Bloqueio criativo na escrita: esse é melhor jeito de vencê-lo
Por que encontrar as lacunas é o primeiro e precioso passo para a escrita?
Escrever não é nada mais do que organizar ideias. Inserir as palavras certas no lugar certo, pensando em reduzir o esforço de quem quer preencher lacunas de informação por meio da leitura.
E isso dá trabalho. Tanto trabalho que a resistência em começar é a principal dificuldade de aspirantes à arte da escrita.
Mas existe um remédio que funciona para mim e para muitas das pessoas com quem troco ideia sobre escrita: perguntas.
O processo criativo na ficção e na não ficção parecem diferentes, mas são mais semelhantes do que pensamos porque estão relacionados a um mesmo problema: as lacunas de informação.
Lacunas de informação na ficção
Na ficção, a pessoa leitora geralmente chega ao texto sem qualquer necessidade ou pergunta específica. Estas vão surgindo ao longo da experiência de leitura e são propostas pela narrativa.
A pessoa escritora tem o poder de introduzir perguntas na cabeça de quem lê para depois respondê-las. E claro, essas ideias e respostas são completamente inventadas.
O principal aspecto da ficção é, portanto, a flexibilidade criativa, que abre milhares de possibilidades na narrativa onde quem controla as possibilidades de resposta é quem está criando.
Surgem personagens e, a partir daí, surgem outras perguntas como "quem é ela?", "de onde ela veio?", "por que ela está nessa situação", "como ela vai sair dessa situação"?, "por que ela se comporta assim?".
Na ficção, a pessoa criadora tem total controle do universo em que a vida acontece. Ela quem define as regras, que orienta as perguntas da pessoa leitora, e quem pode responder essas questões.
Lacunas de informação na não ficção
Já na não ficção, a pessoa escritora tem um universo predefinido e com regras claras: o mundo real.
Ela precisa escolher uma das perguntas possíveis sobre o mundo e respondê-la de modo que quem leia consiga ficar satisfeita com aquela resposta.
A flexibilidade criativa na não ficção é menor, ficando mais concentrada nos aspectos estruturais, lúdicos e de tonalidade.
Por ser algo que está no mundo real, é preciso ter um trabalho de pesquisa para se recuperar a informação adequada para suprir uma lacuna ou responder uma questão.
Fornecendo respostas
É por isso que sempre que você estiver pensando no que escrever em frente a uma folha em branco a melhor alternativa é:
- Listar um monte de perguntas aleatórias. Se for ficção essa é uma opção boa porque você pode se sentir forçado a dar respostas criativas para coisas comuns que nem sequer aconteceram. E o céu é o limite. Exemplos de perguntas: o que aconteceu com a pequena Ellen Brown no caminho para a escola? Quem eram os pais de Ellen? Quem foram as últimas pessoas que viram Ellen Brown? O que Ellen Brown estava pensando horas antes de sair de casa?
- Listar o máximo de perguntas que as pessoas têm sobre o assunto que você quer escrever: vai escrever não ficção? Então, qual é a pergunta que está coçando na sua cabeça? Às vezes ela é a mesma de milhares de pessoas, mas além dela, existem outras pequenas perguntas relacionadas que precisam aparecer no processo. Isso vai te guiar no processo de recuperação da informação e tirar o peso e a sensação de que é muito difícil escrever. Na verdade, você só não sabe o que procurar. Com as perguntas fica mais fácil.
Tendo as respostas, a construção da base está pronta. Você só precisa dar os toques finais, o acabamento.