Eu, uma mochila e incertezas

Mateus Santana
Trip do Mohamed
Published in
6 min readJan 15, 2017

Uma viagem solo em Lençóis na Chapada Diamantina realizada entre 26 de dezembro de 2016 a 2 de janeiro de 2017.

Viajar sozinho sempre é uma incógnita, uma caixinha de surpresas, nunca se sabe o que pode acontecer, mas pensar positivo e no sucesso da viagem é importante para afastar toda a negatividade da viagem.

2016 foi um ano de grandes realizações e mudanças na minha vida ( bads e alegrias ), mudança de emprego, fim de namoro, entrada numa faculdade federal, e, é óbvio algumas viagens para meu currículo de aspirante a mochileiro.

Voltando ao assunto principal, Lençóis, Chapada Diamantina — Bahia ❤

Primeiro dia em Lençóis, 29 de dezembro — 2016

Confesso que sou apaixonado pela chapada desde da minha primeira ida em junho de 2016. Passei duas noites naquela ocasião em Lençóis e 5 noites no Vale do Capão ❤.

Em meados de dezembro recebemos na empresa a notícia que teríamos férias coletivas na empresa após o natal com retorno no inicio de janeiro, nem queria rs.

Já estava pensando em alguma viagem de fim de ano, estava na dúvida se iria para alguma praia, serra, ou uma cidade mais agitada, foi ai que resolvi voltar para a tranquilidade das trilhas e das cachoeiras da chapada, especificamente em Lençóis já que na minha última passagem por lá foi muito curta e tinha alguns rolês que não tinha feito por lá. Fiz um planejamento básico da viagem em uma planilha, vi os locais que queria visitar, o máximo que iria gastar, paguei o camping, comprei as passagens e fui. pra minha infelicidade que buscava paz, tanto a cidade e o camping estavam cheios, mas segue a vida, fazer o que né ?

Viajar sozinho, sem ninguém conhecido ao lado pra conversar pode ser em muitos momentos desconfortável, chato. Chamei alguns amigos, algumas crushs ( pra tirar umas fotos fofas, não vou mentir ), mas quase ninguém que convidei não poderia ir nas datas que eu iria ou estava com outros planos ou sem grana, então me retei e resolvi repetir a dose de ir viajar sozinho.

Você nunca estará sozinho, sempre terá alguns baianos, mineiros, pernambucanos e paulistas

Em meios as desconfianças você vai criando coragem e puxando assunto na van com alguém que tá do seu lado a caminho de uma trilha, ai rola a primeira pergunta, se a primeira vez da pessoa naquele lugar e por ai vai. No dia seguinte vocês estão na mesma trilha, e a noite acaba encontrando essas pessoas, algumas vão dormir outras te chama para ir para bar bem escondido onde tem uma música ao vivo das boas, ai conversa vai e vem, boas risadas, dicas de onde ficar, qual rolê a pessoa deve ir em Salvador ( eu indico sempre o Rio Vermelho e Pelourinho ), depois de umas 3 cervejas, começo a mandar áudios... ás 02h fechamos a conta, vou pro camping.

Passando pelas áreas do camping, acaba rolando uns bom dia, boa tarde e noite, algumas conversas rápidas, ai tu conhece um pessoal de Brasília ( obrigado Carla e Cláudio pelo bolo de banana e pelas dicas sobre a Chapada dos Veadeiros ), Minas Gerais ( galerinha de Ubah, só lembro o nome do Gabriel ), Pernambuco ( Bia, Luana, Vó da Lu ❤ ), São Paulo ( Gabi e Livia ), Os Chineses ( Marisa Chan e Seu Chan ) e alguns hermanos da Argentina. Até um conhecido encontrei o Peu aqui de Abrantes, estava com namorada no camping.

Quando você está sozinho, sempre alguém vai rolar esse diálogo

Pessoa: Você está sozinho?

Eu: Sim, estou.

Pessoa: Que legal! Mas não faz medo não?

