Um conto qualquer

Thais Mello
Pela Metade
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3 min readAug 26, 2018

Há algum tempo quase tomei um /quick do projeto “Pela Metade” (que tem esses textos maras cada dia semana publicados por um integrante diferente), porque contradizendo a proposta do negócio deixei a procrastinação tomar conta por 1x e meia seguida (uma metade é porque o texto já tava quase pronto e eu não publiquei :~), e num projeto que visa justamente acabar com o “deixar pra depois” tal tipo comportamento, justificadamente, não deve ser admitido.

Como ainda não tinhamos um “estatuto” definido sobre como lidar com procrastinadores nível hard que não publicam, foi sugerido que eu tivesse alguma espécie de “punição” e Leone sugeriu o seguinte:

“Eu proponho que a Thais elabore um texto lúdico, bem criativo narrando ou sendo um personagem. Esse texto pode ser divido em três partes. E aí ela pode ir transformando e criando a história (ou estória) por mais duas semanas”.

De alguma forma isso ficou na minha cabeça, e na madrugada do mesmo dia (estava inspirada de um jeito até meio esquisito) comecei a escrever.

O conto abaixo (ainda sem título, aceito sugestões!) será provavelmente dividido em três partes.

Sally e Sulivan — Parte 1 (O encontro)

A primeira vez que Sally viu Sullivan foi através da tela do computador. Uma foto do perfil do Linkedin.

“hum…” pensou. Fechou a aba e seguiu com a vida. Sullivan viria em pouco mais de mês para empresa onde Sally era estagiária, como promessa de renovação e exemplo de profissional. Ele trabalhava em uma grande empresa do setor alimentício em Atlanta, nos EUA. Um currículo cheio de termos que Sally desconhecia acompanhavam a foto.

Faltando apenas uma semana para a chegada de Sulivan toda a empresa estava em polvorosa, exceto Sally, que particularmente achava que toda aquela movimentação em torno de alguém não passava de uma grande bobagem. O RH da empresa se concentrava em todos os detalhes para vinda do novo funcionário: mega recepção, aluguel de um loft carrérrimo em um bairro nobre da cidade, atividades extracurrilares, e toda uma série de firulas para agradá-lo.

Para Sally seria apenas mais um dia comum, o dia de receber um nerd, velho e barrigudo, que tinha um bom currículo, e que seria mimado pelos CEOs da empresa em que trabalhava.

Chegado o dia, qual não foi a supresa de Sally quando Sullivan cruzou a porta do escritório, meio desengonçado… Tratava-se de um rapaz muito jovem, branquelo e franzino, com um jeitinho de menino do interior. Alguma coisa em seu olhar lhe fez estremecer…

Todos foram ao encontro do rapaz lhe dar as boas vindas. Exceto Sally (por que não queria ceder a bajulação a um completo estranho) e mais uma duas pessoas que estavam realmente muito ocupadas naquele momento, fechando contratos importantes, e que, ainda assim, fizeram questão de acenar com vigor para o novato.

No fim do expediente Sally simplesmente guardou suas coisas na mochila surrada, enfiou os óculos de grau no bolso da camisa e saiu sem dar explicações. Na manhã seguinte, mesma rotina. Dentro do metrô, sem mais nem menos, começou a recordar do momento em que viu o novato na porta do escritório, meio desconcertado. Desejou ter sido um pouco mais afetuosa, e ter-lhe cumprimentado ao menos.

[continuar no proximo episódio…]

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