competirem de igual para igual com grandes organizações — rompendo mercados já consolidados ou até mesmo criando novos.

Como uma outra face do mesmo fenômeno, o efeito disruptivo que a tecnologia moderna exerce sobre os modelos de negócio tradicionais causou profundas transformações na dinâmica dos mercados. Como resultado, grandes corporações investem hoje na digitalização de seus processos, produtos e serviços para se manterem competitivas, eficientes e rentáveis frente aos novos competidores.

E como produtos digitais podem contribuir com os negócios?

O contexto descrito acima faz com que a maioria das empresas — pequenas, médias ou grandes — estejam repletas de oportunidades a partir das quais novos produtos podem surgir. Muitas vezes, uma rápida conversa com profissionais em áreas diferentes dentro de uma companhia (ex. Marketing, TI ou Produto) revela novos produtos em potencial.

Entre os possíveis resultados de negócio obtidos a partir da criação de produtos digitais, daria destaque aos seguintes:

  • Gerar novas fontes de faturamento;
  • Maximizar eficiência operacional;
  • Criar novos produtos e serviços;
  • Criar novos canais digitais para distribuição de produtos ou serviços;
  • Otimizar a experiência dos clientes ao interagirem com uma marca e seus produtos ou serviços;
  • Estabelecer parcerias com outros players de mercado.

Bons produtos resolvem problemas.

Um exemplo que reúne algumas dessas características é um produto que desenvolvemos para um de nossos clientes — uma seguradora. O case surgiu a partir da necessidade de otimizar o processo de geração de cotações e emissão de novas apólices de seguro da empresa.

Nesse desafio, a solução construída — um produto digitaltornou-se responsável por significativa parte do faturamento atual da companhia, reduzindo de dias para minutos o tempo necessário para emissão de uma nova apólice de seguro. Conheça mais detalhes sobre este case em nosso site.

Enfim…

Encontrar um problema que valha a pena ser resolvido ou gerar um benefício para um grupo de pessoas ou clientes, através de um modelo de negócios viável são pré-requisitos chave para criar um produto digital de sucesso.

Além disso, a utilização de técnicas como design thinking, desenvolvimento ágil de software, mindset enxuto, criação de produto mínimo viável, validação de hipóteses e frequentes incrementos no produto com base nos feedbacks dos usuários maximizam as possibilidades de atingir o encaixe entre o produto-mercado o mais cedo possível, tornando-o sustentável economicamente.

Produtos digitais podem, portanto, surgir no contexto de organizações tradicionais, inovadoras ou exponenciais como soluções para impulsionar negócios gerando novas fontes de faturamento, otimizar processos e eficiência operacional, ressignificar a forma como as pessoas interagem com empresas e seus produtos ou serviços, ou até mesmo mudar padrões de mercados inteiros.

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Gustavo Mayer
Trinca137

Entrepreneur, Nature Addicted, Traveler and CTO @ Trinca.