Um ano sem selfies e instagram inativo. Img by Jordan McQueen

2015 sem smartphone. Eu ainda respiro

Minha experiência de 8 meses (e contando) sem smartphone

Fabio Ismerim
Tudo sobre Nada
Published in
4 min readDec 14, 2015

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Estamos conectados, não há dúvidas disso. 24 horas no ar. OnLife (adoro este termo).

Nunca se trabalhou tanto. 10 minutos após sair do escritório seu celular faz um barulho.

Putakiopariu acabei de sair e já tem email chegando!!

É o grupo de whatsapp do trampo com alguém mandando alguma dúvida.

Assovio novamente.

Dessa vez é um email mesmo. Não há necessidade de você desbloquear seu celular para saber que é bucha e que terá de ligar o notebook em casa, ou acessar o seu pc do escritório remotamente, para resolver.

Ainda bem que é coisa rápida. 10 minutos resolvo isso e já parto pro meu fifinha.

NUNCA É.

Certa vez ouvi que ter stress significa que a pessoa é trabalhadora,eficiente. Não tem stress? Bem, então você é um enganador no seu trampo. Vá pra casa, pense a respeito e volta amanhã com algum stress, e se possível já crônico.

Março de 2015. Interior de MG

Ao chegar na pracinha, que era o ponto onde o ônibus escolar que pegava os alunos, Victor (herdeiro da metade dos meus genes), inicia sua corrida rotineira com seus amigos ali presentes. Nada melhor que esperar algo se divertindo né. Você no consultório do seu dentista dá uma lida na revista Veja ano 9 — março de 2010 ou saca seu smartphone do bolso?

Eu não estava em uma fila de banco ou na sala de espera de um consultório, mas meti a mão no bolso direito (sim. Celular deve ser no bolso da frente. Direito se for destro, esquerdo se for canhoto. Saque rápido) pra tirar meu singelo mas muito querido MOTO G para dar uma olhada no twitter. Em vão.

Neste momento você repete o movimento inúmera vezes. É como trancar a porta de casa ao sair e girar a maçaneta logo em seguida tentando abrí-la. Você simplesmente não confia em você mesmo.

Não pode ser…tá aqui eu coloquei aqui. Sempre coloco. Bolso direito celular, esquerdo chaves e documentos. Eu não posso ter sido tão imbecil de ter deixado em casa. Ok. Vias de regra eu sou um imbecil, então é perfeitamente possível. Mas eu to ouvindo o barulho de notificação vindo dele. BII BIII!!! ele tá aqui em algum lugar e…

- PAI!! Dá minha mochila, o ônibus tá buzinando! Chegou!!!

- Ok. Boa aula filho. Respeite a professora e seus amigos hein!

Smack.

Percorro o caminho de volta olhando o chão minuciosamente .

Nada.

Inicio a busca em todos os cômodos e buracos da casa.

Nada.

Bem. Ele caiu no chão no meio do caminho, foi isso. Estou em uma cidade do interior, certamente alguém pegou e esta só aguardando o dono aparecer e perguntar se alguém viu um celular preto meio gasto já, mas muito eficiente, por aí.

Nada.

A adaptação

Foi difícil no começo. Ia dormir com meu notebook no colo. Ele ia pra cozinha comigo enquanto preparava almoço. No banheiro pra escrever algo enquanto dava aquela famosinha cagada.

Mas aos poucos fui me adaptando. Nessa época estava lendo o livro O PODER DO HÁBITO que me ajudou bastante neste processo.

Perdi o emprego poucos meses depois, e achei que isso fosse me atrapalhar. Não estar conectado e atento nas redes sociais poderia fazer com que eu perdesse uma boa oportunidade de emprego.

Aos poucos fui me habituando e me programando. Estabeleci horários para minhas tarefas: ler, estudar e navegar na internet. Passei a dormir mais cedo e melhor, pois não ficava na cama rolando o celular pra ver a timeline do twitter ou facebook. Também não tinha mais as infinitas mensagens de grupo do whatsapp (trabalho?) chegando a cada minuto e muitas delas sem utilidade alguma. Quantos grupos do whatsapp você tem silenciado aí?

O Aprendizado

Obviamente que sinto falta de um smartphone e pretendo comprar um tão logo quanto possível. Estou com um celular samsumg de flip daqueles beeeem antigos que a bateria dura DIAS!! YEY!!Sinto falta de ter acesso algumas coisas rapidamente, principalmente do evernote onde fazia minhas anotações e utilizava como meu arquivo pessoal de roubos (técnica ensinada por Austin Kleon no seu excelente livro “Roube como um Artista”).

Mas esse período foi essencial para que eu percebesse o quanto de tempo que eu perdia com coisas sem importância. O quanto minha ansiedade estava nas alturas por conta disso. Ver acessos do blog, quantas curtidas no post, comentários, desbloquear e bloquear o celular em seguida sem que nenhuma mensagem tivesse chegado, nenhum alerta , nada. Só por vício de pegar o celular mesmo. Um hábito.

Mas como você ficava sabendo das notícias?

Lembre-se que as notícias importantes chegam até você. Recomendo a leitura do livro do TIM FERRISS — Trabalhe 4 horas por semana (fiz uma resenha sobre ele aqui) e este post do .

Não culpo a tecnologia nem as ferramentas sociais. Elas por si só não tomam nosso tempo ou nos trazem lixos. Somos nós mesmos que fazemos isso conosco. A forma como utilizamos essas ferramentas sociais e a internet, diz muito sobre nós.

A revolução não acontece quando a sociedade adota novas tecnologia, acontece quando a sociedade adota novos comportamentos. — Clay Shirky

A propósito, alguém quer doar um smartphone aí ? :)

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