São Paulo: você consegue sobreviver a ela?

Autocontrole e autoconhecimento, é isso que sampa ensina.

Matheus Galvão
Pela Metade
4 min readSep 3, 2018

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No próximo dia 7 completo um mês em São Paulo. Eu já tinha passado um bom tempo aqui antes, mas dessa vez, em um mês eu tive uma visão um pouco diferente e mais realista da cidade.

Como da primeira vez que eu estive aqui eu estava passando por um período quase sabático, consegui aproveitar mais as partes boas da cidade e acabei tendo uma visão romântica dela. Não havia rotina e isso deixou as coisas mais leves.

Claro que não estou dizendo que estou decepcionado. Eu amo São Paulo, mas preciso encarar os lados bons e ruins das coisas. E há coisas que ela pode ensinar para a gente.

O tempo aqui é curto…

A gente planeja mil coisas, mas nem sempre elas saem como o esperado. O ritmo das pessoas é muito diferente de Salvador, minha cidade de origem. Como a cidade é grande, as coisas são distantes e o tempo de deslocamento acaba sendo longo. Um desapontamento para quem pretendia fazer uma porção de atividades.

Cidade cultural…

Tá, mas se a cidade é grande demais, por outro lado a gente tem um monte de coisas para ver se fazer. Teatro, música, cinema, museus, o que não falta são espaços culturais para todos os gostos e públicos. Se você é como eu, um eclético ou faminto por lugares e pessoas diferentes, aqui — e acho que não é novidade — vai ter um lugar pra você.

Acordar pode ser difícil…

Eu costumava chegar às 7:30 no eu trabalho, em Salvador. Hoje, às 8h eu estou lutando contra meu corpo sonolento. O frio e a rotina intensos podem fazer você gastar muita energia e deixar seu corpo pesado e cansado demais para despertar.

Fazer mercado é mais barato…

Ok, não vou dizer isso de uma forma absoluta, mas mês passado gastei um valor razoável em compras de mercado. Coisas para fazer almoço e tomar café em casa saíram mais baratas do que em Salvador. É óbvio que há lugares caros, porém, como há muitas opções, você sempre vai encontrar bons produtos por preços mais em conta.

Comida pode ser uma tentação…

A gente se surpreende toda hora com a variedade de comidas que podemos encontrar por aqui. O cenário comercial aqui é bem ativo e não faltam novidades e experiências gastronômicas para a gente viver. Ter controle nessas horas é uma boa. Eu tenho sofrido.

Comprar, comprar… o templo do consumo…

São Paulo é a cidade mais desenvolvida do Brasil. Por ser assim, a disponibilidade de serviços e a variedade de produtos é absurda. Não dá para sair na rua sem ver uma novidade tentadora. As lojas do centro — como a minha favorita: Daiso Japan — são uma tentação cruel. O mesmo que acontece com a comida.

A rotina de afasta das pessoas [se você deixar]…

Por ter um ritmo intenso, essa cidade faz você agir demais e se relacionar de menos. As pessoas estão sempre ocupadas trabalhando ou se deslocando e eu sinto que as relações aqui acabam se concretizando nesses momentos. Por isso, elas acabam sendo superficiais. Se você não se preocupar em aprofundar amizades e mantê-las pode ficar louco e solitário. Eu não gosto disso.

Ninguém liga para o que você faz…

Se você sair por aí de melancia no pescoço as pessoas não estão nem aí. Elas não estão preocupadas com o que você faz ou deixa de fazer com a sua vida. Não sei se isso é bom 100% — já que essa despreocupação pode ser cruel também. O que quero dizer é que as pessoas podem ser frias e indiferentes demais, e isso também não é legal.

Você precisa de autocontrole e autoconhecimento

Falei pouco só para chegar nesse ponto aqui. Mesmo com todos os defeitos, essa cidade te faz encarar seus medos e ansiedades e te impele a definir o que fazer em seguida para não enlouquecer.

As opções são tantas que se você não souber o que fazer, acaba tendo crises de ansiedade por querer fazer tudo — o que não é incomum.

Essa coisa de a gente querer um lugar cheio de opções e alternativas é na verdade uma tentativa de fuga para não assumir responsabilidades ou — o que é pior — uma identidade. Talvez lugares assim sejam legais para você descobrir qual é a sua, o que você quer fazer e tal, mas você tem que descobrir isso logo. Caso contrário, a cidade te engole e digere.

E você, conseguiria viver numa São Paulo ou outra cidade cosmopolita?

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