Fuji X100s, camera sem espelho mas com muitos recursos (Mauro Pimentel/Trombone)

Uma câmera
profissional de bolso

Câmeras sem espelho são a opção certa para quem quer aliar discrição com resultados profissionais

Mauro Pimentel
Trombone Media
Published in
5 min readJul 14, 2015

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A tecnologia das câmeras fotográficas está num ciclo onde antigas soluções reaparecem aprimoradas e resolvem problemas atuais. O sistema de câmeras digital single lens reflex (DSLR) é hoje o mais usado entre fotógrafos profissionais. Os modelos de melhor desempenho são grandes, pesados e denunciam sua presença com facilidade.

Além disso, há o fato de todos saberem que trata-se de um objeto de alto valor. Isso aumenta o interesse em furtos e roubos, algo que um fotojornalista e os entusiastas da fotografia precisam considerar a todo momento, principalmente em cidades como o Rio de Janeiro.

Foto tirada com a mirrorless Fuji X100s na apresentação da banda ReggaeJota, em Jacarepaguá (Mauro Pimentel/Trombone)

Um novo sistema de equipamentos está em ebulição e ganhando cada vez mais adeptos. Mirrorless (da tradução do inglês, sem espelho) são câmeras que — como a definição aponta — dispensam uma caixa de espelhos, o que reduz consideravelmente seu tamanho.

Sites especializados como o Imaging Resource consideram o termo “sem espelho” ruim: passa uma falsa impressão de que falta alguma coisa ao equipamento quando, na verdade, ele oferece um grande avanço tecnológico.

O fato é que, sem a estrutura de espelhos e sem o barulho desses espelhos subindo e baixando (daí o clique), temos à disposição câmeras de dimensões bastante reduzidas e utilização sem tanto alarde com resultados tão bons quanto os das DSLR.

O retorno do espírito Leica

Em 1929, Oskar Barnak lançou na Suíça uma câmera compacta que não fazia muito ruído ao fotografar — opa! A praticidade de utilização tornou o modelo um sucesso instantâneo. A Leica vendeu suas primeiras 1.000 unidades naquele ano. Anos mais tarde, através do trabalho de Henri Cartier-Bresson, essas câmeras se tornaram sinônimo de boas fotografias.

Para os adeptos da fotografia de rua, ou street photography, o momento de migrar para o lado sem espelho chegou. Impossível não comparar essas câmeras com os lendários modelos da Leica. E, assim, sentir uma brisa de flanar pelas ruas fotografando como os maiores de todos os tempos.

Henri Cartier-Bresson em ação em 1939

A fotógrafa Claudia Regina, no site Dicas de Fotografia, fez uma declaração de amor às cameras com esse sistema:

Esses dois pontos foram decisivos pra mim.

1. O fato de ser pequena. Pois fotografo pessoas e acho muito chato apontar uma câmera que parece uma arma para a cara delas.

2. O fato de ser leve. O pescoço agradece.

Eu estava em busca de uma segunda câmera para levar comigo, algo que fosse discreto. Após conversar com alguns amigos e fazer muita pesquisa, atendi ao apelo de uma mirrorless e comprei a Fujifilm X100s (aquela da foto lá no alto).

Trata-se de um equipamento que cabe na palma da mão e no bolso, conta com arquivos em RAW, sensor APS-C e registra 6 fotos por segundo. Isso tudo aliado ao sensor X-Trans CMOS II resulta numa câmera que não deve nada para os modelos top de linha da Canon e Nikon em termos de qualidade de imagem.

Outras marcas também abraçaram o novo sistema. A própria Leica, a Panasonic e a Sony têm ótimos modelos no mercado. Canon e Nikon lançaram seus primeiros experimentos na área nos últimos anos, mas tecnicamente ainda estão muito atrás da concorrência.

Para eventos de familia, em casa, nada melhor que uma camereta (Mauro Pimentel/Trombone)

Ainda não é o momento de um fotojornalista fazer uma mudança radical e adotar uma câmera mirrorless como seu equipamento principal. Há uma boa variedade de lentes para estes modelos de câmera, mas as marcas ainda precisam desenvolver a linha principalmente em relação ao longo alcance (teleobjetivas). A Fuji, por exemplo, ainda não tem uma lente 400mm.

Outra limitação é o foco: as mirrorless ainda ficam devendo para as DSLR nesse quesito. A nova Fuji XT1, no entanto, promete o sistema de auto-foco mais avançado do mundo. É esperar pra ver.

Sempre vale a pena estarmos atentos às mudanças. O sistema mirrorless devolve ao fotógrafo a discrição e uma relação mais íntima com o equipamento. Ele volta a ser uma extensão do seu corpo.

Pai e filha no Parque Madureira, e a câmera mirrorless cumprindo bem seu papel (Mauro Pimentel/Trombone)

Ficou com vontade de aderir às câmeras mirrorless?

Grande Angular é a sessão do Trombone dedicada a abordar o universo da fotografia. Nosso ponto de partida é o Rio de Janeiro, a cidade mais fotogênica do país, que também passou a ser a mais fotografada quando a tecnologia digital habilitou todos nós a tirar boas fotos. Publicamos textos sobre trabalhos marcantes, lançamentos, equipamentos, curiosidades, entrevistas e ensaios.

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