Eu nunca vou está 100% do meu tempo pensando que as coisas vão da erradas, se fosse assim nem iria, é o pensamento positivo, good vibes que me deixa mais tranquilo, que deixa as coisas acontecerem como devem ser, naturalmente, as vezes sem planejamento. Sim, penso nas coisas ruins que podem acontecer e como superar, sempre visualizo essa situações procurando uma solução caso aconteça, já tenho em mente o que fazer para me livrar logo. Exemplo disso foi o perrengue para dormir, o saco de dormir e o colchão térmico ( finíssimo ) que levei, não era tão confortável para dormir com eles, então toda roupa suja eu colocava em baixo do do colchão para dar um aliviada, na última noite eu tinha uma cama king size na minha barraca rs. Já imaginava que isso poderia acontecer e tinha pensado numa possível solução, não quis levar um colchão inflável pois queria tudo em uma mochila só.

Observações: Segundo meu amigo Diego Jones, colocar roupas em baixo do colchão térmico aumentar mais ainda o calor gerado pelo colchão e isso aumenta as chances de infecção bacteriana e atividades viral ( como a gripe ). Além do desalinhamento da coluna durante a noite que pode causar com o tempo problemas como escoliose que no caso eu já tenho e não fiquei gripado, então tá ótimo rs.

Obrigado Jones, farmacêutico miserê da bahia ❤

Liberdade

Acordar na hora que quiser, tomar um banho, se arrumar, ir em uma biboca legal tomar um café reforçado, cuscuz com ovos quase sempre, seguido de um iogurte natural com mel e granola, comprar água e lanches para o dia, procurar um guia/agência para fazer alguma trilha, sem atrasos ? sem esperar por ninguém ? Pareço um pouco egoísta, mas todo mundo deve fazer isso um dia. Liberdade, isso se tem quando viaja sozinho, sua regras, seus horários, sua laricas do jeito que você quiser. Mas o preço que se paga é uma tal de solidão… que o povo tanto fala, que não existe na maioria das vezes, mas não pode ficar se cobrando por isso a decisão foi sua, lembre-se. Uma coisa ruim também é não tem ninguém certo pra dividir a conta do boteco, restaurante e da cerveja contigo, isso é muito ruim rs. Mas são escolhas né ?

Lembre-se

Sempre vai existir pessoas legais nos grupos que são formados para ir para as trilhas e passeios, basta interagir, as vezes fica complicado quando se tem um lutador de UFC do seu lado na van, mas segue a vida, ai do nada aparece uma inglesa que desenrola um portunhol muito louco, uma mistura de inglês britânico, com um espanhol e um português tímido, mas o importante no final de tudo é as experiências, que são trocadas, as histórias, os laços que são feitos, isso você leva pra vida toda. Thank you Fiona and Mark.

Estar em paz consigo mesmo

Chegar em baixo de uma cachoeira com uma queda de uns 15 metros com a água caindo sobre os ombros com uma força absurda mas ao mesmo tempo massageando o meu corpo, depois de uma trilha puxada de 7km com subidas e decidas, várias e várias pedras enormes pelo caminho, durante duas horas e meia de caminhada não a nada mais recompensador do que esse banho em águas geladas para se refrescar recarregar as energias para voltar. Isso aconteceu no dia 31 de dezembro de 2016, sentei em baixo de uma queda d'agua mais leve e fechei meios olhos e comecei ver um filme da minha vida em 2016, as coisas boas e ruins, os aprendizados, os erros que cometi, as pessoas que eu machuquei as pessoas maravilhosas que surgiram, os perrengues, os desafios e agradeci por tudo isso, agradeci muito, em baixo das águas da Cachoeira do Sossego eu renovei minhas energias, minhas esperanças para o ano que vinha a se iniciar, um novo clico.

Agradecimentos

Agradeço ao meu bom Deus, pelo dom da vida e da natureza maravilhosa, a minha velha por tá sempre preocupada comigo em todas as viagens, aos meus amigos que mesmo distante estavam torcendo por mim de alguma forma emanando sempre energias positivas, perguntando como estavam sendo a trip, obrigado a todos ❤

Até a próxima.

Estarei escrevendo outros posts, aqui no medium, detalhando como foi cada dia durante essa minha última viagem.

Edit 1: Adicionei a informação que meu amigo Jones me passou.

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Mateus Santana
Trip do Mohamed

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