Para todos os felinos que amei

E o que eles me ensinaram.

Melhor livro do Gaiman. Melhor animação da Laika.

“What’s your name,’ Coraline asked the cat. ‘Look, I’m Coraline. Okay?’
‘Cats don’t have names,’ it said.
‘No?’ said Coraline.
‘No,’ said the cat. ‘Now you people have names. That’s because you don’t know who you are. We know who we are, so we don’t need names.”
― Neil Gaiman, Coraline

Não me lembro exatamente como é a vida sem gatos. A única pausa que o universo me concedeu, para me recuperar da perda de Reveillon— sim, esse era o nome dele e não, não foi o suficiente — durou uns 4 anos. Eu disse que nunca mais deixaria meu coração se partir daquela forma, mas tenho aprendido que ele é forte (e bastante teimoso) e sente-se grato quando consigo abrandar a vida de mais algum. Ou alguns. E tenho aprendido muito.

Durante essa jornada tenho aprendido principalmente que prefiro muito mais a constante empatia que uma sempre indiferença.

E tenho aprendido muito.

Sobre gratidão e lealdade. Muitos gatos que cuidei/adotei foram mal tratados, abandonados ou esquecidos. Nenhum deles arranhou ou mordeu ninguém (só sofás e fones de ouvido). Alguns agiam como se nunca tivessem sido machucados; outros ficavam mais medrosos e desconfiados, mas sempre souberam agradecer — do seu jeito.

A melhorar o uso da energia. De alguma forma os gatos entendem que a vida é um longo percurso. Haverá mais tempo do que você imagina — não exija demais de si mesmo — não até a exaustão. Cochilos te proporcionarão a energia necessária quando for preciso saltar um muro. Ou vencer um obstáculo.

A envelhecer, mas não ficar velho. Gatos, e todos os animais na verdade, não tem medo de envelhecer. Eles vivem um dia após o outro. Um sachê após o outro, um salto de cada vez. Idade só tem um significado ruim se você ficar contando.

Ser eu mesma. Isso é o suficiente. Os gatos que cuidei/adotei não eram perfeitos. Uma perdeu um olho, outro teve a pele do pescoço queimada. E um nasceu cego. Eles não se envergonhavam de quem eram— eles simplesmente eram. E eu os amei ainda mais por isso. Ah, e eles também não vão se importar se você é bonito ou feio, rico ou pobre. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele.

P.s.: Adote, não compre!