Amadurecer [SER]

Leone Borges
Pela Metade
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4 min readJul 20, 2018

Bem, baseado no que vai estar escrito aqui, você pode julgar que eu não esteja em um dos meus melhores dias, ou você pode apenas não julgar — só pra começar. Mas oh, não tem problema se você julgar, porque a vida segue e precisamos ser maduros. E porque eu assim como todos, também julgo.

Esse lance de maturidade é realmente muito louco. Porque veja, o fato de eu ter adquirido um olhar um pouco mais “maduro” para certos assuntos, fez com que eu me tornasse um cara mais empático, sempre tentando me colocar no lugar dos outros. Mas também me deixou mais chato, ou talvez seja apenas a idade. Logo, isso deveria ser algo incrível (não o lance de ser chato, a empatia é incrível), mas, confesso que às vezes dá um pouco de medo, de trabalho e cansa. Até entendo que, só em ter essa percepção já é uma grande conquista, porém, quando conquistamos alguma coisa, perdemos outras. Sabe aquela utopia de: “perder para ganhar”, é um bom rhema para vida, afinal ninguém ganha o tempo todo.

Quando comecei a escrever e me interessar por expressar alguma coisa, de qualquer jeito que fosse — lá em 2008 (talvez até antes), costumava falar sobre toda e qualquer coisa, tudo mesmo. Uma infinidade de sentimentos e palavras. No fim, passei a escrever sobre como eu costumava ver a vida, a minha e a dos outros, e, claro nem tudo era exatamente como eu descrevia e muito menos passível de total veracidade, mas aí entendi e decidi que por fim precisava escrever sobre mim, sobre quem eu realmente era, ou como eu estava. E na boa, eu não sou fácil (nunca fui, nem mesmo agora), mas gente, quem é?

O fato é que eu nunca fui o melhor profissional (na carreira antiga), nem o melhor aluno (nunca nem tentei), nem sou o melhor escritor (ah vá), muito menos a melhor pessoa (talvez não pra todo mundo, e tudo bem!), nunca fui um amigo perfeito e minha vida amorosa não existia na maior parte do tempo, mas se eu bem me lembro, exceto ser um bom aluno, eu tentava ser melhor, ao menos me esforçava! Mas veja bem onde estamos.

Dentro desse processo, entendi que errar, errar e errar é comum. Errar na real (quase sempre) é bom e preciso. E como diz a letra de uma música: errar é tão comum quanto conjugar o verbo “querer”. No fim, tudo passa e meus caros de 2008 pra cá, dez anos se passaram. Existem perguntas ainda sem respostas, existem respostas pra perguntas que nem fiz. E já passei por tanta (tanta) coisa, muita coisa mesmo e ter que lidar com todas elas me fizeram ver a vida de um jeito — que as vezes nem eu entendo — só meu, e aí é ótimo, porque amadurecer e sofrer, normalmente está ligado a aprendizado.

Tô ciente que ter 30 anos é chato, mas também é incrível — socialmente eu deveria ter um botão de “maduro” em ON, não tem sido bem assim, até porque em muitos aspectos eu não me sinto assim (MADURO, e as vezes é só porque eu não quero mesmo) mas aceitei os meios pra chegar até aqui e sigo. Mudei de cidade, de vida, de profissão, casei e vou construindo tudo do meu jeito, meio sem jeito. No geral eu só tentei e tento ser feliz, continuo observando tudo. Honestamente, eu sempre tenho um comentário a fazer — mesmo que eu não o faça (em voz alta), simplesmente porque não preciso julgar. Mesmo já julgando, percebe?

Costumo me safar de momentos tensos com a frase: a vida é um morango! Já dei vários significados para isso, mas o que quero dizer é que: a vida é de verdade, se não cuidarmos bem e a conservarmos bem ela apodrece. Seria excelente se tudo acontecesse como em livros fofos e romances melosos, ou até como em trilogias emocionantes, mas não, a vida é de verdade — pelo menos a minha. Gostaria de conduzi-la sem tanta pressa, sem tantos boletos… Mas de tudo que faltou, felicidade não tem faltado e evitar julgamentos gerando mais amadurecimento tem sido um aprendizado revigorante.

Ser maduro, ser adulto, ser de verdade. SER. É divertido se arriscar mudando de cidade, é emocionante pensar em como a vida seria mais simples e bonita como quando estamos apaixonados e vemos nossos sonhos começando a crescer, ali, bem na nossa frente. Não tem nada a ver com: quando olhamos a vida dos youtubers ou dos influencers no nosso feed. Não — isso é outra pauta.

Fatidicamente, a verdade é que fica tudo mais leve quando observarmos o que acontece ao redor e guardarmos o que de fato queremos dizer — quando negativo — e comentássemos apenas aquilo que nos faz crescer e amadurecer, fica tudo mais leve sim.

E calma, eu nunca disse que faço isso sempre, mas tento. Nunca quis dizer que é fácil. Não é! Mas a afirmação: Crescer e Amadurecer, nunca fez tanto sentido quanto agora, não é? Meu marido perguntou pra mim há algumas semanas atrás: quando foi a última vez que eu havia elogiado alguém só porque a pessoa merecia? Quando foi a última vez que eu (ou você) no auge da sua maturidade disse que amava ou se importava com alguém, apenas por que era verdade?

Só pra acabar, eu venho tentando ser melhor de propósito, amadurecer serenamente, crescer (e envelhecer) e ser, SER de verdade. Vamos tentando, as vezes — leia-se quase sempre — eu até consigo entender melhor o Peter Pan, crescer para quê?

Até mais.

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Leone Borges
Pela Metade

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