Squads ágeis: como a auto-organização pode otimizar o trabalho e aproximar o time

Michele Citolin
Trinca137
Published in
4 min readOct 25, 2018

Os métodos ágeis envolvem um conjunto de práticas e comportamentos que servem para acelerar e otimizar o ritmo dos processos de desenvolvimento de software. Diferente dos métodos tradicionais de trabalho, os métodos ágeis tentam desburocratizar os processos para que o ciclo de desenvolvimento seja reduzido.
Dentro desse conjunto, formam-se os times ágeis, que consistem em grupos de pessoas com competências distintas, mas complementares. Esses profissionais se unem para colaborar e co-criar, a fim de atingir juntos objetivos e resultados.

Para Andy Barbosa, no livro “A essência do Agile Coach”, os times ágeis não só cooperam em todos os aspectos, mas também compartilham aquilo que é tradicionalmente conhecido “a função do gestor”, como planejamento, organização, normas internas, definição de metas, revisão de desempenho, estratégias de gerenciamento, aprendizado e crescimento.

Segundo o autor, algumas das práticas desses times são a colaboração, a auto-organização, a autonomia e responsabilidade, o foco, a generosidade e a comunicação. Em relação à auto-organização, os times devem entender que todos podem e devem participar de decisões importantes. Ou seja, o grupo toma decisões baseadas no consenso, e sempre pensando no bem de todos. Esse ponto reforça, um dos doze princípios do Manifesto Ágil, que defende que as melhores arquiteturas, requisitos e design emergem de times auto-organizáveis.

Mas, na prática, o que significa ser um time auto-organizável?

Aqui na Trinca, por exemplo, nos organizamos em squads ágeis, que consistem em grupos de pessoas multidisciplinares que possuem todas as habilidades, conhecimentos e ferramentas para desenvolver um produto/projeto em questão. Na prática, são times ágeis, que escolhem sua maneira de trabalhar muito além de arquitetura ou tecnologia. Escolhem em que horário serão feitas as cerimônias scrum ou kanban, e se por acaso tiver algum outro framework ágil que se encaixe no contexto, também pode ser implementado. Decidem como será estruturado o processo de deploy, code review, testes, como as tarefas serão separadas, quem é responsável por cada coisa e quais serão os meio de comunicação utilizados.

Esse é um ponto interessante: o meio de comunicação.

Muitas vezes o meio de comunicação é pré-determinado pela empresa, e todos os integrantes acabam usando o mesmo, criando um padrão de comunicação. Porém, vou relatar uma situação real que aconteceu no time em que trabalho, e que tem vários colegas que trabalham de forma remota.

Tell me more

Na Trinca, o trabalho remoto faz parte da cultura da empresa, e essa dinâmica requer que os colegas estejam sempre online na ferramenta de comunicação que utilizamos, o Slack — que sempre foi o nosso canal principal. Por lá, fazíamos todas as perguntas. De algumas, surgiam discussões que geraram reuniões, e outras não. Contudo, notamos que algumas vezes, quando um assunto precisava ser discutido, as conversas aconteciam naturalmente entre quem estava presente fisicamente na empresa, e quem não estava acabava não participando. E, pelo contrário, quem estava remoto muitas vezes acabava falando com outras pessoas separadamente. Por isso, o squad tinha esse anseio de validar as soluções de uma maneira mais natural e em conformidade com todos do grupo.

Eis que um colega, gamer nas horas vagas, propôs que a gente testasse o Discord. Nessa ferramenta, as pessoas entram em um canal que te permite se comunicar com todos que estiverem ali naquele momento. Não tem necessidade de escrever ou chamar uma call: qualquer problema pode ser resolvido apertando um botão e dizendo “Ei, alguém pode me ajudar?”.

Agora, os integrantes do squad ficam online na ferramenta, todos no mesmo canal de comunicação. Conversam o dia inteiro como se estivessem sentados um ao lado do outro. Com isso, a utilização da ferramenta aumentou o compartilhamento de conhecimento entre o grupo, agora as soluções são pensadas ainda mais em conjunto e validadas nos grupo.

A sugestão não surgiu por algum ruído de comunicação ou dificuldade. Pelo contrário, o time tem uma comunicação muito boa, o que sempre foi um ponto forte entre os colegas. No entanto, acredito que, cada vez mais pessoas trabalhando remoto, a falta de ter os colegas lado a lado para conversar provocou a busca por uma nova ferramenta de comunicação: algo que nos aproximasse ainda mais.

Pode até ser um exemplo simples de uma decisão do time. Contudo, costumamos colocar algumas práticas de times ágeis como utópicas ou criamos objetivos utópicos para elas. Quando os times desenvolvem produtos para clientes, algumas decisões não ficam com o time. Nós temos sempre a liberdade para propor a melhor maneira de fazer, mas muitas vezes o poder de decisão está com o cliente.

Go team!

Mas não é por isso que nossa maneira de trabalhar vai ser pior ou que vamos deixar de evoluir. Pelo contrário, precisamos sempre procurar maneiras e alternativas de trabalhar melhor, fazendo que o time cresça junto.

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