Cílio Branco.

Poesia especial de Semana Santa / Páscoa.

Gabriel Vaz
Tudo Poesia
3 min readApr 1, 2018

--

Ilustração: Daniel Oliveira (DanInk Studios)

Trago em artéria
Recordação alva que impera
Saber doutra época,
Tempo donde olhos lembrados
Viu o olhar do amor em matéria,
Testemunho do cílio branco.
Isso foi antes de eu
Acordar no ventre da mãe
E vir a chorar nessa vida.
Vivo vi epopeia
Naquela passada janela,
Lugar onde o amor foi matéria.
Ele falava de alcançar
Monte aos montes de dar dotes
E resgatar motes aos desventurados.
Silenciava a ação,
Mesmo quando não
Acarinhavam-lhe a face,
O seu revide era lição de humildade (ainda é).
Andava com qualquer um…
Descalço em matéria o amor
Trouxe o hábito de ir a qualquer lugar…
Transitava em qualquer residência,
Alias, qualquer parecia ser seu atributo para tudo,
Pois via relevância em todas as coisas…
Sem posses, enriquecia as pessoas
Com o nada que carregava
Brindava suas palavras às putas,
Mendigos, ladrões e até aos políticos.
Sabia consigo do reino prometido
Que há no brilho das crianças.
De venturas semeou aventuras
Nas curvas do vento
De conduzir as palavras
Além das pátinas do tempo.
O amor em matéria pela esfera
Refez templos e desmontou feiras
Fileiras dos torturadores confusos.
A dizer das cores de novas leiras
Ecoou que Seu Pai é Senhor das estrelas,
Chamou-nos de irmão…
O amor em matéria
Clamou a ação como adjunto
Deu-nos pão
Declarando-se protetor do mundo.

Ilustração: Daniel Oliveira (DanInk Studios)

Todavia, o moribundo do grupo
Que procurava entendimento
Foi afetado pelo desafeto
Doando-se a traição…
A traição presenciou uma multidão
A pedir que soltasse o rancor
E que chacinassem o amor.
Assim compeliu a indiferença.
A crença chorou como mãe que era… (e é).
O amor em matéria foi condenado
Açoitado, cuspido por aqueles ávidos braços.
O amor com lábio adocicado
Das lágrimas roladas no rosto,
Deu a todos o gosto do perdão,
Até mesmo para a traição.
Porque amor perdoa
Dormente da traição
E a traição acaba enforcada
Na própria ilusão articulada.
O amor em matéria foi torturado
Por aqueles que nasceram querendo toca-lo
E por ser sólido Ele sangrou sozinho
Com os espinhos na têmpora da razão.

O justo foi desfalecendo
Por escoamento dos pecados…
E lá, o amor em matéria
Dava sinal da final epopeia em corpo
Jorrando sabedoria até o fim
Por você e por mim, até quando morto.
Sim…
O amor morreu
Se dando a certeza da vida!
Todavia por via já escrita
Sabe-se que o amor se faz da morte vencedor
Pois a crença se faz mãe do amor
E o amor se fez renascido.
Por ser filho do Senhor das estrelas,
Impossível é dócil ovelha
Que seguiu o seu destino.
O amor jamais será vitima de homicídio.
Ele é arbítrio além de leis,
Porque se fez visto no invisível.
Assim o amor ressuscitou
E comungou ativo da galáxia
Encarnado no imortal
Se fixou como moral da Via Láctea.
Justificando que o amor se encontra
No dentro e no fora,
No silêncio e no verso,
No universo em cada curva e canto.
Sei disso, pois vi ao mor em matéria
Por ser vista velha nesse mundo
E ter o testemunho do cílio branco!

Autoria de: Gabriel da Rocha Vaz.

Gostou? Clique em quantos aplausos — eles vão de 1 a 50 — você acha que ele merece e deixe seu comentário!❤

Nossas redes sociais: Facebook|YouTube

--

--

Gabriel Vaz
Tudo Poesia

Aprendiz do amor na tentativa de ser. Difícil dizer o que sou, quando acredito que ainda vivo no caminho que aprendo. E nessa limitação estou.