Metrô: um caso de amor

Thais Mello
Pela Metade
Published in
3 min readAug 19, 2018

Ao ler esse título você provavelmente imaginou que o texto de hoje seria sobre alguma história marcante que vivenciei no metrô ou um conto sobre um romance que começou numa estação de metrô.. Mas não. Eu realmente sinto um amor inexplicável por metrô, me deslocar de metrô, estação de metrô, enfim… Todo o universo que envolve dar um rolé de metrô.

A primeira vez que andei de metrô provavelmente foi em São Paulo e devia ter uns 13–14 anos. Lembro de dizer pra minha mãe “um dia vou morar nessa cidade” e, provavelmente, muito dessa afirmação se devia ao fato de na cidade ter um metrô que me possibilitava ir para todos os cantos.

Sabe criança quando quando vai na roda gigante do parque? Sou eu andando de metrô! Adoro aquela atmosfera, desde descida das escadas, até a subida, saindo “magicamente” em outro ponto da cidade, passando pelo submundo das estações (especialmente aquelas com pinturas, anúncios, músicos de rua…), escadas e mais escadas, apitos, passos apressados…

Pensando racionalmente é bem provável que parte do meu amor por metrôs se deva ao fato de na minha cidade (Salvador-BA) o metrô ser uma realidade muita nova e ainda com uma malha metroviária bem pequena, incapaz de atender as necessidades de deslocamento do dia a dia da maior parte da população, inclusive as minhas. Portanto, pra mim, andar de metrô é uma coisa associada ao fato de estar viajando, o que por si só já envolve uma magia, e não à rotina de metrô socado nos horários de pico (mas mesmo assim, já peguei metrô lotaaado, e é INFINITAS vezes melhor do que busão lotado kkk).

Acho adoráveis coisas bobas como a vozinha anunciando as próximas estações, acompanhar os pontinhos luminosos a medida que as estações vão ficando pra trás, olhar os mapas, saber o nome das estações, os sentidos, as cores das linhas, fazer combinações do melhor ponto pra baldear, tudo isso me fascina…

Além disso, o metrô tem um componente social que já me encantou algumas vezes. Já tive a oportunidade de andar de metrô em algumas cidades dentro e fora do Brasil e o que percebo é que é um espaço de convívio social democrático, dividido por todos, desde o vendedor de frutas da barraquinha do bairro, até o grande empresário. Onde se deslocam juntas a evangélica e a menina roqueirona com seu cabelo azul cortado estilo side cut e cheia de piercings. É um lugar onde já presenciei inúmeras pessoas lendo, trabalhando.. coisas que, por exemplo, dirigindo não dá pra fazer. O metrô ainda por cima poupa tempo!

Além disso é um meio de transporte que te faz colocar o pé no chão, na calçada, conhecer a cidade, ouvir as vozes locais, as conversas rotineiras, o corre corre ou o deslocar mais lento dos moradores, costumo dizer que andar de metrô me faz "sentir o cheiro da cidade", proporciona uma experiência única de encontro com aquele lugar e com as pessoas daquele lugar, que andar de carro não lhe permite. É pura sinestesia!

É lógico que eu não sou tão ingênua a ponto de achar que metrô é Disneylândia e não acontecem coisas bizarronas: acidentes, assédios, confusões sinistras, ataques terroristas, mas, faz parte também…

E agora que na minha cidade tem metrô, eu continuo sentindo a mesma coisa? VELHO, eu quase chorei quando entrei no metrô de Salvador pela primeira vez… Não consigo usar o quanto realmente gostaria, mas, sempre que tenho a oportunidade estou lá, porque é realmente algo que me alegra.

As vezes acho que é coisa de maluco isso… kkkk, e você sente uma satisfação enorme fazendo alguma coisa super banal?!

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