A moda do empreendedorismo sem propósito.

Abner Horn
Tudo sobre Nada
Published in
6 min readOct 7, 2016

Vivemos em tempos onde todos querem ser empreendedores. Começar uma startup do zero e transformá-la numa nova Google se tornou o sonho de muitas pessoas, que acabam esquecendo — ou não percebendo — por que essas empresas se tornam o que são.

Ok, não há nada de errado em querer empreender e criar uma grande empresa. Isso é muito bom, aliás. O problema é que o glamour de fundar uma startup e o sonho de aparecer na mídia como o novo Steve Jobs, o novo Elon Musk, etc., se tornaram muito maiores do que a vontade de solucionar um problema, ter uma visão a longo prazo, impactar a vida das pessoas.

Se você sair por aí entrevistando todos os CEO and founders que encontrar, todos eles te dirão que estão empreendendo por que querem “mudar o mundo” ou “fazer o mundo um lugar melhor”. Bonito, não? Não. Bonito seria se admitissem o real motivo pelo qual estão fazendo isso.

Pelo menos 80% diria: “Estou começando essa startup porque empreender está na moda e quero ser um daqueles empreendedores famosos do Vale do Silício”. E tenha certeza: Provavelmente você não verá mais do que cinco dessas startups durarem mais do que 6 meses.

Você acha que esse cara chegou lá só porque achava legal empreender?

O motivo pelo qual isso acontece é simples: Estamos vivendo na geração das pessoas mais ambiciosas de todos os tempos. Entretanto, essas mesmas pessoas cheias de sonhos e ideias desistem toda vez que o sucesso não é imediato. E ele nunca é!

O que vemos hoje são pessoas extremamente criativas tendo várias ideias, iniciando várias delas ao mesmo tempo e desistindo de todas no final. Começando muita coisa, mas nunca terminando de fato. Até chegam a planejar, fazer validação, falam para todo mundo, mas desistem após alguns meses. Aliás, isso também envolve a preguiça do empreendedor de primeira viagem.

Tornou-se bonito falar para os outros que você está iniciando uma startup. Falar para as pessoas como a sua ideia pode mudar o mundo. É mais bonito ainda falar como o negócio que você iniciou há alguns anos está impactando a vida das pessoas. Mas a maioria prefere falar que está iniciando e da ideia que pode impactar o mundo. Simplesmente porque nunca chegam a passar desse ponto.

É um ciclo vicioso: Tem uma ideia, começa um projeto, dá com a cara na parede, desiste, nova ideia… Aliás, isso não vale apenas para startups e empreendedores — vale para a maioria das pessoas.

Aquilo que diferencia aqueles que realmente causam um impacto na sociedade daqueles que apenas sonham se chama missão. Sam Altman, presidente do Y Combinator, fala muito bem disso em seu vídeo How to Build the Future. Ele fala da importância de ser um fazedor ao invés de um falador. E você nunca conseguirá se tornar um realizador se não tiver uma missão clara, o porquê que faz você trabalhar em determinado projeto.

Eu acredito que você deve olhar para a intersecção entre aquilo que você é bom, aquilo que você gosta e a maneira que você pode gerar valor para o mundo. E, com a minha experiência, se você não encontrar a interesecção desses três, é muito difícil gerar um impacto.

As pessoas não dão muita atenção a esse pensamento, e só há benefícios nele. As vezes você precisa tentar algo para descobrir se gosta. Mas eu realmente acredito que é válido, antes de mais nada, pensar sobre aquilo que você irá dedicar a maior parte do seu tempo.

— Sam Altman

Qual o problema que você está tentando resolver e de que forma você vai impactar as pessoas realizando isso? E não basta a resposta padrão, a que todos dão. Você precisa acreditar e ser apaixonado por essa visão. Assim, e apenas assim, você conseguirá se dedicar todos os dias ao seu projeto durante anos. Empreender não é uma corrida de 100 metros rasos, é uma maratona.

