Mais um aniversário. E agora?

Além da passagem do tempo, esse momento nos mostra o quanto ainda temos a aprender.

Felipe Bittencourt
Pela Metade
3 min readAug 26, 2018

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Aqueles que já me conhecem devem saber que na última semana completei mais um ano de vida. Curiosamente, fui pego de surpresa pela chegada dessa data. Veja: eu não sou o maior entusiasta desse suposto marco, por isso realmente não prestei muita atenção na aproximação da data. Ok, dei mais uma volta ao redor do Sol, mas e daí?

E daí?

Experimentei fazer uma reflexão sobre minha vida até o momento (afinal a data assim o exige), e preciso dizer: esse foi um aniversário que me deixou mais contente do que o normal, e talvez o motivo fique mais claro mais pra frente.

E por favor, que fique claro: não quero aqui levantar a bola de que eu teria sabedoria/experiência imensas. Seria arrogância de minha parte tentar listar as coisas que aprendi ou vivenciei ao longo desses anos como uma maneira de marcar a passagem do tempo e o acúmulo de experiências (isso, inclusive, talvez faça parte do conjunto do aprendizado). Hoje a minha reflexão recai justamente sobre o lado oposto desse muro.

Isso mesmo: sobre o que eu não sei.

Durante a adolescência temos o incômodo hábito de achar que sabemos de tudo, e que já sacamos direitinho como é que o mundo funciona. Nada que um pouquinho de vida não conserte, claro. Passa um tempinho, algumas experiências se acumulam, e voilá! Lá se vai o adolescente sabichão para dar lugar a um adulto que, interpretando o mundo sem as lentes da prepotência, percebe o quanto não sabia e, muito provavelmente, continuará sem saber.

Cara, e como não sei…

Pense dessa forma: não importa quantos anos se passem, quantas experiências você tenha, quantos lugares você visite ou pessoas você conheça, a quantidade de coisas que você desconhece completamente é sempre infinitamente superior ao universo de coisas que você conhece. A qualquer momento da vida.

Entendo como isso pode desencadear uma série de reações de ansiedade para quem se dá conta sobre essa (até o momento) verdade. Mas prefiro encarar de forma um pouco mais otimista: como é libertador não saber!

“Cara, mas do que você está falando? Não era justamente o conhecimento a ferramenta da libertação e emancipação das pessoas? Você está me confundindo, eu vou partir pros outros textos do Pela Metade se você não parar!”

Certamente, o conhecimento é um elemento emancipatório bem importante. Mas pense no quão poderoso é saber que existem inúmeras possibilidades para o conhecimento e experiência que ainda podemos adquirir, e as lições de humildade que podemos tirar daí.

É como se passássemos a vida enfrentando o desafio de montar um quebra-cabeças que nunca estará completo. Saber que ele nunca estará completo, para mim, é uma motivação para buscar as próximas peças, como uma forma de enxergar uma porçãozinha a mais da figura que está sendo montada, sempre querendo ver mais e mais. Você se afasta do tabuleiro e vê que a imagem é muito maior do que quando você começou a montagem, e as pecinhas que você acabou de encaixar estão te ajudando a encontrar suas companheiras que antes estavam totalmente invisíveis. Mais pecinhas se encaixam, e outras tantas se revelam.

Caso você tenha se perdido, essa é aquela mesma figura que, quando adolescentes, achávamos que já tínhamos visto por completo na caixa do jogo.

A noção de que ainda existe muito a ser visto, feito, conhecido, vivenciado, enfim, mais pecinhas, é mais importante do que qualquer passagem de tempo pura e simples. Tem gente que encaixa meia dúzia das peças e se dá por satisfeito com a imagem que se revela, cruza os braços e dá o trabalho por encerrado.

Entendi, afinal, que simplesmente acumular mais idade não faz de ninguém melhor ou mais sábio. E me incluo nesse bolo, com o perdão do trocadilho. Talvez eu esteja me tornando um entusiasta dessa data no fim das contas, mais um item para acrescentar à lista de aprendizados.

É hora de encarar mais uma dessas voltas ao redor do Sol.

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Felipe Bittencourt
Pela Metade

Trekker. Entusiasta do Direito e da tecnologia. Neverending work in progress.