O sentido das coisas. Você sabe qual é?

Uma vez um grande amigo me disse que as melhores obras de arte não faziam sentido, ou melhor, não almejavam ter algum sentido. Refleti sobre isso durante algum tempo e me veio à mente os melhores filmes que assisti, as melhores músicas que escutei e os melhores museus que visitei… Então nada daquilo fazia sentido? Na verdade, a pergunta certa não seria essa. Será que nada daquilo foi feito com o objetivo de fazer sentido?

É complicado compreender a magnitude dessa afirmação, porque veja bem, eu tenho 22 anos e se tem uma coisa que eu sempre procurei na minha vida, seria o sentido das coisas. Trabalhar num lugar bacana, que me desse dinheiro mas também me desse algum nível de satisfação pessoal, encontrar uma profissão, crescer espiritualmente… Absolutamente tudo isso fazia algum tipo de sentido pra mim, menos uma coisa: Escrever.

Quando eu escrevo, algo muito estranho acontece comigo sempre. Eu começo a despejar algumas palavras em um editor de textos qualquer e meu olhos começam a ficar mais hidratados (pra não dizer “cheios de lágrimas”) e não importa o conteúdo do que estou escrevendo: De um poema a um artigo acadêmico, isso sempre acontece. Eu sou tomado por uma angústia sem fim, que só acaba quando o texto recebe o seu ponto final, e cara, como é bom colocar aquele maldito ponto final.

Muitas pessoas têm a mania de ler o texto que elas fizeram várias vezes no intuito de revisar o conteúdo, verificar a pontuação e quem sabe acrescentar, apagar, ou modificar algo do conteúdo. Eu simplesmente odeio isso. Sempre peço pra algum amigo revisar, ou pra minha esposa, ou posto sem revisar mesmo, com vários erros de português e com algum parágrafo que não se conectou semanticamente com outro. Foda-se.

Eu não busco sentido quando eu escrevo, eu só busco acabar com essa angústia, me desprender daquilo que necessito e talvez seja por isso que eu amo escrever. E se eu for parar pra pensar aqui, eu vou achar uma lista de coisas que eu amo fazer que são simplesmente sem sentido, como por exemplo, passar 4 horas numa sessão de tatuagem, sofrendo com a dor das agulhas que literalmente rasgam a minha pele.

Pare pra pensar: Quantas das coisas que você ama fazer, você faz com o objetivo de ter sentido? É um paradalho do caradoxo! Talvez seja por isso que sofremos tanto de ansiedade e outras doenças que afetam a nossa psique: Estamos sempre procurando um sentido para as coisas, a filosofia nasceu disso e o mais provável é que no fundo, o nosso instinto animal não queira encontrar sentido para nada, queira apenas desfrutar dos momentos, dos sabores, das companhias.

Talvez você tenha entrado nesse texto com a esperança de achar alguma resposta pra pergunta do título, pelo menos o algoritmo do google vai tentar buscar isso, mas na realidade esse texto é apenas mais um texto meu, sem sentido, sem revisão (minha pelo menos) e sem me preocupar em achar respostas. É um pouco egoísta, eu admito, mas é dessa forma que eu vou conseguir me sentir melhor: Despejando toda minha angústia aqui, em você que está lendo, e colocando de vez um ponto final nesse texto.