Entrega.
De: Gabriel Vaz
Então me resta a caneta,
Faço-me por essa vereda
O ser verdadeiro que sou
Tal qual falso farsante
Das andantes mascaras.
Escudos estúpidos
Tolidos em uma vaidade
Forjada no medo.
Aqui sou desprendido
Desse inconfidente amigo.
Abrigo das palavras
Me fazem de estradas
Nas assas duma liberdade
Que me vê menino
De apelido imaturo.
Na poesia me curo
Das mentiras do mundo
Que eu por mazela
Vezes, compartilho na favela
Dos pensamentos.
Trato de poda-lo
Para não tornar-me escárnio
Daquilo que é sujo.
As letras são fies companheiras,
Apesar deu pisar pela gramática
Com pragmática própria.
Por uma escola que não se ensina,
Como o passo alongado e repetido
Duma bailarina que passa de menina
A menina, de menino a menino…
Me nino num sono que sonho
Pinta de seu as cores do alfabeto.
Olho para caneta
E bate certeza
Que tudo que tenho
Não é tudo que quero.
Pois tudo que quero
Não é tudo ter,
Mas ser o sincero
O que o amor possa fazer.
Daí que resta a caneta
E esse resto são sobras
Que se dobra,
Quando desliza a vereda
Na senda doutra seda
Dum plano doutro plano.
Já que é o que me resta
Compartilho com festa
As sobras deste
Trapo humano.
Que não sabe se escreve
Em poesia ou prosa
Mas que muito goza
Porque escreve no ato singelo
De quem entrega uma rosa.
Autoria de: Gabriel da Rocha Vaz.
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