Para não esquecer

Tem coisas que precisamos escrever para sempre lembrar.

Leone Borges
Pela Metade
3 min readSep 14, 2018

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E eis aqui alguns pensamentos nada complexos, porém importantes. Pelo menos pra mim.

Depois de algum tempo sem precisar agir como marionete (e entendam como quiserem), percebi claramente como a mudança gera desconforto e isso não é necessariamente ruim. Já reparou que sempre que alguém pede para fazermos coisas diferentes das quais estamos acostumados (quase) sempre dá aquele nozinho, aquela rápida onda de adrenalina? Um leve desespero… E o ponto é que: é sempre difícil mudar, em níveis e formas diferentes. E tá tudo bem, mesmo sendo difícil.

Outro ponto que quero trazer a tona é que: sempre que converso com alguém muiiito mais velho, de outro país ou de outra cultura é meio poético, vou explicar. A poesia tem aquela vibe linda — e nesse caso, estar em contato com o novo e aprender com isso é lindo. Mas existe também o outro lado da poesia, aquele lado dramático que desafia nossas idéias e que nos força repensarmos tudo o que nos foi dito por eras a fio.

Esses encontros às vezes demoram dois ou três minutos em uma fila de banco, às vezes dois ou três dias em uma viagem. As vezes nem acontecem…

E o mais interessante — a meu ver — para que a gente possa viver bem com as mudanças é sempre concordar que vale discordar, sem grandes embates.

Pode ser que nada assim nunca tenha acontecido com você — o que eu duvido — mas certamente, você já escutou história semelhantes. Vou tentar ilustrar, porque eu sou muito fofo e tô sentando no metrô muito cheio nesse momento.

Se liguem…

Mudar de escola, mudar de casa, mudar de emprego, mudar de namorado, mudar de rotina, mudar de cidade, mudar de crença, mudar de vida. Sério, não é possível que você nunca tenha passado por nenhuma dessas situações, ou pelo menos conheça alguém já tenha passado por algo assim. E na boa, sendo um adulto em constante transição, considero um privilégio poder passar por tantas mudanças.

Todas as vezes que tenho uma mudança de horário no trabalho, todas as vezes que tenho uma mudança de função, todas as vezes que a supervisão muda, é sempre desconfortável até voltar a ser confortável e normal. E depois começa tudo de novo. Ciclos.

Já comentei aqui que tive uma criação cristã, mas eu sou gay, e, olha que desconfortável — para os outros claro — , era funcionário público e hoje sou maquiador, sou soteropolitano e vivo em São Paulo, namorei um embuste, casei com um cara incrível, minha mãe na maioria do tempo esquece que tenho 31 anos e que as coisas são diferentes agora… eu posso continuar exemplificando a quantidade gigante de mudanças que passei apenas nesses últimos três anos. E meus amigos, é bizarro.

E sabe o que é ainda mais bizarro? Conhecer alguém, se apaixonar e casar com essa pessoa. Sabe aquele amor de novela? Esquece, ele não existe. Mas sabe aquela parceria constante, as conversas divertidas, as conversas sérias, as contas que precisam ser pagas, os filmes cabeça e surpreendentes, os desenhos bobos e educativos, as comidas gostosas, o cheiro gostoso da pessoa, as manias que você precisa aprender a lidar, as coisas que você aprende, todas as vezes que você precisa reconhecer que estar errado, todas as vezes que você precisa ter calma e explicar porque você está certo, todos os zagas, teiles e lauras…

Sabe a rotina? Ela também pode ser incrível se você não se esquecer de quem está com você. A rotina é incrivelmente atraente porque consiste em mudar para se adaptar, e isso é naturalmente importante. Ter o entendimento diário de coisas que antes você não tinha, mudar, crescer, aprender e ser uma pessoa melhor no processo. Esse é o amor da vida real pra mim, pelo menos tem sido.

É desafiador, intenso e são constantes mudanças internas e externas pro bem e pro melhor, tudo isso é só pra não esquecer.

Beijo Fefo,

Beijo gente.

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Leone Borges
Pela Metade

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