NOHS somos — uma rede de combate a LGBTfobia

Em Florianópolis, jovens criam iniciativa coletiva para se proteger da violência contra a comunidade LGBTi

Portal Tu Dix?!
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3 min readMay 10, 2019

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Por Beatriz Bento, Camila Cunha e Manoela Bonaldo

U m grupo de Florianópolis, a partir de reuniões com a comunidade, se uniu para construir um aplicativo que promove segurança, assistência e prevenção às pessoas LGBTI. A idealização e o planejamento do aplicativo, chamado Nohs Somos, já tomaram forma, e o projeto agora segue para a etapa de financiamento coletivo. A start-up responsável pelo projeto deu início a a uma vaquinha online e terá 60 dias para arrecadar o valor estipulado de R$ 88 mil para colocar o projeto de pé. A ideia é construir uma rede de segurança no país que registra uma morte por homofobia a cada 16 horas.

O aplicativo usa da tecnologia como ferramenta de apoio entre os usuários. São duas principais interfaces: na primeira, quando o usuário estiver em perigo, pode acionar o botão do pânico. Sua localização e as principais informações são enviadas para as pessoas próximas e seus amigos cadastrados no aplicativo, que podem prestar assistência e chamar a polícia.

“Em uma situação de risco, ligar para a Polícia pode sim ser difícil. Vamos supor que a vítima não tenha tempo para informar seus dados durante a ligação. Isso pode levar minutos! Nesse momento, seus contatos conectados ao app conseguem ajudar, porque eles terão acesso a esses dados”, explica Bruno Jordão, Diretor Operacional da Somos.

Na segunda interface, o usuário conta com um mapa de segurança que mostra os lugares seguros e também eventos, estabelecimentos e profissionais LGBTIs e simpatizantes. Além disso, o usuário pode identificar no mapa se existem relatos de LGBTIfobia em alguma rua, por exemplo, ou antes de ir a um estabelecimento, pode se informar quanto às avaliações que aquele local já teve sobre a receptividade e respeito ao público LGBTI.

“Temos que entender, também, que tipo de violência o aplicativo busca combater, já que os riscos de agressão não são iguais para todo mundo. Por exemplo, uma pessoa heterossexual, homossexual e transexual. As três, só por saírem de casa, já estão vulneráveis à violência urbana. A grande questão é: além dessa probabilidade, tem pessoas que sofrem o risco de serem agredidas simplesmente pela orientação sexual ou pela identidade de gênero, e é esse tipo de violência, em específico, que o aplicativo busca combater”, defende Nadyne Garcia, Diretora de Criação da Somos.

A versão beta será lançada em outubro e a previsão de lançamento nacional será no 1º semestre de 2020.

O aplicativo foi idealizado por cinco amigos que compõem a start-up — dois arquitetos, uma designer, um jornalista e um desenvolvedor (Bruno Jordão, Hottmar Loch, Nadyne Garcia e Felipe Figueira e Douglas Gimli). A concepção do projeto teve início em março e reuniu diversas pessoas da comunidade LGBTI, que foram convidadas para reuniões de cocriação, onde eram debatidos os problemas que cada um enfrenta e quais melhorias poderiam ser agregadas ao app.

“Quando falamos que esse é um projeto nosso, estamos falando de todos que já contribuíram de alguma forma”, ressalta Hottmar Loch, Diretor Geral

Bares e estabelecimentos da rua Victor Meirelles, no centro de Florianópolis, também apoiam a construção do aplicativo. Cada estabelecimento parceiro da iniciativa se propôs a uma ação de marketing social, onde parte da verba arrecadada é revertida para o aplicativo. Os estabelecimentos participantes são Madalena Bar, Lar Doce Bar, Picnic Food, Ateliê 389, Sirene e Tralharia.

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