Re-senha: Perfeita É a Mãe 1/2

Como uma comédia pode brincar com as exigências do mundo sem ridicularizar?

Marcelo Grisa
Tubo de Explosão
3 min readSep 20, 2019

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Perfeita É a Mãe (Bad Moms, no original) é um filme de comédia estadunidense escrito e dirigido por Scott Moore e Jon Lucas, roteiristas de Se Beber, Não Case. O primeiro de dois filmes com o título saiu em julho de 2016, e o segundo, aproveitando o sucesso do primeiro, em dezembro de 2017.

O longa conta a história de Amy (Mila Kunis), Kiki (Kristen Bell) e Carla (Kathryn Hahn), três mães que lidam de maneira muito diferentes com as exigências sociais de serem mães. Em comum, as três estão de saco cheio de não serem consideradas o suficiente para a sociedade que as cerca.

No que ser as melhores pessoas possíveis se torna algo que as cansa, as humilha e gera estresse constante, ela resolvem relaxar. Beber, fazer estripulias num supermercado… E lutar para que o Conselho de Pais e Mestres não encoraje o comportamento de constante perfeição para pais e alunos.

O roteiro tem ótimas sacadas que brincam com as comédias zoadas da última década sem fazer pouco caso dessas mulheres e do que elas passam. As piadas também mostram como é complexa a tarefa de as mães atenderem as expectativas da sociedade.

As atrizes estão ótimas também. O elenco de apoio funciona bem, até mesmo com as crianças, mostrando pessoas desenvolvidas o suficiente para superar a média dos pastelões dos EUA.

A sequência, Perfeita É a Mãe 2, segue a mesma linha. O roteiro cai um pouco por entrar demais no fato de ser um filme de comédia natalina, mas a introdução das avós na jogada dá uma nova camada para a forma como Amy, Kiki e Carla criam seus filhos. Elas mostram — com um pouco menos de humor, na verdade — que seus desafios têm origem na forma como foram criadas. Ou seja, apontam para a dificuldade de tentar não repetir os erros que seus pais cometeram consigo na hora de criar a próxima geração.

A série Perfeita É a Mãe, ao contrário do que o nome diz, não é perfeita. Ela ainda é uma comédia padrão dos EUA: muitas coisas sem sentido algum, mesmo que divertidas, e o humor em várias situações é bobo mesmo. Mas tem algo a mais nesses dois filmes que eu respeito. São filmes que procuram rir de forma saudável de problemas reais enfrentados por pessoas de carne e osso. Que zombam das estruturas, que mostram como a hierarquia escolar é ridícula. Assim dá mais gosto rir.

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Marcelo Grisa
Tubo de Explosão

Jornalista, quadrinheiro e feiticeiro. Edita o Tubo de Explosão, está no site Terra Zero e integra o podcast Por Trás da Máscara (PTdM).