A maior de todas as referências quando falamos de missão e visão é, sem dúvidas, Elon Musk. Quando estava na universidade, Musk identificou cinco problemas nos quais ele poderia trabalhar e ter um grande impacto para a humanidade: Facilitar pagamentos pela internet, criar carros elétricos acessíveis, inteligência artificial, engenharia genética e, o mais importante de todos, transformar a humanidade em uma espécie interplanetária.

Leia a biografia desse cara e perceba a importância de ter uma missão muito bem definida.

O cara acredita tanto nessa última que tudo — absolutamente tudo — que ele faz tem esse objetivo final. Ele está completamente obcecado por colonizar Marte e está disposto, inclusive, a morrer por essa missão. E é justamente por causa dessa determinação que ele conseguiu superar inúmeros desafios, correr riscos altíssimos e realizar tudo que vem realizando.

Você não precisa colonizar Marte para impactar o mundo. Existem diversas formas de fazer isso. Você pode impactar significativamente a vida de certo número de pessoas, ou de certa forma a vida de muitas pessoas. Ou até impactar significativamente a vida de muitas pessoas. Mas para isso, precisará ter uma missão maior do que querer ser um empreendedor famoso. Essa é a grande diferença, mudar o foco, abandonar a visão egocêntrica e olhar para quem você quer impactar.

Você precisa realmente acreditar no que está fazendo para continuar se movendo quando enfrentar os inevitáveis momentos difíceis — que são muito mais difíceis do que você imagina. Certamente, haverá um momento em que dirão que seu trabalho é desnecessário. Por muitas vezes, aliás, isso nem precisará ser dito, pois simplesmente não vão se importar com a sua existência. É nesses momentos que acreditar na sua visão fará toda a diferença, pois você terá para onde olhar e entender a real motivação de todo o seu esforço.

Talvez você esteja interessado em entrar nesse mundo do empreendedorismo, e tem várias ideias que considera geniais. Seu primeiro passo é escolher uma delas. Isso não é fácil, mas você precisa se dedicar totalmente a um único projeto, principalmente se for um empreendedor de primeira viagem. Além disso, você precisa entender suas motivações e estabelecer uma missão clara, na qual você realmente acredite e esteja disposto a dedicar pelo menos 5 anos da sua vida. Assim que você tiver isso muito bem definido, comece seu projeto.

Quando entrar nesse mundo do empreendedorismo, você vai entender claramente a moda que isso se tornou. A obsessão na qual esse sonho se transformou e o foco totalmente egocêntrico que motiva a grande maioria das pessoas que entram nessa. Todos que estão ali dizem pensar fora da caixa. Na verdade, estão na pior das caixas: A caixa da ilusão. Não entre nessa. Se você está escolhendo empreender, precisa estar escolhendo isso motivado por uma missão que vá mudar a vida das pessoas — lembrando que, se você mudar a vida de 10 pessoas, já estará gerando um impacto.

Essa missão não pode ser apenas da boca para fora. Ela precisa ser aquilo que motiva você a trabalhar muito duro todos os dias. Você precisa estar disposto a sacrificar seu conforto para fazê-la acontecer. O empreendedorismo é tão glamouroso quanto uma maratona: Você todo suado, morto de cansado, com cara feia de dor, etc.

Empreender é fantástico, e se você tem vontade de empreender, parabéns. É o empreendedorismo que muda o mundo. É através da inovação constante que evoluímos e abrimos portas para inovações recombinantes. Mas lembre-se de ter a motivação certa por trás desse desejo de empreender. E você precisa dedicar tempo para encontrá-la!

Gosto muito da definição que o Matt Montenegro usa: Tome muito cuidado para não cair no feitiço do canto das startups. Dedique tempo para definir sua visão e comece a trabalhar! E lembre-se: Mais importante do que ter uma grande ideia é ter uma grande equipe, portanto, faça bastante networking! Mas enfim, isso é assunto para um próximo texto…

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