Não ignore sua ignorância, a regra de ouro da boa discussão

Thais Mello
Pela Metade
Published in
3 min readAug 11, 2018

Quantas vezes você já se deparou com o seguinte cenário: pessoas discutindo olho no olho, ou virtualmente (aqui normalmente os ânimos são até mais exaltados), sobre assuntos que conhecem minimamente ou desconhecem por completo, mas, que se acham em condições de falar como experts, simplesmente por se tratar de algo da "ordem do dia" ou porque já ouviram falar sobre aquilo.

Confesso que esse tipo de situação me dá uma certa angústia, especialmente quando vejo gente raivosa e exaltada sobre algo (ou alguém) que conhecem superficialmente, e defendem com unhas e dentes como se fossem pós doutores no tema.

Pois bem, você já ouviu falar no "Efeito Dunning-Krugger"? Inspirados no caso do assaltante que passou suco de limão no rosto, na esperança de ficar invisível para as câmeras de segurança de um banco (wtf?!), Dustin Kruger e David Dunning confirmaram que em casos de extrema incompetência, a ignorância pode ser tão grande a ponto de a pessoa ignorar o que ignora.

Será que a senhorinha que restaurou essa imagem sabia o que estava fazendo? #ficaoquestionamento

E ignorar o que ignora, meus amigos… Pode ser uma grande cilada! Especialmente porque muitas vezes confundimos a familiaridade que temos com determinado assunto com profundidade de conhecimento, coisas que são extremamente distintas. Além disso, ainda há uma tendência daquele que ignora sua ignorância só se alimentar de conteúdo que ratifica seu conhecimento superficial.

Fuja dessa tendência, informe-se através de outras fontes, troque idéias com pessoas que pensam diferente de você, enfim, saia da sua bolha por mais difícil que isso seja!

Conhecer as duas, três, quatro… faces do polígono é importante! Consumir conteúdo que ratifique o nosso ponto de vista sobre determinado assunto (por mais superficial que ele seja) é comum porque, obviamente, é fácil aceitar aquilo que concorda conosco, e, em contrapartida, informações que vão de encontro a crenças, muitas vezes enraizadas com base em argumento frágeis, tornam-se difíceis de consumir e incômodas, principalmente se temos uma opinião forte (baseada em vários nadas #convicções)

Ler mais sobre o que já concordamos é fácil e confortável. E isso é um prato cheio para discórdias desnecessárias, radicalismos e intransigência. Assim, passamos horas lendo sobre aquilo que "já sabemos", achando que estamos nos informando, quando apenas estamos reforçando ideias que já tínhamos, e muitas vezes recrudescendo um pensamento incoerente.

Como saber então se possuímos um conhecimento profundo sobre algo?

É simples: faça uma lista de argumentos plausíveis sobre o tema. (a falta de argumentos faz as pessoas perceberem que não tem razão naquilo que pensam).

Você já experimentou explicar pra uma criança insistente sobre os porquês de coisas consideradas simples? Pois é! É bem parecido com isso. A medida que você vai procurando argumentos para justificar aquilo, vai percebendo que na realidade, por mais que acreditasse com todas as suas forças possuir um vasto conhecimento sobre o assunto, não era bem assim…

O mesmo vale para questionar as pessoas. Quando tiver que lidar com aquela pessoa muito segura sobre um determinado assunto, de modo as vezes até agressivo, peça-lhe para explicar um pouco mais a fundo os argumentos, ou para listar mais alguns motivos, além dos dois ou três que pensou e, provavelmente, verá a certeza se desfazer.

Mas, no fim das contas, o que podemos concluir com isso?

Em determinadas circunstâncias é melhor simplesmente "fazer a Glória Pires " e assumir que não é capaz de opinar, do que tentar pagar de cool falando baboseira, e pior, acreditar cegamente nela. Admitir sua ignorância sobre algo não é demérito nenhum, em muitos casos é até uma virtude! Mas acima disso, pesquise, ouça, converse, estude, beba de fontes diversas, antes de sair por aí espalhando a ignorância que você ignora.

#GloriaSincerona

E vocês, o que acham sobre o assunto?

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