Pedra da praia do Vidigal: foto premiada no Leica B&W Photo contest 2012 (Daniel Ramalho/Trombone)

Uma tentativa de criar sentido e relacionamento numa realidade partida

Trombone nasce com a pretensão de explicar o Rio de Janeiro para a geração conectada e criar uma comunidade em torno de discussões relevantes

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5 min readJul 1, 2015

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É difícil fugir de clichês para se referir ao Rio de Janeiro. Uma "cidade partida" segundo Zuenir Ventura. Um "purgatório da beleza e do caos" para Fernanda Abreu. O retrato do Brasil para estrangeiros que experimentam caipirinha em Copacabana — e para outros tantos que ainda não pisaram na areia da praia mais famosa do mundo, mas fazem planos de aportar por ali em breve. Enfim, o Rio é uma fonte inesgotável de assuntos que variam do bizarro ao incrível, do que choca ao que inspira, do que revolta ao que dá prazer.

Também é difícil ficar indiferente a tudo que acontece na antiga capital do Império e da República, uma cidade em ebulição constante. Por vezes, é ainda mais difícil entendê-la. Raramente, viver no Rio foge de outro clichê: uma relação de amor e ódio, tapas e beijos, em que tentamos aproveitar ao máximo os prazeres (um banho em dia de mar caribenho no Arpoador, aquela cervejinha acompanhada de pastel na mureta da Urca…) enquanto não surgem motivos para novas decepções (mais uma morte estúpida e evitável em "áreas pacificadas", o famoso jeitinho pra tudo do dia a dia…).

A chamada mídia tradicional até cumpre o papel de contar muito do que acontece nessa cidade tão fascinante quanto maluca. Mas é tanta notícia bizarra, incrível, chocante, inspiradora, revoltante e prazerosa sendo disseminada por tanto canal diferente que fica complicado para todos nós acompanhar, entender os "porquês" e os "comos" de tudo — enfim, dar sentido e contexto a essa realidade toda.

Há controvérsia se rainha ou Deus. O fato é que contexto se tornou fundamental (Montagem: Trombone)

Por que a sensação de insegurança aumenta embora as estatísticas não comprovem o crescimento da violência? Por que os preços sobem mesmo em um contexto de crise econômica em que a demanda teoricamente é menor?

Essas e outras questões demandam explicações complexas — que o noticiário diário, em geral, tem dificuldade em fornecer. Para respondê-las, criamos o Trombone. Somos um time de jornalistas, fotojornalistas, videomakers, designers e economistas nascidos, criados, radicados e/ou interessados no Rio de Janeiro — assim como você, o nosso público.

Inspirados em iniciativas de sucesso no exterior como Vox (EUA) e De Correspondent (Holanda), temos a humilde pretensão de organizar e adicionar contexto à corrente interminável de notícias sobre a cidade. Vamos abusar de textos, gráficos, ensaios fotográficos, vídeos curtos e mini-documentários — não são a mesma coisa, acredite — com potencial de disseminação pelas redes sociais.

É cada vez mais assim que consumimos informação hoje em dia.

Porque é mais conveniente. Porque é mais acessível. Porque o leitor prefere. Vemos essa situação como uma oportunidade e não como uma barreira ao jornalismo de qualidade. E aí vale uma observação importante: acreditamos que jornalismo de qualidade não é aquele que oferece um produto completamente acabado ao leitor sem jamais perguntá-lo sobre a sua importância e relevância.

Também não confiamos em propostas que pedem sacrifícios ao leitor. Muito pelo contrário. Nosso objetivo é satisfazê-lo, mostrar que criamos uma maneira efetiva de acompanhar o noticiário, para que possamos caminhar juntos.

Para nós, jornalismo de qualidade é, acima de tudo, um serviço.

E para prestá-lo precisamos levar em consideração o interesse do nosso leitor. Empresas dos mais variados setores já reconheceram há tempos o potencial das redes sociais para estabelecer uma conversa de duas vias, um relacionamento direto com seus clientes. No jornalismo, essa tendência ainda é muito tímida, embora a tecnologia já esteja aí à disposição.

A maioria dos veículos de comunicação usa a caixa de comentários de seus sites apenas como um depósito (para não dizer uma lixeira) de opiniões por onde os jornalistas raramente passam os olhos e as redes sociais como simples canais de promoção de conteúdo, geradores de tráfego para seus sites. Como não têm interesse em ouvir o usuário, não moderam a discussão, se omitem de fomentar trocas de ideias construtivas. Assim, o ódio e a discriminação correm soltos.

No Trombone, queremos fazer diferente. A partir do dia 1, nossos profissionais vão funcionar como líderes de uma conversação que, com sorte, vai criar inúmeras contribuições e melhorar a qualidade de nossos canais — além de gerar ideias para reportagens originais sobre temas ignorados ou pouco abordados pela mídia tradicional.

Assim, nos próximos dias, você vai entender porque a prefeitura do Rio de Janeiro quer destruir um dos pontos de intersecção da "cidade partida" em uma favela da zona sul — o hotel/bar/balada The Maze, em Tavares Bastos. Também vamos tentar explicar porque a Baía de Guanabara é tratada com um vaso sanitário pelos governantes do estado, apesar de terem sido direcionados bilhões de reais à sua despoluição — um projeto de 23 anos.

Falaremos ainda de assuntos mais agradáveis porque o Rio também tem isso de sobra. Empreendedores que criam à base de suor e inventividade seus negócios dentro de favelas. Os novos esportes que surgem toda hora e chamam a atenção do carioca e do apaixonado pela cidade. Por aí vai…

É só o ponto de partida. Você está convidado a entrar nessa conversa com a gente no Facebook, no Twitter, no Instagram, no YouTube e aqui no Medium. Dê ideias, comente, recomende, compartilhe. Faça parte do nosso conselho editorial a partir do seu aparelho preferido desde a sala da sua casa, do ônibus, do metrô ou da cadeira na beira da praia — enfim, como e de onde você quiser. Qualquer dúvida, nos escreva. Teremos prazer em responder.

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