Blitzkrieg: a guerra que precisamos

Fabio Ismerim
Tudo sobre Nada
Published in
3 min readOct 21, 2015

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A comunicação sem impedimentos é vital, qualquer que seja a posição da pessoa. — Ed Catmull

Dias atrás escutei um papo de alguém ao telefone:

O problema é que ele não gosta que se intrometa no trabalho dele né. Fica difícil falar algo.

Ao escutar isso, me lembrei rapidamente da época em que trabalhava criando sistemas para mercado financeiro. Nossa tarefa era criar soluções para um cliente que por si só é burocrático e extremamente avesso quando se trata de inovação: BANCO. Se bem que atualmente me parece que eles estão menos “quadrados” em relação a inovação tecnológica.

Reclamávamos dia e noite sobre as inúmeras tentativas de testar algumas coisas mais arrojadas, que saísse um pouco do normal, mas que eram recebidas com extremo ceticismo. No final era o feijão com arroz, embora as soluções que criássemos ainda assim eram consideradas inéditas no setor. Mas para nós, que estávamos ali envolvidos com a criação, não era nada grandioso. Muitas vezes, na verdade, eu sentia um leve desapontamento.

Mas depois de ouvir essa parte do diálogo, vi que na verdade tínhamos um problema muito maior dentro da nossa equipe, e que é comum em muitos lugares não só no meio profissional, mas no social também: a comunicação.

photo by al shep

Não conversávamos muito sobre os projetos que estavam sendo executados. A equipe recebia a demanda de uma pessoa só ( o gestor) sem muita clareza do que aquilo significava para a empresa e principalmente para a equipe. Tudo era feito às pressas sem pleno entendimento de quem estava envolvido e qual era a finalidade. Não raro, projetos eram abandonados no meio do caminho para entrada de um novo, e muitas ferramentas recém finalizadas eram simplesmente jogadas no lixo.

— Beleza, não vamos precisar mais dessa vaca voadora que fizemos em tempo recorde. Eles querem agora um tubérculo falante.

A equipe era boa tecnicamente. Éramos os panzers em Blitzkrieg, mas sem os rádios.

Blitzkrieg (a guerra relâmpago)

A Blitzkrieg, resumidamente, aconteceu na segunda guerra mundial, onde tanques alemães panzers atropelaram o exército francês. Mesmo em menor número e menos blindagem, eles ganharam a batalha graças ao rádio. Com comunicação real dentro do campo de batalha com quem estava fora, inclusive força aérea, o exército alemão ganhou velocidade na movimentação e agilidade nas tomadas de decisões.

panzer by Lego Uli

Façamos o tal ambiente favorável

Steve Jobs era um defensor assíduo da horizontalidade nas empresas. Para ele os escritórios não deveriam ter divisórias, áreas e departamentos distantes um dos outros. Ao se tornar sócio da PIXAR, ele foi responsável pela desenho arquitetônico do que seria o novo prédio da empresa. Demorou muito para sua conclusão, deixando todos em dúvida sobre o seu término, mas ao ficar pronto chamaram o prédio de “o filme de Steve”. Tudo no lugar foi pensado na interação e comunicação entre as pessoas, acentuando a capacidade para colaboração entre os funcionários

No excelente e recomendadíssimo livro, Criatividade S.A, Ed Catmull, o autor do livro, co-fundador e presidente da PIXAR, relata que Steve queria criar banheiro unissex. A ideia era que as pessoas se esbarrassem e se encontrasem onde quer que fosse. Foi a única coisa que Ed conseguiu barrar no projeto.

Muitas empresas do Vale do Silício adotam esse perfil, e muitas de tecnologia e startups aqui no Brasil também preferem essa concepção. Mas ao meu ver esse conceito deveria ser explorado e aplicado em empresas tradicionais, que não possuem a criatividade como uma fonte de recurso principal.

Um ambiente que incentive a boa comunicação e a criatividade poderá se movimentar e mudar de direção com mais rapidez no campo de batalha.

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