Onde estão as pessoas que te transformam?

Sobre amizade e sentimentalidades.

Matheus Galvão
Pela Metade
3 min readAug 7, 2018

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A primeira vez que eu entrei no lugar onde tirei essa foto eu tinha uma visão muito diferente de mim e da vida. Se tem um lugar no mundo que eu faria questão de perseverar é esse. Do jeitinho que ele é hoje.

Foi lá que eu dei um passo enorme em direção ao autoconhecimento e me deu gás pra me entender. Mas não é o lugar que te transforma. As pessoas sim.

Foi lá que conheci duas pessoas que me fariam sentir seguro e acolhido. Por incrível que pareça. Sem personagens ou omissões. Foi uma energia tão enérgica – redundante? – que bateu até onda.

Eu tinha medo de gato. Hoje eu até arrisco alisar um. Eu tinha medo de relacionamentos e hoje eu tenho um pouquinho menos. Eu tinha medo de encarar responsabilidades e hoje eu consigo dar um passo de cada vez. Eu achava que era impossível viver com pouco, hoje eu já entendi isso – estamos tentando aplicar. Eu achava que Ru Paul era bizarro, hoje eu me pego procurando episódios no Netflix só pra rir e ver dublagens hilárias. Eu achava que nunca ia me tatuar, hoje eu sou quase um zumbi boy – na escala certinhos e direitos.

Despedidas

Amanhã eu parto para São Paulo. Um lugar que eu realmente adoro. Um lugar que realmente evoca as minhas melhores personas e criatividade. Já fui para lá outra vez para passar um bom tempo. Quando fui, lá em 2016, eu sinceramente não tive medo de deixar nada para trás. Eu fui com a cara e a coragem. Completamente desgarrado. Lá eu me sentia pleno, completo.

Dessa vez eu senti como se um pedaço de mim tivesse ficado. Embora São Paulo seja um lugar onde eu me sinta livre e inspirado, percebi que muito mais do que lugares, as pessoas te inspiram. Pessoas que às vezes parecem tão convencionais ou excêntricas que passarão normalmente pela sua vida, mas que de repente te mostram um nível de profundidade absurdo. Gente que faz a nossa sensação de maturidade ficar no chão.

Gente que me fez chorar pela primeira vez na terapia. É, foi isso e não outras coisas, como eu pensava que seriam. Coisa que eu nunca tinha conseguido. Uma proeza pra poucos.

Ao me despedir dessas pessoas eu realmente me mantive forte e frio. Um mecanismo de defesa. Eu nunca fui bem em me expressar oralmente. Ou gestualmente. Mas meu coração explode quando escrevo.

Amanhã embarco. Não sei quando volto. Mas sei que vou ficar com a voz embargada quando me lembrar dos momentos mais felizes da minha vida. E de como essas pessoas realmente mudaram minha vida. De como me deram forças pra dar passos largos em direção a coisas difíceis. Ainda preciso avançar muito. Muito mesmo. Mas hoje, só de ter noção disso, já é um bom avanço!

Esse texto é uma homenagem a eles. Que vão saber quem são. Que vão saber quão importantes eles foram – porque talvez eu não tenha dito isso.

Amigos de verdade eu tenho vários. Eu sei disso. Cada um conseguiu dividir neuroses comigo e enfrentamos barras juntos. Esse texto não é só para os dois que falei. Ele é para todos os que de alguma forma fizeram parte da construção de mim.

E se você ainda não encontrou alguém que te faça sentir o poder de uma amizade grande, corra, você está perdendo tempo.

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