Blockchain para identidade digital e privacidade

Marison Souza
Trubr
7 min readApr 27, 2018

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Dentre as diversas aplicabilidades da tecnologia de Blockchain, uma que mais chama atenção é a possibilidade de termos uma identidade digital com informações privadas de forma descentralizada e segura.

Já existem iniciativas e serviços que usam a ethereum pública para assinatura de documentos, registro de dados pessoais, e plataformas como Uport e outras open-source em estágio inicial, desenvolvimento e experimentos. Mas o que gostaria de apresentar aqui é a plataforma eID+, já em produção na europa, e que a Trubr lança no Brasil.

A Trubr trabalha com soluções baseadas em blockchain e criou junto com a empresa suíça Procivis AG a versão aprimorada para o Brasil da plataforma “eID+” que é um aplicativo Android e iOS que serve como uma identidade digital validada na blockchain permissionada que pode ser tanto baseada em Hyperledger Fabric quanto Ethereum Private Blockchain.

eID+ — Identidade digital na Blockchain

O eID+ permite a identificação de pessoas com total controle e segurança em relação a sua privacidade na blockchain. Isso pode ser usado para diversas aplicações corporativas, por exemplo: Registro de pontos, documentos de compras, transações entre órgãos e cartórios, identidade digital, entrada em estabelecimentos, votação eletrônica, entre outros.

O sistema já está em produção pela população na Suíça por exemplo onde diversos serviços públicos e privados podem ser consumidos através de uma identidade digital no aplicativo, sem mais burocracias, papel, cópias autenticadas, assinatura digital com cartões ou tokens… tudo isso já é passado.

Como funciona o eID+

Alguns poucos casos que a identidade digital do eID+ pode rapidamente substituir e melhorar o funcionamento atual:

  • Login seguro em sites e serviços no padrão OpenID;
  • Assinatura digital de documentos sem precisar de cartões ou tokens;
  • Qualquer forma de acesso em locais físicos como residências, empresas, shows, eventos;
  • Pagamentos de contas e compra direta de produtos;
  • Realização de provas, concursos, votações;
  • Geração de boletos, impostos, certidões e documentos pessoais;
  • Acabar com o “CPF na nota senhor(a)?” hehehe! :)

O eID+ é a base da plataforma “Val:id” que fornece de forma gratuita para qualquer pessoa a possibilidade de comercializar suas informações pessoais com terceiros sem o uso de intermediários. No atual cenário onde se discute muito a respeito de privacidade das informações e como as empresas de tecnologia devem tratar esses dados, a plataforma surge como solução imediata para esses problemas.

O caso da Cambridge Analytica e o GDPR

Recentemente vimos Mark Zuckerberg respondendo as mais diversas perguntas sobre privacidade e uso das informações pessoais dos usuários em audiência pública após o escândalo da Cambridge Analytica.

Em 2014 o Facebook permitiu que um pesquisador russo da Universidade de Cambridge utilizasse com fins acadêmicos dados dos usuários coletados através de um app publicado na rede social — Mas ele resolveu depois vender os dados para a consultoria Cambridge Analytica que possui acusações de ter influenciado decisões políticas na europa e EUA. O Facebook descobriu e baniu o usuário, além de exigir que os dados fossem apagados mas resolveram não falar nada ao público, até que em 2018 a polemica veio a tona a partir de denúncias.

Todo esse cenário nos leva a pensar como nossas informações pessoais são valiosas e deveriam ser melhor protegidas por aqueles que usam esses dados como moeda de troca para garantir a gratuidade dos serviços.

Em 2016 o GDPR (general data protection regulation) foi adotado em abril de 2016 pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu, após mais de quatro anos de negociações e que substituiria o DPD (Diretiva de 95). A nova regra serve para garantir aos cidadãos da União Europeia mais controle sobre seus dados pessoais e tornar as empresas que coletam, processam e armazenam dados empresas mais responsáveis.

O principal objetivo do GDPR é levar a um aumento na qualidade dos dados que são armazenados, e suas regras podem se basear em: “não entre em contato com ninguém, a menos que peçam claramente para que o contato seja feito. Não assuma o que eles querem ouvir de você, e não envie informações irrelevantes que não tenham sido solicitadas”.

Um dos pontos mais polêmicos do GDPR é o direito de esquecimento exposto no artigo 17 (http://www.privacy-regulation.eu/pt/17.htm) , que significa que a qualquer momento um usuário pode solicitar a exclusão de todas as informações a seu respeito, tanto dados públicos quanto informações internas e analíticas. Independente de questões jurídicas sobre o tema, existem questões técnicas que tornariam difícil a garantia dessa exclusão: Se o usuário aceitou compartilhar as informações em apps de terceiros? Se dados públicos foram indexados por buscadores e sistemas de indexação? Se existem citações em artigos e notícias de terceiros como ficaria a liberdade de expressão?

