O Frango

Bola na rede pra fazer o gol

Natan Andrade
tripa

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O filha da puta não conseguiu agarrar a porra da bola. É tão difícil assim? Entender o calor, pular na direção certa e garantir, numa defesa simples, que o dois a dois, vitória no campeonato, não se tornasse numa humilhante virada, colocando o time inteiro na mais completa desgraça (pelo menos até começarem as disputas estaduais)? Eu acho que não. E também odeio o gol fora de casa.

O momento era único. Tá certo que o meia falhou lá na frente, naquele passe errado que seria o prenúncio do fim. Tá certo também que a zaga do time era uma completa desgraça. Eu sei de tudo isso. Mas quando a bola ultrapassa a última linha de defesa e a dupla de ataque inimiga invade o front, sedentos de rede balançando, torcedor não quer saber de falha aqui ou acolá, eles querem é ver o muro não ceder.

E quando o tiro de canhão arranca suor das redes é como se a bala quebrasse em milhões de outras, atingindo o peito cada torcedor incauto. Não importa se o meio tonteou, se a zaga não ajudou ou se o árbitro falhou. Nada disso. O futebol não é uma caixinha de surpresas, é uma caixa de desgraças. O peso da bola não balança somente às redes, balança também os corações. Falo com propriedade, mais do que gostaria, pois as redes que se agitaram eras as minhas, e o goleiro frangão era eu. Três a dois. Sobe o árbitro. Fim de papo.

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Natan Andrade
tripa
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Escrevo histórias de amor, de boteco e mais algumas coisas.