Redação Tudo Poesia
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3 min readFeb 16, 2019

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Nota da Editora: Essa poesia foi escrita a mais ou menos 2 anos atrás, quando já completava 1 ano do rompimento da barragem da cidade de Mariana.

Em 25 de janeiro de 2019, aconteceu exatamente o mesmo CRIME na barragem da cidade de Brumadinho/MG. Dessa vez muitas pessoas foram atingidas, exatamente 165 pessoas mortas e 155 desaparecidas (até o momento desta nota), sem contar as famílias e histórias desfeitas.
Em mais de 3 anos nada mudou.

Nos perguntamos até quando as autoridades e governos serão levianos e permitirão que tragédias como essa continuem acontecendo? Quantas famílias e histórias precisam ser desfeitas para que leis mais rígidas sejam colocadas em pauta e sejam finalmente aprovadas? A natureza terá de aguentar até quando, para que uma política rígida de fiscalização seja de fato implementada? Seguimos atentos, apreensivos, mas sempre esperançosos.

Mariana.

De: Gabriel Vaz

ilustração de Marcos Carvalho — Portfólio

Talvez me falte capacidade
Para mencionar com riquezas
De detalhes a morte que existiu
E existe no corte, donde
Assassinam e assassinaram
A fonte da vida.
Peço em humildade
Licença para lhes falar
Estas verdades.
Assim peço, pois direi
Algo que acontece no distante
De minha vivencia.
Todavia tal violência
Também escancara
Chagas em meu coração.
Enfim… finda em morte
A mão que se suja
Com o feito dentro
Da agressão sendo
Delegação do engano
De concepção.
Ela foi violada
Sugada, utilizada e depois de usada
Contabilizada por menos.
(E ainda é)
Ela tão mulher que tem
A mesma pena social
De ser julgada menos
Nos acenos desiguais
Onde laudos contratuais
Defendem os Samarcos
E seus Vales que se valem
Do capital de fora que doma
E torna a bater e manchar
A ex-bela Mariana
Bateram em Mariana
Em Marileia,
Por discriminação que
Deseja permanecer com rédeas,
Nelas… Elas que apanham
Deles…
Elas que tem nome
E sobrenome.
Elas que estão marcadas
Nos jornais, nos murais
Chacinadas em seus direitos
Pelos números, numerais e avisos.

Elas como
Santana do Paraíso,
Colatina, Sobrália,
Itueta, Galileia,
Tumiritinga, Ipatinga,
Ipaba, Linhares e Caratinga,
Para elas será que valerá
A Maria da Penha?
Nem Maria da Penha,
Nem Conselheiro Pena
Tudo foi devastado…
Não há Governador Valadares
Que retorne a vida em Mariana,
Depois de espancada
A face da lama
Toma conta da história
A marca não pode apagar…
Nem mesmo que você se valha
De Santa Cruz do Escavado,
São Domingo da Prata,
São José do Goiabal,
São Pedro dos Ferros,
Mesmo que por capricho
Tente se agarrar a Dionísio,
Posto eu mesmo pedi
Para Bom Jesus do Galho
Que esse erro fosse concertado.
E a resposta que eu tive,
Foi que num sistema
Que mata um Rio Doce
Não pode ser consagrado
Córrego novo
Assim o povo passa sem Pingo D’Água,
Pela praga duma cultura desgraçada
Que abraça a obedecer
O capital de quem desmata e mata.
E mata…

Pois sem diversidade se mata
De Timóteo ao Periquito
Do Coronel Fabriciano ao Bugre,
O Iapu, Alpercata, Naque,
Fernandes Tourinho e Raul Soares.
Mata a mata e o Belo Oriente,
Os olhos e os futuros olhares
Ao perceber que onde
Viviam os Aimorés
Foi corroído Rio Casca,
No choro calado duma mulher
Por um rio Sem Peixe.
E o feixe da tristeza ecoa de
Barra Longa ao Baixo Guandu,
Nu está o horror
Na dor do pescador
Que um dia presenciou o Resplendor
Duma Era onde era Mariana
Que foi jovem se banhar no Rio Doce
Das águas que de tão correntes
Beijavam as franjas do Espírito Santo,
Agora é canto de pranto
De fonte mineira, espancada
Por uma cultura que ainda não reconhece
O valor do ser humano.
Que bate na mulher com as mãos,
Palavras e atos na compulsão do engano…
Hoje se faz comercial de TV
Para vender boa imagem
De quem nos bate…
Mas se quiseres saber
A verdade,
Infelizmente Mariana
Continua sendo violentada
A margem da sociedade…

Autoria de: Gabriel da Rocha Vaz.

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