ReseMágicka #1 — Homem-Aranha: Longe de Casa

Atire-se para o Mistério!

Marcelo Grisa
Tubo de Explosão
4 min readJul 9, 2019

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O novo filme do Homem-Aranha tem umas questões ideológicas meio erradas, mas é maravilhoso no sentido de desenvolver um herói em sua jornada. Está aqui, entretanto, por uma coisa mais pontual: a capacidade de o Homem-Aranha desapegar do pensamento lógico (ou mesmo emocional) e entregar-se ao instinto puro!

Mas espere, meu caro incauto, pois sim, estou me adiantando.
Esta é a primeiro ReseMágicka — as Resenhas Mágickas! (leia com a voz do Crocker de Padrinhos Mágicos se quiser). Serão análises que falam sobre produtos de cultura pop de um jeito meio… Oculto do resto das análises. Sim, a piada é horrível, mas cá está ela.
O quê certos animes têm a ver com Tarot? O que o caminho mágicko pode falar sobre os super-heróis? Jar Jar Binks… Pera, por quê eu o invocaria? Tudo isso e muito mais aqui, nas ReseMágickas!

Então bora pro nosso amigo da vizinhança, o Miranha!

Tecnicamente, o filme é muito bom. A fotografia explora bem os diferentes lugares da Europa, os sons dão um senso de grandiosidade e comicidade ao mesmo tempo — uma cena parece até coisa do seriado do Chaves, enquanto o tema do filme remete ao Aranha e aos Vingadores igualmente.

SPOILERS À FRENTE!

Peter Parker é um cara que não sabe se deve seguir como um cara normal se formando no colégio depois de ficar morto por cinco anos. A alternativa é ocupar o lugar de um cara que era seu maior herói, a figura paterna mais próxima de um pai que já teve depois de seu tio — que também está morto, aliás. Então todo mundo espera uma coisa ou outra dele, e ele quer fazer o melhor.

Mas o quê ele quer fazer?

Parker é extremamente aferroado aO Enforcado quase o filme inteiro. Ele toma decisões erradas justamente porque recusa-se a encarar a escolha de vida de ser uma coisa ou outra. Ele não sabe nem se quer o caminho do meio em relação a essas duas escolhas — o Aranha não enxerga algo como isso possível.

Isso acontece porque o Aranha é alguém que sempre teve problemas com a figura paterna. Nunca conheceu o pai, perdeu o tio, e agora perdeu o mais próximo que ele teve depois disso. Ver Happy Hogan tendo um relacionamento com a Tia May também não ajuda. E ele se sente sozinho, sem conseguir chegar aos pés de Tony Stark nem ter sua própria vida, e não acha que alguém possa ajudá-lo.

Ao dedicar a maior parte de sua energia para esta escolha importante, Peter Parker deixa de lado aspectos práticos do dia-a-dia. Sua capacidade para fazer todo o resto fica prejudicada. Ele não percebe o perigo vindo de pessoas mal-intencionadas, não percebe que seus amigos estão em perigo, nem mesmo consegue ver quando todas as ilusões sobre essa questão do caminho são atiradas a sua frente para lhe atrapalhar.

Ao final, o Homem-Aranha não é um moleque do colégio. Mas ele não é o Homem de Ferro. Ele é ele, e só ele pode ser ele mesmo. Assim, assumindo aquilo que só ele tem, na forma do Sentido Aranha e personificado no Happy Hogan ajudando-o, ele mostra que pode ser ambos (e muito mais) se desligar tudo e agir com base no instinto, naquilo que ele quer fazer de verdade. Na sua Verdadeira Vontade.

Por trás dos quadrinhos custa apenas R$ 7,00! Compre, compartilhe, recomende e dê a sua avaliação!

O livro tem 153 páginas e fala sobre o uso da metalinguagem no Homem-Animal, da DC Comics, quando escrito pelo renomado escritor escocês Grant Morrison, no final dos anos 80.

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Marcelo Grisa
Tubo de Explosão

Jornalista, quadrinheiro e feiticeiro. Edita o Tubo de Explosão, está no site Terra Zero e integra o podcast Por Trás da Máscara (PTdM).