Leitura e Comportamento

Leone Borges
Pela Metade
Published in
3 min readAug 31, 2018
Café e Kindle ❤

Nunca gostei muito de ler.

Mas eventualmente gostava de ler coisas relacionadas a comportamento, a relacionamento e afins. Talvez a falta de gosto pela leitura seja porque nunca fui incentivado quando pequeno, ou apenas porque não nasci com essa aptidão ou interesse. Minha mãe sempre amou ter enciclopédias em casa, livros de autoajuda, romances clássicos e bíblias. Mas confesso que, nunca fui muito fã do Machado de Assis, desculpa mãe.

Eu penso que, não é só porque tive acesso a esse arsenal literário diversificado em casa, que isso faria de mim um guru nerd. Acredito piamente que o incentivo parte muito mais do exemplo que se dá, e não daquilo que se cobra. Já o interesse precisa ser orgânico, genuíno.

A coleção de romances que tínhamos em casa era composta por mais de 35 livros em suas versões quase que originais, uma verdadeira obra prima. Talvez não para um garoto de nove ou dez anos que mal entendia de conjugação básica, “que dirá” português arcaico com estórias nada interessantes para um ser humaninho daquela idade. Sem mencionar as Barsas vermelhas com suas capas duras, um verdadeiro (não) convite a imaginação.

É de fundamental importância salientar que essa foi e é, uma experiencia muito pessoal. Conheço pessoas que tiveram acesso a muito menos que isso e são exímios escritores, leitores e roteiristas. Certamente por vocação, talvez pela motivação correta, talvez fuga… Enfim.

De qualquer forma, nem sempre gostei de me expressar (por uma série de motivos que ainda compartilharei com vocês), mas todas as vezes em que pensei sobre o que gostaria de falar ou de escrever, sempre vinham coisas ordinárias a minha mente, assuntos que haviam sido conversados a pouco, músicas que acabaram de tocar no rádio, sentimentos (não necessariamente meus) ou apenas devaneios.

Em alguns momentos ainda muito novo eu fui exposto, julgado as vezes até exaltado. E me sentia muito, muito inspirado a falar sobre as dores e as alegrias daquele dia, daquele momento. O pior é que nunca fui motivado a falar sobre, então, a coragem de ser transparente a ponto de expor algo íntimo, por menor que fosse, não existia. Sempre fui raso.

A música sempre foi uma coisa me ajudou a entender ou pelo menos digerir os meus pensamentos. Não que eu fosse um Renato Russo ou um Beethoven, longe disso.

Escutando uma música que se chama Tempo (da Sandy), senti naquele momento que a minha vida ia passando, e que por mais que tivesse conquistado muitas coisas, dentro de mim algo ainda estava preso. E olha que essa música já tem mais de oito anos, e a conheço desde o seu lançamento, já perdi a conta de quantas vezes já a escutei. É sempre re-significante!

As vezes acho essas tentativas de descrever sensações vãs. Afinal, é um emaranhado de sentimentos, pensamentos e ideias dentro da cabeça de um cara, que não foi ensinado e não foi incentivado a ler, entender, expressar ou qualquer outra coisa. E isso não é culpa (ao menos não totalmente) da minha mãe ou do meu pai. Talvez seja culpa da vida mesmo, ou minha. De toda forma, vou tentar libertar as palavras que foram se prendendo no vazio confuso das minhas memórias.

Como? Ainda não está totalmente claro, mas o desejo de expor tudo isso é imenso, inspirador e acredito que vai salvar minha sanidade, ou ao menos manter os sonhos sãos. Uma xícara de café e mais dez minutinhos no kindle.

Como é pra você esse relacionamento com a leitura, com a escrita ou até com a música?

Beijo

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Leone Borges
Pela Metade

For over 3 decades, dreaming and trying new things. Always recommending a good coffee!