Além de questões técnicas dificultarem o cumprimento efetivo de um pedido de esquecimento, não podemos esquecer do “efeito Streisand” que remete ao ocorrido em 2003 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Streisand) quando a cantora Bárbara Streisand processou um fotógrafo e um site de venda de fotografias online em U$ 50 milhões devido à divulgação de uma foto aérea de sua mansão no litoral. Ocorre que devido à repercussão do caso a foto acabou sendo compartilhada milhares de vezes (talvez milhões até hoje) e o objetivo da ação que era proteger a privacidade da cantora se tornou nulo.

Esses são apenas poucos de milhares de casos de problemas com privacidade da informação que acontecem no mundo inteiro e que pode ser resolvido com o uso de uma plataforma robusta baseado em blockchain. Por isso apresentamos a Val:id.

Val:id — Blockchain para controle de seus dados

Com o objetivo de dar poder aos usuários em controlarem e até mesmo comercializarem seus próprios dados pessoais, a empresa suíça Procivis AG, fundada pelos empreendedor Daniel Gasteiger, lançou em 2017 a iniciativa “Val:id” que é um protocolo seguro para que pessoas possam proteger e compartilhar informações pessoais na blockchain através de uma identidade digital. É um projeto da Valid Foundation, organização sem fins lucrativos.

Leia o artigo “E se quem monetizasse seus dados fosse você? ” da sócia da Trubr Edelweis Ritt.

https://medium.com/trubr/e-se-quem-monetizasse-seus-dados-fosse-voc%C3%AA-7e265e505116

Com o “Val:id” seus dados ficam protegidos na blockchain em um aplicativo para iOS e Android e você poderá compartilhar e vender esses dados mediante sua aprovação explícita diretamente com as empresas que solicitarem esses dados, sem intermediários.

Por exemplo: Ao fornecer a informação de que você “mora em São Paulo, possui 22 anos, estuda Engenharia, gosta de Led Zeppelin e torce para o Remo” em uma rede social, você está fornecendo gratuitamente informações pessoais para que a rede social possa vender esse perfil para empresas que queiram lhe entregar publicidade para esse perfil. Quanto mais informações você fornece, maior é o seu “valor de mercado” para a rede social pois maior é a profundidade de perfil que eles podem estabelecer ao vender publicidade.

Agora imagine se você pudesse vender essas informações diretamente aos interessados sem passar por nenhum intermediário? É essa a proposta da “Val:id”.

Através do marketplace as empresas poderão realizar ofertas para determinado perfil de usuário e podem estabelecer que querem pagar “0,20 VLD” para este conjunto de informações. Você receberá um pedido no celular dizendo que a empresa “X” deseja acessar seu nome, e-mail, telefone, geolocalização, média salarial e nome da empresa onde trabalha e lhe pagar “0,20 VLD” por isso. Em outra situação a empresa deseja realiza uma enquete com X milhões de usuários do sexo masculino e pagar “0,005 vld” para cada resposta — você receberá essa oferta e pode optar se quer ou não responder e ser pago por isso — nesse caso não há compartilhamento de dados, apenas o consumo de um serviço.

Mas o que é VLD?

VLD é o token da “Val:id” que é baseado em ethereum e pode ser comercializado através de criptomoedas na exchange “Lykke” (www.lykke.com). Você receberá pagamentos nessa moeda digital e poderá trocar por Bitcoin, ethereum ou sua moeda local se preferir.

A “Val:id” concluiu a sua ITO (initial token offering) em 18/03/2018 e recebeu aproximadamente U$ 10 milhões em compra inicial do token VLD. Até a data da escrita deste artigo o token estava disponível apenas na exchange “Lykke” (27/04/2018).

Leia o whitepaper da Valid em Português no link abaixo e entenda o propósito do projeto:

http://acervo.maven.com.br/pub/trubr/

Val:id — Leia mais sobre o projeto

Você pode querer ver como funciona na prática — então veja este protótipo em https://www.youtube.com/watch?v=SGwqWhjXIQs

https://www.youtube.com/watch?v=SGwqWhjXIQs

Caso tenha gostado da proposta da Val:id e quer saber mais, participe do grupo público no Telegram em https://t.me/valid_global

Sobre a Trubr

A Trubr, startup de Porto Alegre-RS, é a parceira da Procivis AG no Brasil e desenvolve aplicações baseadas em blockchain permissionada para empresas e órgãos do governo com foco em Hyperledger e Ethereum. A trubr foi fundada por Aline Deparis, Marison Souza e Edelweis Ritt em 2017.

Visite o site em http://www.trubr.com

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