Negando certezas em prosa barata

Bernardo Monteiro
Tudo sobre Nada
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2 min readFeb 1, 2016
Folhas de um livro — fotografia por Bernardo Monteiro

Acusaram-me de relativismo

Em minha defesa, digo que posso ser ou não considerado relativista, dependendo do ponto de vista.

Todo fato observado é relativo e varia conforme o ponto de vista. Mas acredito na verdade absoluta do fato, comum a todos os pontos de vista.

Se acredito na verdade absoluta, deixo de ser relativista?

Perguntaram-me se eu acho que o Papa acredita em Deus

Acho natural que pessoas acreditem em Deus, quanto mais o Papa. Não acredito que Sua Santidade estaria apenas se divertindo, fingindo ter a fé que não tem.

Por outro lado, acho natural que pessoas não acreditem nos poderes que outros atribuem a elas. Portanto, acredito que o Papa, mesmo acreditando em Deus, talvez não acredite em Papa, especialmente na infalibilidade ex cathedra que o caracteriza. Nesse caso, o Papa se aproveitaria do mito para pregar os dogmas da Igreja.

Um ateu disse que Deus não é necessário para explicar o universo, portanto, não existe.

De um ponto de vista instrumentalista, faz sentido a afirmação de que Deus não existe porque não precisamos dele. No entanto, a nossa visão do universo é relativamente pobre sem a presença de Deus. Por que desprezar tantas culturas, religiões e mitos que pregam a existência de Deus, se eles embelezam a nossa existência, provocam atitudes voltadas para a satisfação do bem comum e refletem tão bem a natureza humana?

Acreditar em criacionismo hoje em dia é sinal de pouca inteligência?

Ariano Suassuna, advogado e escritor genial, membro da Academia Brasileira de Letras, era criacionista. Dizia que a diferença entre o macaco e o homem é tão grande que só uma pessoa com muita fé na ciência poderia acreditar na teoria da evolução. Segundo ele, não se deve nem citar a 9ª sinfonia de Beethoven nesse tipo de discussão para não humilhar os macacos.

Ariano compôs alguns dos diálogos mais brilhantes da literatura nacional. Ariano era inteligente e tinha muitos méritos. Respeitemos os criacionistas, mesmo discordando diametralmente.

Um ateu perguntou se eu acredito em coelhinho da Páscoa

Pensou o ateu que eu diria que não acredito. Com isso, ele explicaria que não acreditar em Deus é justificável pelos mesmos argumentos. Mas ser ateu me parece irracional.

No meu entender, ou alguém sabe que Deus existe, ou deve se declarar agnóstico. Seria necessário conhecer todos os cantos e dimensões do universo para dizer que Deus não está em lugar nenhum, e portanto, não existe.

Quanto ao coelhinho da Páscoa, sou agnóstico. As pessoas têm certezas demais…

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Bernardo Monteiro
Tudo sobre Nada

Advogado e biólogo por formação. Cozinheiro por paixão.