Não é só sobre política

Leone Borges
Pela Metade
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5 min readSep 21, 2018

O buraco é realmente, muito mais embaixo.

O que eu digo importa. Mas como dizer?

Pois bem, o que falar sobre o posicionamento político alheio, ou falta dele?

Para início de conversa esse texto se trata apenas da minha opinião, e você não precisa concordar com ela, mas é sempre legal respeitar, né?

Saiba que, eu não sou a pessoa mais politizada que você vai conhecer, logo, já me defendo se por acaso falar alguma besteira muito grande. Se isso acontecer, me ajude ensinando e ponderando o que disse de errado. Mas em linhas gerais, é tudo uma questão de perspectiva.

Dito essas coisas vamos lá: eu parto do pressuposto que o voto é secreto, e posicionamentos políticos envolvem voto, que envolvem candidatos e consequentemente, envolve levantar bandeiras. Até aí tudo certo?

Certo! Eu entendo ainda que, secreto é algo que não se deve ser declarado, ponto. E vale salientar que nossa geração tem um sério problema em entender a diferença entre: sigilo, omissão, privacidade e afins.

Mas, seguindo o baile: imaginem que o voto é equivalente ao salário de alguém. É muito interessante para algumas pessoas (e não me perguntem por que) saber quanto o Neymar ganha, mas, para essas mesmas pessoas é extremamente invasivo contar para os “amigos” ou postar no instagram quanto elas ganham por mês. Assim como para outras pessoas (talvez o mesmo tipo de pessoa do exemplo acima) é imprescindível saber quanto a Rihanna gasta no salão toda semana, mas elas — as pessoas — não querem expor quando e quantas vezes vão ao banheiro fazer cocô. Percebe o dilema? Mesmo nível de importância para nós: zero.

Eu até entendo que algumas pessoas achem que apenas porque um artista expõe sua vida nas redes sociais ou na mídia em geral, ele precise se posicionar a fim de trazer a luz pontos que talvez, e apenas talvez sejam importantes para quem os segue. Mas eu penso que, não é porque a Beyoncé faz músicas e “pede” que eu as escute, que ela também precise dar satisfações a cerca do que almoçou.

Logo, eu não entendo essa necessidade das pessoas em PRECISAR de um posicionamento político de um artista ou de uma figura pública, para validar algo que nem mesmo essa pessoa sabe do que se trata. Talvez para orientar, eles dizem. Mas e se a pessoa for desorientada minha gente? Um cego guiando outro?!

Honestamente, que diferença faz você saber qual o posicionamento político da Xuxa, da Cinderella, da Shakira ou do Mickey Mouse se você não tem nenhuma noção prévia do que acontece no senado, no planalto ou sequer na câmara da sua cidade? Ser contra o que é óbvio e não concordar com o que VOCÊ entende como errado não te faz politicamente correto, muito menos politizado. Calma!

Francamente, mais importante do que se estressar com a vida alheia, com o posicionamento político alheio é você se inteirar com o que de fato tem acontecido na economia do país, da cidade ou até da empresa onde você trabalha. Parar de reclamar já é um bom começo, ler mais sobre pode ser o passo seguinte.

Evitar confusão por coisas que não serão resolvidas no grito e definitivamente não querer obrigar as pessoas a amarem e acreditarem no que você acredita. Afinal, não é por isso que existe o movimento #EleNão?

Todo o respeito que a gente quer, é colocado em cheque quando agimos assim, exigindo posicionamentos. Levantar a voz e gritar: FAZ ISSO, FAZ AQUILO, DIZ ISSO, DIZ AQUILO, NÃO VOTA NELE, NÃO VOTA NAQUELE, SE VOCÊ É FAVOR DESSE NÃO MERECE VIVER, esse modo mandatório e opressor, anula todo e qualquer discurso que você tenha pró feminismo, pró LGTBQ+ ou pró qualquer coisa.

Se é pela igualdade, e pelo direito de ser quem somos, opinar ou não, expor ou não nossa visão o posicionamento político também deveria se encaixar nesse discurso. Afinal respeito, se conquista e não se impõe e nem se cobra.

Penso ainda que, se você quer paz, seja da paz. Se você quer lutar pela igualdade e a favor das minorias seja o primeiro a ser GOOD VIBES, sem mimimi. O país já está um caos, não vamos piorar né? Minha vó diz que muito ajuda, quem pouco atrapalha.

Certa vez ouvi que a gente deve dar o respeito que a gente quer ter, é de suma importância que entendamos que ninguém tem o direito de por o dedo na cara de ninguém e impor qualquer coisa e nem decidir nada por nós.

Os problemas do país não vão se resolver porque você acha que sabe mais. Os problemas do país não vão se resolver só porque você acha que sendo minoria e gritando (apenas por gritar) com a “maioria” vai fazê-la nos aceitar mais rápido. Os problemas do país não vão se resolver com os posicionamentos de quem não quer se posicionar.

Os problemas do país só vão se resolver quando a gente for inteligente o suficiente para parar de cuidar da vida do outros, estudarmos mais sobre nossa situação real (política, econômica, social…), formos mais empáticos, honestos (sim, para tudo e em tudo) e dermos valor e vasão para o que de fato agrega valor tangível a todas as nossas causas.

E isso tudo é só minha opinião como disse lá no começo, seja sincero consigo mesmo, todo esse burburinho político por conta do movimento #EleNão (que eu apoio totalmente) é entendível e até necessário, mas se não existir um desejo genuíno de fazer a diferença e se posicionar, de que adianta gritar?

E mais eu não posso obrigar todas as pessoas a abraçarem um movimento ou uma causa (por mais que ela pareça estar clara) sem explicar com calma, paciência e didática (é igual a alfabetizar, devagar e sempre). O óbvio precisa ser dito.

E assim como muitos, eu sou contra a ditadura, militarismo e totalitarismo, então para que agirmos com essas primícias? Posicione-se, se essa for a sua forma de contribuir e tentar fazer a diferença, mas nunca “goela a baixo”.

Afinal, a questão nunca foi posicionamento político, econômico e o escambal, o lance é muito mais intrínseco, é social, pessoal. E o buraco é muito mais embaixo.

Beijo gente!

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Leone Borges
Pela Metade

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